ABRINDO FECHANDO A PORTEIRA.
A REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Em fins do século XVIII o mundo havia
passado por forte transformação social, com o iluminismo, que somente na primeira metade do
século XIX chegaria à nossa incipiente América do Sul. A Revolução Francesa com
sua bandeira: Liberdade, Igualdade e Fraternidade inspirou o lema da Revolução
Farroupilha: Liberdade, Igualdade e Humanidade, fazendo com que os gaúchos
entendessem os novos princípios éticos e morais, iluminando o mundo de
esperanças. Assim, o Gal. Antônio de Souza Netto gritou pela nossa República
Riograndense, cinquenta anos antes de Mal. Deodoro da Fonseca.
Esta nova forma de governo, chamada de
República, já havia se instalado em diversos países, difundida pela Maçonaria
Universal, que ainda hoje propugna pelo combate à tirania e o fanatismo. Assim,
o líder farroupilha e maçom, Gal. Bento Gonçalves da Silva, envolveu muitos
outros irmãos da nossa Ordem, como o italiano Giuseppe Garibaldi, e trinta outros conterrâneos, todos maçons, que aqui vieram defender o ideal da liberdade.
A História Farroupilha e suas causa é do
conhecimento de todos, o que desejo fixar aqui é o amor de nossos ancestrais, alimentado em nosso sangue pela seiva da terra, onde nossos antepassados derramaram seu sangue. Com lanças em riste, e muitos corações vibrantes
de idealismo, seguiram seus líderes, que na frente de combate mostravam o
caminho da vitória. No nosso solo
ainda hoje frutifica a têmpera gaúcha, desfraldando a honra da palavra dada, a
hospitalidade do respeito a um lar, e a valentia de um povo, que aprendeu no
campo da batalha a desconhecer o perigo, pelo respeito herdado dos ancestrais.
Foi no campo de batalha que despertou o
atavismo gaúcho de amor ao solo pampa, no apego aos ideais, no desvelo à família e na devoção ao seu cavalo, o mais forte dos amores. Ele o companheiro
nas horas difíceis da vida e da morte, sempre com as rédeas na mão, e atento ao
perigo eminente. Na sua agilidade e
destreza era o salvador da própria vida, ao obedecer a caimba do freio, ao
firmar patas em solo escorregadio, ao retesar músculos no entrechoque das lanças.
E, se resistimos por dez anos de guerra cruel, foi pelo ímpeto e a força do cavalo
crioulo, assustando inimigos pela destreza e valentia do soldado farroupilha.
Que nossa têmpera gaúcha continue mostrando ao povo,
os ideais cívicos conquistados nos campos de batalhas: LIBERDADE, IGUALDADE e
HUMANIDADE.
Nas
lutas da humanidade...
Nos
planaltos e nas matas, o desenho das tuas patas
foi o selo da verdade,
sobre governos e ideias...
Os povos foram plateias
das tuas soberbas jornadas.
Sombra de sol e lua,
numa amplidão meridiana.
Disparaste na savana...
E em noite medonha e crua,
espicaçando em cruzadas,
caraguatás e alecrins,
teus cascos como estopins,
estremeceram chapadas,
nas distantes alvoradas,
retinidas de clarins!
(Balbino Marques da Rocha).