quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Boletim 121

ABRINDO A PORTEIRA.

A Consciência.

Perdão aos cientistas, médicos, neuropsicologistas, e outros, visto ser leigo no assunto, trazendo aqui apenas um pensamento humano. Os dicionários dizem que consciência é "o sentimento ou percepção do que se passa em nós", "a voz interior".  Ora, voz é verbo. Verbo é princípio. Princípio é Deus. Daí a lógica me diz que  consciência é Deus. Ele  habita em nós, e nos fez a sua semelhança. Assim peço aos entendidos me dizerem onde habita nossas consciências. Sei. A coisa é complicada, tanto, que na Wikipédia está escrito assim: "consciência é a estrutura mais complexa que se possa imaginar atualmente". Alguém pode me dizer o quanto é complexa a estrutura de Deus?


GALPÃO.

O Rotary.
Agora a desculpa é aos não rotarianos, pois o tema abordado é uma das razões da minha felicidade. Tenho vários, e cultivo-os como perfumadas flores no jardim da minha vida. 
"A Fundação Rotária não serve para construir monumentos de tijolo e pedra. Se esculpirmos o mármore, ele perecerá; se cinzelarmos o latão o tempo o desgastará; se erigirmos templos, eles cairão como pó; mas se incutirmos nas mentes imortais o espírito rotário, de acordo com o afirmado pelos Objetivos do Rotary, e com temor a Deus e amor ao próximo, estaremos entalhando as tábuas da lei com o brilho da eternidade".
Companheiro Arch C. Klumph - Rotary Club de Cleveland - EUA.
(É necessário esclarecer que esta Fundação Rotária praticamente já erradicou do mundo, a desgraça da poliomelite.)

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

Não é história, é realidade.
Recebi do atento Huldo Cony Filho o site abaixo, que peço abrirem quando tiverem tempo. Quem já assistiu não sabe nem o que pensar. Fiquei pensando no amanhã...


FECHANDO A PORTEIRA

Não quero fechar, para voltar logo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Boletim 120

ABRINDO A PORTEIRA.
A Paciência.
Certamente dirão que essa é a mais fácil de todas as virtudes. Ledo engano. Primeiro porque não existe virtude fácil, e depois, a Wikipédia diz que paciência é a capacidade de suportarmos incômodos e dificuldades de toda ordem, em qualquer hora, ou em qualquer lugar. Diz ainda a Wikipédia que devemos exercitar nossa paciência no trânsito, na fila do banco, na convivência familiar, no trabalho, nos estudos, etc. Viram então como não é nada fácil ser paciente? Mas realmente o mais difícil é ser paciente em um hospital.

GALPÃO.
A Felicidade.
O tema é inesgotável, visto ser a felicidade o único objetivo em nossas vidas. Gosto de meditar nele, quando estou solitário aqui no  Galpão do Galo Velho. Certo, não existe uma fórmula para alcançá-la, sabemos disso, mas nos preocupamos com o inútil e grande esforço dos filósofos para encontrá-la. O que posso afirmar é que aqueles que construírem templos às virtudes, e masmorras aos vícios, serão felizes para sempre. Ainda vou descobrir quando é sempre.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A ASTÚCIA É IRMÃ DA SABEDORIA...
(Esta recebi do Irmão e Companheiro Klering, de São Lourenço do Sul).
Há algumas décadas, após muito sonhar e batalhar por isso, e graças a uma nova lei criada na ex-União Soviética, tio Boris, judeu russo, conseguiu permissão para emigrar para Israel, como estavam fazendo outros camaradas russos. Ele se queixara muito da demora. Por fim, concordaram com sua saída.

No dia da partida, na alfândega, um oficial russo revistava as bagagens de tio Boris e, de repente, ao abrir uma delas, pergunta:
- Que é isso?
- Perdão - disse Boris - o senhor deve perguntar 'Quem é este?'. Este é um busto do camarada Stalin, nosso querido timoneiro e grande dirigente do partido. Eu o levo, para nunca esquecê-lo.
- É verdade - disse o oficial - ele pensava diferente dos judeus, porém lhe felicito. Passe.
Tio Boris chega a Tel Aviv e, quando revistado, o oficial israelense abre sua bagagem e pergunta:
- Que é isso?
- Perdão - disse Boris - o senhor deve perguntar 'Quem é este?'. Este é o maldito ditador anti-semita Stalin, por quem sofremos tantas desgraças e misérias. Trago este busto para não esquecer e ensinar aos jovens quem nos fez tanto sofrer.
- Bem senhor, acalme-se - disse-lhe o oficial - você já está em Israel. Pode passar. Sua família o espera.
Tio Boris foi recebido com grande alegria por seus irmãos e toda a família. Fomos todos ao kibutz, onde havíamos preparado uma grande festa. Ao lá chegar, outro sobrinho o acompanha ao quarto e ajuda-o com suas coisas.
Quando tio Boris abre a valise e coloca o busto sobre sua cama, o sobrinho, espantado, pergunta:
-Tio Boris, quem é este?
-Perdão - disse Boris - você deve perguntar 'Que é isso?'. Isso, querido sobrinho, são doze quilos de ouro puro.
Shalom !!!


FECHANDO A PORTEIRA.
Depois dessa aí de cima não dá pra fechar mais nada...

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Boletim 119

ABRINDO A PORTEIRA.
As emoções.
Esta vai ser braba, pois tudo que tenho lido é contradição. Aliás, os filósofos se fazem entender por algumas pessoas, mas nunca se entendem entre si. O mesmo parece estar acontecendo com os cientistas. Os dicionários definem emoção como "abalo moral; perturbação; perturbação do espírito, etc.". A palavra provém do latim - emotione = ato de mover, e foi quando encontrei uma frase, "um pensamento gera uma emoção". O pensamento está ao lado da palavra, no córtex pré-frontal? Ou está num outro local ainda não definido pelo homem? Na nossa Bíblia Sagrada está escrito  "no princípio era o verbo, e o verbo era Deus". Pois tenho vontade de afirmar que nossas emoções estão fora de nós. 

GALPÃO.
Felicidade.
Felicidade se compõe de um trinômio: DEUS - SAÚDE - FAMÍLIA, mesmo sabendo que é necessário um bom estado de espírito para ela. Lembro de meus velhos dizerem "felizes são aqueles que assim se sentem", e isto independe de dinheiro, posição social, beleza, e tudo mais que seja material. Felicidade está sobre nós, e poucas mãos conseguem alcançá-la. Voltaremos ao tema aqui neste galpão, pois é na sua simplicidade que mora a felicidade. Uma velha música diz: "para que tanta ambição, tanta vaidade, procurar uma estrela perdida, se o que nos traz felicidade, são as coisas mais simples da vida".

HISTÓRAS QUE ME CONTARAM.
Habilidades Campeiras nas Guerras do Sul.
Estas histórias quem conta é o Dr. João Máximo Lopes, um bajeense com alma camaquense. Aqui ele constituiu família, filhos e netos, e um belo patrimônio social. Fundador e mentor do Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã (nucleodepesquisashistoricas@yahoo.com.br) acaba de publicar o livro com o título acima, onde relata as histórias de nossas guerras gaúchas. Não sei o valor, mas é um pequeno livro em brochura com 120 páginas. Aconselho a leitura.

FECHANDO A PORTEIRA.
Mala de Garupa.
Está sendo lançado o livro Mala de Garupa, de autoria do poeta Júlio Macedo Machado, que se encontra também no NPHC. Nunca fui bom vendedor, portanto, não entendo porque estou fazendo estas propagandas. Recebam apenas como um conselho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Boletim 118

ABRINDO A PORTEIRA.
O Desapego.
Por mais que os dicionários definam desapego como "desamor", não vou concordar, pois, "a maior fonte de sofrimento para o ser humano é o apego" (Elisabeth Cavalcante). Eu concordo. Só devemos colocar desapego aos bens materiais, e nunca às pessoas humanas, ou à natureza. Uma das melhores crônicas da Martha Medeiros tem este título, quando ela retrata sua saída do Chile, vendendo na calçada todos seus móveis. Creio que apego devemos ter com aquilo que levaremos ao Criador.

GALPÃO.
Loja Maçônica Vanguarda.
Não gosto de me referir a minha Ordem Maior aqui nesse blog, mas ficou impossível deixar de relatar nossa despedida de 2012, lá no Galpão do Galo Velho, dia 12 do corrente mês. Éramos dezesseis Irmãos, incorporados a egrégora campeira, ao redor do fogo eterno, fonte de luz e energia. Registramos o almoço abaixo.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A tecnologia.
Deus nos livre esta história pertencer ao passado. Ela é tão presente que não iremos mais "caminhar" sem a tecnologia. Pois, só quem como eu assistiu, o Ney Artur Azambuja, preparar seu helicóptero, para fazer aquela magnífica demonstração de aeromodelismo, entenderá que nada mais se faz de um dia para o outro. Tudo é estudado, detalhado e planificado. Ele aí abaixo faz maravilhas com sua máquina voadora.


FECHANDO A PORTEIRA.
Aberta, ainda mais com todo mundo em férias...


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Boletim 117

ABRINDO A PORTEIRA.
O ano de 2013.
Entrou cheio de esperanças, assim como os que lhe antecederam, e os que virão. Sempre estaremos contemplando novo caminho, buscando bons frutos para serem colhidos, mas certamente algumas tristezas nos apanharão. Algum amigo partirá para a Invernada do Esquecimento, portanto, que o Ano Novo seja igual ao que passou, nos conduzindo vivos. Preservemos nossas SAÚDES e nossas FAMÍLIAS, na presença constante de DEUS. Que assim seja.

 
GALPÃO.
A missa.
Ao apagar das luzes de 2012 o Galão do Galo Velho, na sua simplicidade, recebeu o Padre Geraldo, da Igreja de Arambaré e Santa Rita do Sul, que ali  realizou uma missa nas intenções de 49 almas, que trabalharam ou habitaram a Fazenda Sant`Anna. A relação de seus nomes está no Livro de Atas nº 6, e também ali consta a assinatura de mais de vinte pessoas que assistiram referida missa. Foi um momento de emoção, de graça divina, de profunda oração, quando nossos sentimentos despertaram para a vida, que só terá significação ao entendermos a Palavra de Cristo.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Santa Rita do Sul, ou Guaraxaim.
A história de Santa Rita do Sul ainda será escrita, para o que contaremos com o auxílio de muitas pessoas. Não caberá aqui descrevê-la, mas cabe dizer de sua fundação. Foi no dia 4 de março de 1935, quando Adriano Jacob Scherer ali chegou, contemplando uma erma coxilha, junto da Lagoa do Guaraxaim, local que se destinava apenas a um dos rodeios da Fazenda da Quinta, chamado "rodeio do guaraxaim", então de propriedade da firma Luiz&Azambuja. Adriano construiu naquele local deserto, tudo que se possa imaginar: engenho de arroz, armazém, residências, canais, drenos, estradas, instalações de bombas, uma vila de empregados. Passado quase oitenta anos, tudo lá está e funcionando.  

FECHANDO A PORTEIRA.
A energia.
Outro dia abraçando uma amiga, ela me perguntou: "É o segundo abraço que recebo com esta boa energia. Isto é coisa dos maçons?" Respondi que não, confessando que em nossas reuniões recebemos energias positivas, principalmente porque ali começamos com a invocação de Deus, ao abrir o Livro da Lei, que no Brasil é a Bíblia Católica. Não é propriedade exclusiva dos maçons as energias positivas, pois elas pertencem a todo o ser humano, que aprendeu através das VIRTUDES, a excluir de seu interior as imperfeições da alma, principalmente o ódio. Mas cuidem, não só o ódio de outro ser humano, mas principalmente o ódio de si próprio, que é a maior das ofensas a Deus, que nos criou à sua semelhança.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Boletim 116

ABRINDO A PORTEIRA.
O Perdão.
Perdoar para mim é a maior força da moral. Poderão dizer que seja o amor, mas não existirá amor sem o perdão. Certamente aquele que praticar essa virtude, será para sempre um indivíduo feliz, mesmo que um dia seja pregado em um cruz. Perdoar quem me ofendeu, quem me traiu, quem me desprezou, poderá ser fácil. Difícil é perdoar a mim mesmo. Perdoar a consciência de meus próprios erros. Poderemos falar e agir com correção, mas pensar corretamente  é quase impossível. O grave é que todos sabem, que é o pensamento que nos liga ao Divino.

GALPÃO.
Gilberto dos Santos.
Vou me reportar aqui, no Galpão do Galo Velho, porque foi onde ele muito participou, e onde guardo suas assinaturas nos nossos livros de atas. Gilberto no próximo dia 24 estaria completando 78 anos de idade, e deixamos aqui a esperança de seu renascimento junto a Jesus Cristo, na data máxima da cristandade. Abaixo ele está ao lado de sua esposa Marly Carrard dos Santos, sorrindo com toda a força com que soube viver.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O Papai Noel.
Conto porque vivi a história.
O Papai Noel sabia de tudo. Ainda bem que nunca me colocou em seu colo, como faz hoje com as criancinhas. Era um medo terrível daquele velho rabugento, que só sabia me ralhar, pelas artes que tão bem eu havia escondido. No outro dia, até mesmo no escuro, ficava me perguntando se ele estava me olhando. O medo era tanto, que não podia entender como me dava tão lindos presentes. Resta arrematar a história, reconhecendo que o mundo de hoje é maravilhoso. Vocês não devem se queixar dele. Nunca.

FECHANDO A PORTEIRA.
Feliz Natal.
Iria colocar uma foto bonita, com lindas frases, montadas por velhos poetas, mas é inútil. Mando simplesmente meu amor por todos vocês que me leem, e a certeza que o Bom Velhinho amanhã não acabará o mundo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Boletim 115

ABRINDO A PORTEIRA.
Sexo.
Já sei. Sei até quem vai ser o primeiro: "Lá vem o velho falar daquilo que não conhece". Confesso que pouco sei de sexo, pois sou do tempo do "papai e mamãe", quando a gente se respeitava, até mesmo no carinho sexual. Hoje está tudo mudado, e eu não entendo mais nada, informado apenas que os moderninhos andam se dando mal... O que eu sei sobre sexo? Que ele é uma necessidade fisiológica, e como todas, ele deve ocupar o mesmo tempo das demais. Quem passar o dia inteiro pensando nele está se viciando. Gervásio de Figueiredo ensinou-me que são três os vícios, que destroem a alma humana: Orgulho, ócio e volúpia. Cuidado. 

GALPÃO.
O calor.
Imaginem um fogo aceso, e a gente curtindo o galpão com todo este calorão. Até os cuscos não querem saber de namorar o fogo. Chimarrão então só longe dele, com a água que mal e mal se aquenta. Pois quero é falar em "mate doce". Quando criança o conheci, e hoje não se fala mais nisto, pois as mulheres se equipararam com os homens, mateando junto deles. João Máximo Lopes, o incansável pesquisador e escritor do nosso Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, na última reunião ofertou às mulheres presentes, um mate doce que eu desconhecia. Mate doce com leite. Minha nossa! Provei "sestroso", e terminei gostando. Contou que lá em Bagé as mulheres o mateavam, na substituição do café da tarde.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O barqueiro, o advogado e a professora.
Esta história recebi pela internet.
Um barqueiro transportava um advogado e uma professora num rio caudaloso. O advogado pergunta se ele conhecia alguma lei, ao que o barqueiro respondeu que não, tendo o advogado retrucado: "O senhor perdeu metade de sua vida". A professora pergunta se ele sabia ler e escrever, e ao receber resposta negativa, também lhe retruca: "Pois o senhor perdeu metade de sua vida". Justo neste momento o barco vira no meio do rio, e o barqueiro pergunta se eles sabiam nadar. Obtendo como resposta um desesperado não, ele arremata: "Pois vocês perderam a vida inteira". Uma lição de que todas as profissões são importantes, no contexto comunitário.

FECHANDO A PORTEIRA.
Na espera da chuva que não chega na nossa região.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Boletim 114

ABRINDO A PORTEIRA.
Tudo pode acontecer.
Vamos partir desta premissa, pois a conclusão que se chega é que tudo pode acontecer. Verdade, visto que até mesmo "o fim do Mundo" estão prevendo para o dia 21, o que certamente se trata de ignorância popular. Não duvidemos que isto possa acontecer, mas certamente não tem data marcada pelos homens. Tudo pode acontecer! Partindo daí, nada pode nos surpreender, e sendo assim temos de nos conformar com tudo que possa acontecer. Difícil. Muito difícil...

GALPÃO.
O espaço.
Apreciei meu vizinho construir sua casa. A primeira providência foi elevar um muro de três metros de altura, antes mesmo da casa propriamente dita. Começava a se fechar. Todos estão se fechando. As famílias estão se fechando. O medo está nos cercando. Os shoppings se enchendo. Ali não existe o medo. No nosso Galpão do Galo Velho também não existe medo. Nem porta deveria ter, mas o João Máximo e a minha Jane, fizeram com que a colocasse. Entretanto, sua porta está sempre aberta. entraram, roubaram, recoloquei tudo no lugar, e perdoei os ladrões. Coitados. Meu espaço é imenso, e ninguém irá roubá-lo. Dentro dele alimento a fé em Deus, o respeito ao meu semelhante, e a confiança no amanhã.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A bondade do Galo Velho.
Outro dia relendo escritos anteriores, encontrei a bondade do Cristino Gonçalves, nosso Galo Velho. Quem é bom? Bom vinte e quatro horas do dia, trezentos e sessenta e cinco dias do ano. A vida inteira. Só mesmo os santos, que habitam o lado direito de Deus. Acho que meu Galo Velho foi um santo, pois nunca o vi brabo ou revoltado com qualquer coisa, e olha que tinha o lombo arqueado pelo peso do serviço. 

FECHANDO A PORTEIRA.
Descobri que o bom é mantê-la aberta, para voltar logo... 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Boletim 113

ABRINDO A PORTEIRA.
Problemas x Preocupações.
Parece certo que os problemas nos acompanharão por toda a vida, o que é natural. Preocupações, entretanto, devem ser descartadas, pois elas são as causadoras de grandes estragos. Claro todos sabem, que existem os macros e os micros problemas. Vou me referir apenas aos micros, pois os macros são difíceis de administrar. Um cachorro que incomoda, e nos causa pequena preocupação - é fácil descartá-lo. E outras do mesmo quilate. Por favor, paremos de nos queixar, já que uma queixa atrai outra, e não nos esqueçamos, que uma resignação também atrai outra...

GALPÃO.
Você se machuca?
Sei que esta não é uma conversa de galpão, mas é aqui que medito, buscando me encontrar com a Verdade. Ainda pouco uma amiga querida do peito se recriminava, por haver errado. Tenho certeza que nestas horas a gente não deve se machucar, e sim agradecer por haver reconhecido o erro. Logo adiante não incorreremos em erro semelhante. Vamos proteger nossas consciências, elas são as nossas almas, com quem dialogamos com Deus.
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O Papai e a Mamãe Noel.
"Papai Noel foi meu primeiro medo. O segundo imenso foi o de cair pelo assento da casinha, e me atolar naquela massa escura lá do fundo" (Apparício da Silva Rillo). Pois este verso do grande Apparício me fez meditar no medo que eu tinha do Papai Noel. Semana passada, num daqueles grandes shoppings de Porto Alegre, encontrei um Papai Noel acompanhado da Mamãe Noel. Até uma linda esposa encontraram para o bom velhinho. A criançada se refestelava à sua volta, numa imensa alegria, recebendo balinhas do alegre casal. No meu tempo, o bom velhinho era sisudo, não dava balinhas, e só recriminava a gente pelas artes que fizera. Resta a afirmativa de que a humanidade está evoluindo, mesmo que a criançada não aprenda o que seja obediência...

FECHANDO A PORTEIRA.
Logo ela será aberta novamente, na aproximação de mais um belo Natal.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Boletim 112

ABRINDO A PORTEIRA.
Gilberto dos Santos.
Filho do Seu Oswaldo e da Dona Nair, casado com a Marli, pai do Ricardo, da Ana e da Bela, avô da Isadora, nascido em Porto Alegre, no dia 24 de dezembro de 1934, comerciante, agricultor, corretor, industrialista, inventor, pescador, caçador, matemático e amigo, morreu no dia 25 de outubro, no Hospital Moinhos de Vento, cercado do carinho da família, dos amigos, e com a consciência em paz.
Leal, sincero, alegre, sem nunca falar mal das pessoas, principalmente de seus amigos. Sempre esqueceu as injustiças recebidas, sem crer que alguém pudesse lhe fazer mal, já que nunca fizera mal a qualquer pessoa.
Não façam como eu, digam em vida, o que pensam de seus amigos.
Vamos guardar sua lembrança, pescando e comendo, seus grandes prazeres. Ele pacholento, sorri, ao centro.


GALPÃO.
O cusco e o fogo.



Não pode haver um galpão sem um cachorro, e um amigo certa vez disse, que de tanto amar galpão, em outra encarnação ele foi cachorro. Esta cadela aí de cima ama tanto o fogo, que chega a namorá-lo, ou porque sente o cheiro da morcilha, ou morcela como queiram, assando naquela grelha. A verdade é que eu rezava ao pé do fogo à memória do meu amigo Gilberto, que partira para o além.
 
HISTÓRIA QUE ME CONTARAM.
Ainda o Gilberto.
Certa feita ele foi para o Rio de Janeiro, e de lá me telefonou, perguntando onde havia descoberto a mais linda das lavouras para arroz irrigado. Respondi: na Guanabara certamente, ao que me retrucou: quase acertaste, foi em Búzios. Estava se referindo ao município de Cabo Frio, onde fica localizada a famosa praia de Búzios. Meu pai me ensinou que zebú e louco, a gente nunca ataca pela frente (e ele era um zebú louco, em se tratando de negócios). Fui lá para "paleteá-lo" mudando o rumo do negócio, e terminei me apaixonando também. Não deu certo, mas foi uma luta bonita, e isto é o que vale na vida.
 
FECHANDO A PORTEIRA.
O maverik do Gilberto.
Era vermelho, flamante, e certo dia ele o deu de presente para o nosso capataz de campo, João da Silva Vigano, encantado com sua dedicação ao trabalho. Daquele dia em diante ele passou a ser chamado de Dinho, pelo João. A verdade é que o consumo de gasolina do João foi tanto, que tive de aumentar seu salário várias vezes.

domingo, 21 de outubro de 2012

Boletim 111

ABRINDO A PORTEIRA.
O Dinheiro.
Costumamos dar pouca importância àquilo que está presente. Só nos interrogamos com o que ocorre esporadicamente. Até mesmo aos nossos cônjuges damos pouca importância, e esse louco do dinheiro faz parte do nosso minuto à minuto. O mundo é consumista. Convido aqueles que viveram em um "outro mundo", como eu, para recordarem que nele não existia nem o dinheiro, nem os bancos, e não faziam falta alguma, já que não se tinha onde gastar. O valor das pessoas também era feito com outras medidas, muito diferente destas medidas materiais de hoje. Seriam as pessoas de lá, mais felizes que hoje? A mim parece, que o fator de desequilíbrio, é que naquele mundo não se conhecia o tal de estresse de agora, entretanto, se esse mundo cansa, ele é muito reluzente.

GALPÃO.
O centro dos acontecimentos.
Ele era o centro dos acontecimentos. Ao redor do fogo de chão se traçava os planos de guerra, os movimentos políticos, os segredos de estado, bem distante da tagalerice das mulheres. As coitadas na época, por serem desprezadas, sem terem o que fazer, tagaleravam. Hoje felizmente o quadro mudou, e elas se igualam, ou até mesmo ultrapassam os homens. Mas a grandeza daqueles galpões é retratada nos versos de  Balbino Marques da Rocha "Meu santuário de fumaça, onde as vezes desencilho. Faço um altar de lombilhos, do fogo à reminiscência, e cultuo a dor da ausência no oratório do passado. Galpão onde eu fui fedelho tirando raspa de tacho, corpiando tala de relho. Templo de fogo vermelho, onde os avós se reuniram, e donde a cavalo partiram, numa cruzada de macho. Aqui me curvo, me agacho, me inclino e, às vezes, me ajoelho. Desato o breve, a oração, revendo de um lado e de outro, quando o Rio Grande era potro, e os que domaram meu chão."

Um galpão de hoje é isto aí embaixo, um fogo luzidio, uma cadela aleitando, uma calma infinita, e a simplicidade das coisas.


Como disse o poeta: "No fundo é simples ser feliz! O difícil é ser simples!" (Leoni).

FECHO A PORTEIRA, sem histórias e sem tramelas...




quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Boletim 110

ABRINDO A PORTEIRA.
O sim e o não.
Certamente são duas palavras antagônicas. Quem aprender a dizer não, irá construir alguma coisa de material, e quem aprender a dizer sim, construirá algo espiritual. Quem ficar distante dos dois, construirá algo mental. Creio serem os três estágios da alma, que navega nas trevas, buscando pela luz. Parece também que pouco importa o tamanho das nossas conquistas, importa é a qualidade do esforço empregado. Sim ou não?


GALPÃO.
A bondade do Galo Velho.
O Galo Velho, que nasceu Cristino Gonçalves, foi uma criatura boníssima. Convivi bastante com ele, justamente quando era velho, e por tal chamava a atenção das pessoas. Sinto que quanto mais envelheço, mais as pessoas prestam atenção em mim, o que é natural, pois os jovens se interrogam de como ficarão, quando chegarem na minha idade. Então, posso afirmar que o Galo Velho era uma boa pessoa, mas muito disto se deve ao fato dele não ter conhecido a maldade. Justamente é o que mais me assusta nos dias de hoje, pois convivemos com ela o dia todo. Só restará às gerações futuras se acovardarem, dando espaço aos maus, ou afrontá-los, tornando-se também violentos. Que Deus nos ajude.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Minha mana Maria de Lourdes.
Do boletim nº 23, de outubro de 2008
Dia 27 de setembro passado minha única irmã, Maria de Lourdes Azambuja (1930), partiu para a Invernada do Esquecimento. No galpão junto da foto de nossos pais ofertei o perfume de uma margarida do campo, acendi incenso, rezei uma prece de Paz pelo seu descanso e reencontro com quem tanto a amou. Deixou o único filho, Mauro Azambuja Bohrer (1961), e duas netas Gabriela e Bruna, de quem não guardou lembranças nos seus últimos dias de vida, pelo forte AVC, fruto dos seus malditos cigarros. Pedimos ao Grande Criador que lhe estenda o pelego da Paz, na sua vida ultra terrena. Sua existência foi cheia de sacrifícios, e só conheceu a felicidade plena, enquanto nossa Mamãe existiu, falecendo em 1948, e deixando-a com 18 anos de idade.

FECHANDO A PORTEIRA.
Os prazeres da vida.
Alguns contestaram, mas pessoalmente. Eu que gostaria tanto que o fizessem aqui, para a participação dos outros. Referiram-se aos prazeres passageiros, aqueles do "instante". Julgo desnecessário dizer, que os verdadeiros prazeres da vida, são aqueles para a vida toda. Aqueles construídos em cima de um projeto de vida, com o auxílio do cônjuge, e quem sabe dos próprios filhos. Uma família bem constituída, uma boa saúde, uma sociedade repleta de amizade, uma busca pelas virtudes e uma repulsa pelos vícios. Entretanto, antes de tudo uma crença no Criador de Todos os Mundos.

domingo, 30 de setembro de 2012

Boletim 109

ABRINDO A PORTEIRA.
Os prazeres da vida.
Não sei até onde minha "assertiva" será verdadeira. Alguém poderá ajudar, pois só conheço dois prazeres na vida - obedecer e desobedecer. Consideremos que estamos regidos por duas leis: as leis dos homens e as Leis de Deus. Lógico que nestas últimas estão inseridas as leis da natureza. Daí o ser humano passou a ter prazer, obedecendo, em conviver com a Paz dentro de sí, ou desobedecendo, em conviver com a guerra consigo mesmo. Fico meditando nos líderes da humanidade, os que existiram e os que ainda existem. Os que estão em Paz, e os que estão em guerra. Os que obedecem, e os que desobedecem. Parece fácil, mas é complicado conviver com o ser humano.

GALPÃO.
A fumaça.
Lá no Galpão do Galo Velho convivemos com a fumaça, por mais que a chaminé faça força. Ela tem um significado. Lembram da Fumaça da Paz? Aquela que os índios, lá do tempo do farwest americano, a expeliam em camadas, indicando a Paz? Parece mesmo que ela tem um simbolismo, ou seja, ela é a representação do fim das coisas. Quando ela aparece é porque já aconteceu. Então lá no galpão temos a representação das coisas que já aconteceram, e permanecemos só com a simplicidade de tudo.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A saudade.
Esta história tem a idade do Brasil, pois os portugueses a inventaram, (do latim solitatis = solidão) quando do descobrimento da nossa terra. Tamanha solidão, (imaginem naquele tempo), que passaram a sentir "falta" da terra mãe. Ela não existe em outra língua.  Pois vou contrariar até mesmo os poetas, já não tenho saudade, nem da "aurora da minha vida", nem mesmo do dia de ontem. O que passou, passou. Guardo respeito e carinho pelo bom que passou, e esquecimento daquilo que passou de ruim. Busco pela energia do dia de hoje, confiando sem medo no dia de amanhã.

FECHANDO A PORTEIRA.
Ela teima em permanecer aberta...

sábado, 15 de setembro de 2012

Boletim 108

ABRINDO A PORTEIRA.
A vida é bela.
Quem viu o filme sabe o quanto a vida é bela. Tão bela, que só os loucos querem ir embora, antes do tempo. Aquele filme se sustenta numa linda e difícil virtude - resignação - que o dicionário define como "coragem para enfrentar a desgraça". Até o distante budismo (para mim), define a vida como sofrimento, e certamente que ele não menciona o maior de todos os sofrimentos - a vida de Jesus Cristo na Terra. O quanto já recebemos de Deus? Será que Ele não tem direito de nos tomar alguma coisa? Quando se chega a idade avançada passamos a perceber, que estamos perdendo muito, daquilo que recebemos lá atrás. Mas, a vida continuará bela.


GALPÃO.
Chão batido.
"Sala grande chão batido, onde passei minha infância. Querido galpão de estância, que foste um dia meu lar. Hoje aqui venho rezar..." (Jayme Caetano Braun). Aquele chão de estância, que hoje não é mais batido, era confeccionado com os cupins dos campos, que não se vê mais, pois os campos foram todos lavrados, para matar a fome de uma população, que se multiplica quase geometricamente. Pois se a humanidade aprendeu a matar a fome do corpo, esqueceu de como se mata a fome da alma.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O malho.
Outro dia ofertei um malho (martelo) ao Sérgio Scherer. Já escrevi lá atrás, que os Scherer são uma legenda em Camaquã, e o que busco é dar continuidade a história. Pois foi numa loja de São João, repleta de mercadorias "do bom viver", onde fiz a dita entrega. Um momento lindo, quando falei, que por ele sentar na coluna da força, cujo símbolo é um malho, eu lhe ofertava um, feito pelas mãos de seu tataravô, Senhor Emílio Scherer, mais conhecido como Tio Emílio. Assim tudo ficará justo e perfeito.

FECHANDO A PORTEIRA.
Pois ela continua aberta...


sábado, 1 de setembro de 2012

Boletim 107

ABRINDO A PORTEIRA.
A Liga da Defesa Nacional.
Núcleo de Camaquã.
É hora de reverenciarmos a grandeza e a liberdade da Pátria Brasileira. Semana da Pátria é para trazermos o Brasil junto do peito, orgulhosos do solo puro que nos viu nascer, e que um dia nos acolherá para o descanso final. Participemos, levando as bandeiras de nossas instituições, irmanadas com a Bandeira Brasileira, a Bandeira do Rio Grande do Sul, e a Bandeira do Município. Busquemos pela Bandeira Brasileira nas instituições federais e estaduais, onde certamente não a encontraremos, mas contemplemos a sua majestade nas instituições municipais, da nossa querida Camaquã.

O Presidente da Câmara Municipal, o Prefeito Municipal, o Presidente da Liga da Defesa Nacional e a Secretária da Educação, no desfile da Pátria em Camaquã.

GALPÃO.
O tamanho de nossos mundos.
A comparação do tamanho de nossos mundos é que faz a diferença entre as pessoas. Mundo que é interno, e dádiva sagrada de Deus, que não sabemos administrar. Muitos querem mais do que já tem, sem medirem o tamanho do seu querer. Mediram a grandeza de suas famílias? Administraram suas saúdes? Cuidaram da oferta social, àqueles menos privilegiados? E as preces agradecendo o muito que recebemos de Deus? Outras perguntas continuariam nos embaraçando, mas devemos continuar batendo no peito, buscando o "mea culpa", sem encontrar o verdadeiro sentido da vida. 

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A história da cachaça.
(O Companheiro Fábio Tavares, do NPHC nos contou esta linda história, fruto de sua pesquisa – Museu do homem do nordeste.)

“No Brasil de antigamente, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana de açúcar em um tacho, e o levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer, até que uma consistência cremosa surgisse. Um dia, porém, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam, e o melado desandou. O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe da vista do feitor.
No dia seguinte encontraram o melado azedo e fermentado. Não pensaram duas vezes, e misturaram o tal melado azedo com o novo, e levaram os dois ao fogo. Resultado, o ‘azedo’ do melado antigo era álcool, que aos poucos foi evaporando, e formou no teto do engenho umas gotículas, que pingavam constantemente. Era a cachaça já formada, que pingava. Daí o nome ‘PINGA’. Foi quando entrou no engenho um escravo com as costas cortadas dos lanhos da chibata do feitor, que recebendo alguns pingos da canha, disse que ardia muito. Então lhe deram o nome de ‘AGUA ARDENTE’.
Algum tempo depois entrou outro rapaz, que passou a aparar com a boca algumas gotas da “pinga”, dizendo que era gostoso. Notaram que o rapaz continuou bebendo da pinga por algum tempo, passando a dançar e a se alegrar. Os escravos sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo da ‘pinga’ tomando daquela ‘água ardente’.”
Só um dos muitos versos do Jayme Caetano Braun, de Canha.
"Mas porém já não me iludo, com teu líquido sereno, porque na essência és veneno, maldito licor gaudério, destruidor sem critério, que na armada do gargalo, vai enchendo pealo a pealo, os bretes do cemitério".


FECHANDO A PORTEIRA.
Ando muito esquecido, e vai ficando aberta...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Boletim 106

ABRINDO A PORTEIRA.
O perdão.
Outro dia tentando perdoar alguém encontrei dificuldade. Quanto tempo levei? Não consigo precisar, mas custei, e isto me fez mal. A vida é uma longa e bela trilha, onde alguns atiram pedras dificultando nossos passos. Só nos cabe afastar as pedras, limpando o caminho para os que virão atrás. Odiar é estragar a nossa trilha. Claro que nenhum vivente conseguirá proceder como aquele Cidadão, que levando um tapa na cara, ofertou o outro lado! Isto é perdão imediato, que a minha mente vil não consegue entender.

O GALPÃO.
Ainda os Scherer.
Um deles, graças a Deus ainda vivo, é o Negro Velho, que nasceu Wilson Scherer Dias. Todos os Scherer que conheci e conheço, nasceram com ternura nos corações. A melhor coisa que existe é alemão com ternura na alma, como também a pior coisa é alemão ruim! Convivi com o Dadá (Dilson) e com o Hilson, ambos irmãos do Negro Velho, que peço bênçãos às nossas velhas amizades. Não sou de lamentar coisas boas que passaram, pois a vida me ensinou que elas são o alimento para minha alma.  

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Ainda o Sady Scherer.
Ele foi como um irmão de meu Papai e do meu tio Lauro Azambuja, e construtor de suas fazendas, como já contei em outro boletim. Também foi meu vizinho de lavoura de arroz, quando a firma Luiz & Azambuja possuía cerca de 30 parceiros. Sady tinha um trator marca Ursus, de fabricação russa. Uma verdadeira tralha. Um só cilindro, e para "pegar" era na manivela. Um sofrimento. Sady quando conseguia fazer a tralha funcionar, jogava o chapéu na frente do radiador. Se grudasse era porque estava certo, mas se caísse era porque havia "pegado" ao contrário. Tinha que desligar e começar tudo novamente. Vejam como as coisas hoje andam fáceis, e mesmo assim, a turma não para de se queixar.

FECHANDO A PORTEIRA.
Podem entrar, ela não está fechada...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Boletim 105

ABRINDO A PORTEIRA.
O Rancho de leivas.
A contemplação desta figura, para poucos viventes  como eu, dá saudade triste na lembrança das pobrezas que ali viveram. Entretanto, era um tempo em que o dinheiro não tinha o valor de hoje, e o homem conseguia desfrutar sua felicidade, com comida farta, e a família no seu convívio diário. Causa curiosidade como era feita esta rústica habitação, e por tal pesquisei, encontrando um belo trabalho da Dra. Raquel Morgado, da URCAMP de Bagé. Um longo e proveitoso artigo, que transcrevo apenas alguns parágrafos.

"A técnica de construção dos ranchos, trazida pelos primeiros imigrantes europeus da península ibérica (notadamente portugueses e espanhóis) misturou-se ao conhecimento dos povos indígenas (charruas, guenoas e minuanos) e adaptou-se ao clima e à cultura local. Sua expansão na região atravessou o Uruguai e veio para a fronteira com o Brasil.

Analise dos ranchos de torrão de leiva, situados na região da Lata e do Minuano, no município de Aceguá, fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Trata-se de moradias erguidas com blocos maciços de vegetação rasteira, onde o solo cumpre com a característica de resistência à compressão e as raízes e folhas fortalecem a resistência à tração. Meses depois da construção, o torrão deixa vazios com ar que contribuem para o isolamento térmico e acústico da construção. A cobertura tradicionalmente é feita de capim Santa Fé, vegetação de áreas úmidas típica da pampa.

Aceguá ou Yace Guab em guarani, provavelmente já foi utilizada pelos povos autóctones da região como cemitério. A palavra significa “local de descanso eterno” indica o lugar que os indígenas escolhiam para viver seus últimos dias. A topografia proporcionava uma visão panorâmica da região e a proximidade com o céu. A essa origem quase alegórica, reúne-se o resultado do comércio informal, assentado numa fronteira seca, entre a banda oriental (Uruguai) e a banda ocidental (Brasil). Deste lado, foi emancipada do município de Bagé em 1996.

A vegetação rasteira estabelece uma malha, tanto interna (raízes) como superficial, contribuindo para a compacividade desse bloco, denominado leiva. O rancho de torrão faz uso do solo superficial horizonte A, com matéria orgânica, diferentemente da maioria da outras técnicas de construção em terra onde o solo indicado é do horizonte B, com um solo mais mineral e sem matéria orgânica. O torrão conta com vegetação rasteira, e preferencialmente úmido, cortado com a pá de corte, ferramenta de metal com as dimensões de 20 cm por 30 cm. Assim é colocada uma linha ou tabua e as leivas são cortadas de forma linear com 40 cm de comprimento longitudinal da peça.

O rancho está distribuído em sala e dois dormitórios, separados por divisórias de madeira que estão localizadas embaixo das tesouras do telhado. O sanitário e a cozinha estão localizados próximos da casa. Não há revestimento no piso, os três cômodos da casa são de chão batido." 

GALPÃO.
Ainda o rancho.
Este rancho aí de cima se parece com aquele do Zé Grande, velho empregado da Fazenda da Quinta, que permaneceu na Sant´Anna, com seu desmembramento. Lembro dele como tapera, e meus pais me assustando que ali era local de cobras venenosas. Já contei que o Zé Grande, por ser bom de pontaria, era quem matava éguas ao comando de meu Papai, numa época em que os cavalares, que foram as grandes riquezas das fazendas, passaram a perder seu valor, devido o fim das revoluções gaúchas. A última batalha a cavalo aconteceu em 1923, depois veio a mecanização.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Ainda o Zé Grande.
Papai contava, que o Zé Grande era "meia-língua", pronunciando mal as palavras, mas se destacando por ser, além de bom e confiável empregado, o melhor assador dos churrasco na fazenda. Quando chegava na hora de servir, era seu jargão: Tá "plonto", mais "clú" come o "tigue" e "veve" "goldo".

FECHANDO A PORTEIRA.
Esqueci aberta...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Boletim 104

ABRINDO A PORTEIRA.
O Partido Libertador.
Meu Companheiro, Amigo e Correligionário Luiz Carlos Félix de Oliveira, libertador das essências, que como nossos ancestrais aprendeu a lutar pelos verdadeiros ideais políticos, e não pelos atuais interesses políticos particulares, mandou-me o texto abaixo, que publico com a sua devida permissão. Ele faz parte da história gloriosa da política do Rio Grande do Sul.


Este é o distintivo do Partido Libertador, com o Barrete Vermelho, simbolizando no gorro ajustado a cabeça, as idéias libertárias que levam na mente.
Foi fundado na cidade de Bagé, em 1928, por um grupo de dissidentes do Partido Republicano Riograndense. Sempre lutou pela democracia e defendeu o sistema Parlamentarista de Governo. No Rio Grande do Sul, combateu sem trégua o Governo Chimango de Julio de Castilhos, e depois Borges de Medeiros. Considerado por eles um Governicho, assim perpetuado no livro "Poemeto Campestre" do satírico Antônio Chimango (Ramiro Barcellos). Arregimentava voluntários, lutava contra o poder e muitas vezes foram massacrados. Mas gritavam, "idéias não são metais que se fundem" e voltavam aos campos de batalha. Assis Brasil foi Ministro da República, Embaixador, destacado político, e grande estancieiro, deixando ainda uma formidável obra literária. Foi introdutor de muitas inovações no campo e introdutor de raças nobres importadas da Inglaterra. Foi um visionário. Suas estâncias em Alegrete, Bagé e São Gabriel eram modelares. Os inimigos diziam que era o responsável, pelas pragas dos pardais, pombas urbanas e lebres, que trouxera da Europa. Criou porteiras fáceis de abrir, mata-burros, para estradas movimentadas, Introduziu a lareira nos galpões e nas salas das moradias, e foi o precursor de muitas técnicas na agricultura e pecuária. Deixou sua biblioteca no Castela de Pedras Altas, hoje aberto a visitação pública. Criou a frase. "Enquanto houver um Libertador, o partido existirá"

GALPÃO.
Uma visita ilustre.
Vou contrariar o dicionário, que diz ser ilustre, o intelectual, o famoso, o célebre. João da Silva Vigano não é nada destas coisas, mas é um ilustre. Ilustre cidadão de respeito, de honra, de família, de princípios de moral e ética. Foi capataz da Sant´Anna por mais de trinta anos, quando mostrou RESPEITO, e hoje goza da merecida PAZ de uma consciência tranquila, desfrutando do meu carinho, e de toda minha família. O que dirá então a sua Companheira Noeli de tantos anos, o seu filho Jones, a nora Jussara e tantos lindos netos. Pois dia sete passado comungamos, junto com uma indiada perdida da Estância Grande de Cima, de um dia galponeiro, juntando nossos abraços no aperto de nossos corações emocionados, rogando a Deus que nossos encontros sejam mais frequentes. Abaixo a nora Liandra, filha de outro saudoso empregado o Hercílio de Castro, o neto João Pedro, o filho Jones no violão, a esposa Noeli, e ele, João Vigano, como o "cerra fila".


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Um baile na Pacheca.
Pacheca, Distrito de Camaquã, no início do Século XX era muito mais desenvolvida, que a própria sede do Município, então chamada Vila de Camaquã. Além da extração de madeira, da mataria do Rio Camaquã, única fonte de energia na época, e da riqueza das fazendas, o senhor Hildebrando José Centeno construiu uma grande charqueada ali, que chegou a contar com 500 empregados. Então aquela rica sociedade mandou buscar de Pelotas uma orquestra (típica e jazz), para um baile de fim de ano. O salão repleto, com os casais dançando animadamente, de repente, calou-se a orquestra, na constatação que um dos músicos sofrera um ataque cardíaco fulminante. Inicialmente armou-se aquela confusão, até que os ânimos serenassem, na constatação que nada poderiam fazer, para transladar de imediato o corpo para Pelotas. Colocaram então o morto sobre uma mesa, cruzaram suas mãos no peito, acenderam quatro velas, e o baile virou em velório. Como não era conhecido, até mesmo de seus colegas de profissão, pois havia se incorporado na orquestra no último momento, não houve nenhum lamento, e enquanto transcorria a solenidade fúnebre, aqueles que permaneceram no salão, sentaram e se recostaram, adormecendo profundamente em suas cadeiras. Nestas horas sempre surge um ou dois gaiatos, que aproveitando a dormida geral, sentaram o morto, recostando-o numa cadeira, colocando até um chapéu em sua cabeça, óculos escuros, um cigarro acesso "nos queixos", e após sentaram entre os presentes, cutucando aqueles do lado, e apontando para o morto. Contam que até hoje tem gente disparando lá pela Pacheca.
Esta história me foi contada por meu Pai, que jurou ser verdadeira.

FECHANDOA PORTEIRA.
Ainda vai ficando aberta...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Boletim 103

ABRINDO A PORTEIRA.
Os aborrecimentos.
O que seria do açúcar se não houvesse o sal. O que seria da vida se não houvesse aborrecimentos. Não posso entender pessoas reclamarem de seus aborrecimentos. Primeiro porque eles existiram, existem e existirão. O que dizer daqueles por um simples pires quebrado, um café derramado, uma mancha na calça! O dicionário diz que resignação é "coragem para enfrentar a desgraça", ora, aborrecimento não é desgraça, mas exige certa dose dela. Vamos medir as coisas, e termos consciência de só usarmos resignação, quando o teto começar a cair. Só há crescimento nas vicissitudes.

GALPÃO.
A mística.
Sempre gosto de consultar o dicionário. Ele sabe mais que a gente. Assim Silveira Bueno descreve Místico - "o que procura, pela contemplação espiritual, atingir o estado extático de união direta com a divindade". Gostei, pois é assim que busco construir o Galpão do Galo Velho, cultuando ali meus antepassados, e a eles ofertando minhas preces de Paz e Respeito. Abaixo uma visão dele, destacando meu velho Pai, Mário Silva Azambuja, encimado pelo glorioso barrete libertador, a prece, e a Nossa Senhora da Conceição, iluminada pela chama divina.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A Colônia do Sacramento.
Esta história foi contada por Balbino Marques da Rocha, descrevendo a luta de nossos ancestrais portugueses, buscando firmar raízes nas margens do Rio da Prata. Prestem atenção, o nosso Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã (nucleodepesquisashitoricas@yahoo.com.br) em agosto fará uma excursão para lá, com guia histórico. Extraímos três versos, dos mais de quarenta do Balbino, de sua poesia intitulada Colônia do Sacramento, de 1965:
"A terra é como a criança, que só o carinho transforma. Se abandonada é norma, cria inço e desfigura... É assim como a criatura que vem a luz, ao calor, que só a ternura e o amor, são capazes de engendrar. Desenvolve as exponências... pois são de vidro as essências, onde o talento viceja. Só vence o que mais almeja, mas quando existe plasmada, têmpera cristalizada, ao calor de mil anseios... são os pilares da glória, ternura e zelo na história, e o mais é burla e floreio".
"Sem amor não se constrói, e a coragem multiplica. Quando um morre e outro fica, guardando a gleba sagrada, a história é linha quebrada, onde os mortos se agigantam, as renúncias se levantam, mais alto do que os anseios... Quem morre não tem mais freios, porque é um gesto sublimado. Há mais força no passado, que no presente e futuro. A morte é um porto seguro em que a opinião valoriza. O vivo segue um conselho, e a morte é como um espelho, onde a imagem se eterniza".
"Por isto, que a nossa história tem um ponto sobre o Prata... É um nó que ninguém desata, é um momento do passado, que ficou cristalizado, na formação de um Império... É a área de um cemitério, que nos chama na distância... É a a catacumba da estância, que ficou no corredor, na esperança de um translado... Cinzas do nosso passado, pedaço da nossa História, estrelas da nossa glória, que brilham em céu distante, sobre a Bacia do Prata... Há ossos que não descansam, se a compreensão não alcançam, no exílio da Pátria ingrata."

FECHANDO A PORTEIRA.
Ficará aberta para entrar mais luz...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Boletim 102

ABRINDO A PORTEIRA.
Os Sacrifícios.
Sei que não prego ao vento, mesmo não sendo Pregador. Sigo o rastro do Criador dos Mundos, e neste longo caminhar vou buscando o "sentido da vida", pois aqui não vim inutilmente. Minha missão não foi só a de reproduzir! Então pergunto: Quais são os meus sacrifícios? Não quero ser nenhum Jó (creio mesmo que só houve um, pois não conheço outro cristão com esse nome), mas certamente os sacrifícios são fatos naturais, considerando, que  em minha  vida recebo muitas alegrias, possuindo ela o direitos de me cobrar sacrifícios.

GALPÃO.
A Querência dos Poetas Livres.
É um movimento campeiro e artístico, diferente de qualquer outro. Primeiro, não temos eleições, que é coisa que assusta qualquer vivente. O Patrão é sempre o mesmo, que é trocado só quando morre. Mas atenção, não é imperialismo! Lá só impera a IGUALDADE. Tanto que nem Tesoureiro temos. Assim como não possuímos mensalidades, e a única jóia que carregamos é o AMOR GAÚCHO. Todos sabem, que onde entra o dinheiro, os ideais se acabam, e nosso único ideal é preservar a TRADIÇÃO GAÚCHA. O melhor de tudo é que só nos reunimos em CTGs ou em Galpões Campeiros, ao redor do fogo de chão, sorvendo o bom mate, a gostosa comida campeira e, apreciando a Tertúlia Galponeira. Somos sofrenados por um simples Regulamento, que foi tenteado artigo a artigo, pelo mais nobre dos campeiros, meu Amigo, Irmão e Companheiro, João Moacyr Ferreira. Vai uma simples fotografia de um simples momento, pois as coisas simples é que nos dão felicidade.
  

 O Patrão apadrinhando o jovem Parceiro Marcone Lima. Quando eles entram na Querência recebem do Padrinho, em suas iniciações, o Abraço, símbolo da hospitalidade gaúcha.  A pilcha é a única obrigação dos associados. Para apreciarem a arte deste Parceiro Marcone, basta sua estampa na foto abaixo. 




FECHANDO A PORTEIRA.
Descobri que o bom é deixá-la aberta. Qualquer um pode entrar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Boletim 101

ABRINDO A PORTEIRA.
O amor.
Nada é mais fácil do que falar do amor. Ele está aí no nosso dia à dia, hora à hora, minuto à minuto, na maioria das vezes, sem nos darmos conta dele. Habita em todas as criaturas humanas, e também em todos os animais. Amamos os que estão perto, como também amamos os que já partiram. Mas se sabemos o que é o amor, deixo a pergunta: "como amar?". Ele se porta das maneiras mais diversas, pois muitos já mataram por amor. Julgo que minha consideração poderá dar origem a contradições - "O amor não nos pertence. É um sentimento além de nós. Devemos amar o outro, para o outro, não para nós. Ele pertence a 'alguém' muito além de nós, a quem devemos ofertar o amor que produzirmos".

GALPÃO.
Procurando um estribo. (um texto encontrado...)

 O cavalo já está encilhado, e nem apertei a cincha no peito, já que a jornada vai ser ao tranco, apreciando a noite calma, e buscando pela boieira que guiará meu rumo. Vou procurando por um estribo para a última recorrida, e mal vislumbro a estrada, pois o Sol se esconde, e a bruma escura vai tapando o meu horizonte distante. Sei que um luar irá surgir, e as estrelas brilharão, descortinando uma estrada comprida, florida e desconhecida. De rumo feito vou reboleando o rebenque pelo dever de casa cumprido, sabendo que nada mais resta fazer, por estar tudo justo e perfeito.
Recolutando o tempo me dou conta que parei um belo rodeio. Não por grande, mas por bem trabalhado. Escolhi uma boa coxilha da minha existência, e nela não dei descanso pro pingo, sem esconder as rodadas e os bons tiros de laço. Quebrei muita geada fria, e não escondi a cara dos minuanos brabos. Por solto nos bastos consegui estender pelego, para muito índio xucro e necessitado. Bebi café de cambona, e sorvi a fumaça pura dos cernes das plantas, que beberam a seiva do chão dos meus ancestrais. Ergui tetos de abrigos, e levei curativos de amor aos ranchos sofridos. Engraxei a cara com costela gorda, e bebi o líquido alegre da vida, ou da morte se não souber ser bebido. Dancei “arroz com feijão” ajudando a levantar poeira, na felicidade dos entreveros de paz, e acompanhei jornadas ao último palanque do pingo, fincado 7 palmos do chão, dividindo lágrimas com a peonada.
Assim me “prancho” no estendido do chão, olhando as estrelas vivas, buscando novos espaços no etéreo divino, e no esparramar amor e respeito a quem amei e fui amado.

FECHANDO A PORTEIRA.
Vai continuar aberta...

domingo, 20 de maio de 2012

Boletim 100

ABRINDO A PORTEIRA.
O Campo.
Não é só por amá-lo, mas por buscar entendê-lo, que meditei nesse texto. Em minha infância gravei a cena de minha Mamãe tricotando um pulôver, por dias e dias, numa paciência infinita. Na época não havia indústria para confeccioná-los, nem comércio para vendê-los, e se houvesse não se podia chegar lá. Nas cidades habitava 10% de população, enquanto no campo vivia o resto. Se causa espanto o "fervilhar" das grandes metrópoles nos dias de hoje, vocês deveriam ver o fervilhar nas grandes fazendas nos dias de ontem.  Antes do Sol nascer era uma azáfama danada, igual a de vocês hoje nos conturbados tráfegos. O tirar leite, o botar fogo nos fogões, prender os cavalos do potreiro para o serviço do campo, o fazer pão, derreter toucinho para fazer banha, bater manteiga, cozinhar o feijão. Olha, só o feijão é uma história, pois ele era feito com a graxa do tutano dos ossos, e não podia ser requentado, o que sobrava era para os cachorros, mas como era gostoso. Vai hoje quebrar ossos e cozinhá-los, para extrair a graxa! A lã era cardada, para passar nos teares, na fabricação dos fios de lãs. Os colchões eram confeccionados com as crinas dos cavalares, os travesseiros com pena de ganso, isso para os ricos, pois aos empregados era ofertado a lã de ovelha para processá-los. O algodão era plantado antes da chegada dos ovinos em nossas várzeas, e mesmo sendo de fraca produção e qualidade, atendia a necessidade dos tecidos. Esta minha história não vai ter fim, como não terá fim a história das metrópoles de hoje, então, volto à cena da Mamãe tricotando seu pulôver. Sabem por quê? Porque ela é a expressão da CALMA. A expressão de um tempo, em que se vivia com tempo. Exatamente o que não existe hoje. Aprecio meu neto na frente de uma TV, se enervando com jogos violentos, e inimagináveis. O espírito não sabe conviver com a pressa. O corpo humano também não, mas de certa forma se adapta. Nossa existência é longa, tão longa que não é necessário correr, cansar, preocupar, irritar, brigar. Não há razão para antecipar o amanhã. É uma questão de saber esperar, ter calma, mas acima de tudo ter confiança em Deus, que é a nossa única certeza.
Esta história mereceria outro capítulo, contando o que ocorre atualmente no campo, já que vocês sabem o que está ocorrendo nas cidades. Seria falar pouco, já que apenas 10% dos viventes habitam por lá. As coisas inverteram! Seria escrever quase nada, tão pouco como dizer que, em busca do conforto, as fazendeiras abandonaram o campo, e com elas também foram os maridos...
Escrevi tanto, que nem vou FECHAR A PORTEIRA. Deixo-a aberta, como  meu coração à vocês. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Boletim 99

ABRINDO A PORTEIRA.
Buscando a perfeição.
Concluo: "Ela não existe na Terra". Quem sabe vamos encontrá-la em outro lugar. Aqui por mais que os técnicos se esforcem, não a encontram. Nem mesmo nossa Natureza é perfeita. Por tal fico triste quando encontro, ou pior, convivo com perfeccionistas.  São criaturas infelizes, por insatisfeitas com seus esforços. Por mais que arrumem, sempre algo estará fora do lugar. Por mais que arrumem, alguém irá desarrumar. Perfeição só iremos encontrar no Encontro Final, junto do Criador de Todas as Coisas.

GALPÃO.
Apresentando o Galpão do Galo Velho.
O Galpão do Galo Velho está envolvido em uma mística muito profunda. Julgo que isto se deve as muitas orações que faço àqueles que amei e me amaram, e partiram para a Invernada do Esquecimento. Como ali passo muitas horas meditando, acredito que sou "escutado", e que os fuidos benéficos daqueles que partiram, derramam-se sobre o chão  rústico e limpo do Galpão. Publico uma foto do fogo de chão, encimado pela marca de fogo da Fazenda Sant´Anna, originária da Fazenda da Invernada; uma cabeça de bode, que costuma afastar a maldade; a imagem da Santa Rita de Cássia, que atrai a bondade; um queimador de incenso; uma cuia de chimarrão, o elo da amizade gaúcha, e o lume eterno, de um fogo que não apaga, símbolo da Luz de Cristo.


 HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Vivendo e aprendendo.
Esta é para quem dirige. Ainda me considero um bom motorista. Outro dia aguardando uma fila para entrar numa preferencial, vi quando o carro da frente entrou, então olhei para a esquerda para fazer meu cálculo, já com a primeira em marcha. O carro da frente errou seu cálculo e freou. Entrei nele. Lição: deixem o carro da frente entrar no fluxo, para só depois fazerem seus cálculos. Vivendo e aprendendo.

FECHANDO A PORTEIRA.
Meus erros.
Construi minha vida em cima de meus erros. Primeiro foi um caminho longo para desenvolver minha consciência. Não é bem desenvolver, é identificar, pois todos nós a possuímos na mesma quantidade, já que ela é a presença de Deus, que habita em cada um de seus filhos. Cada erro que cometo é uma longa meditação. Os mais difíceis são aqueles do pensamento. Eles parecem estar distante da gente, e é fácil descartá-los. Aprendi então a repassá-los, "mastigá-los" em minhas meditações. Não dói e faz bem para o dia seguinte.

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”