quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Boletim 110

ABRINDO A PORTEIRA.
O sim e o não.
Certamente são duas palavras antagônicas. Quem aprender a dizer não, irá construir alguma coisa de material, e quem aprender a dizer sim, construirá algo espiritual. Quem ficar distante dos dois, construirá algo mental. Creio serem os três estágios da alma, que navega nas trevas, buscando pela luz. Parece também que pouco importa o tamanho das nossas conquistas, importa é a qualidade do esforço empregado. Sim ou não?


GALPÃO.
A bondade do Galo Velho.
O Galo Velho, que nasceu Cristino Gonçalves, foi uma criatura boníssima. Convivi bastante com ele, justamente quando era velho, e por tal chamava a atenção das pessoas. Sinto que quanto mais envelheço, mais as pessoas prestam atenção em mim, o que é natural, pois os jovens se interrogam de como ficarão, quando chegarem na minha idade. Então, posso afirmar que o Galo Velho era uma boa pessoa, mas muito disto se deve ao fato dele não ter conhecido a maldade. Justamente é o que mais me assusta nos dias de hoje, pois convivemos com ela o dia todo. Só restará às gerações futuras se acovardarem, dando espaço aos maus, ou afrontá-los, tornando-se também violentos. Que Deus nos ajude.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Minha mana Maria de Lourdes.
Do boletim nº 23, de outubro de 2008
Dia 27 de setembro passado minha única irmã, Maria de Lourdes Azambuja (1930), partiu para a Invernada do Esquecimento. No galpão junto da foto de nossos pais ofertei o perfume de uma margarida do campo, acendi incenso, rezei uma prece de Paz pelo seu descanso e reencontro com quem tanto a amou. Deixou o único filho, Mauro Azambuja Bohrer (1961), e duas netas Gabriela e Bruna, de quem não guardou lembranças nos seus últimos dias de vida, pelo forte AVC, fruto dos seus malditos cigarros. Pedimos ao Grande Criador que lhe estenda o pelego da Paz, na sua vida ultra terrena. Sua existência foi cheia de sacrifícios, e só conheceu a felicidade plena, enquanto nossa Mamãe existiu, falecendo em 1948, e deixando-a com 18 anos de idade.

FECHANDO A PORTEIRA.
Os prazeres da vida.
Alguns contestaram, mas pessoalmente. Eu que gostaria tanto que o fizessem aqui, para a participação dos outros. Referiram-se aos prazeres passageiros, aqueles do "instante". Julgo desnecessário dizer, que os verdadeiros prazeres da vida, são aqueles para a vida toda. Aqueles construídos em cima de um projeto de vida, com o auxílio do cônjuge, e quem sabe dos próprios filhos. Uma família bem constituída, uma boa saúde, uma sociedade repleta de amizade, uma busca pelas virtudes e uma repulsa pelos vícios. Entretanto, antes de tudo uma crença no Criador de Todos os Mundos.

Um comentário:

  1. Dna. Lurdinha!

    Minha querida professora no 1º ano primário, fui por ela alfabetizado. Na mesma turma fui fui colega do Luiz Fernando Azambuja Jr(Magrinho). Anos mais tarde, já no ensino fundamental, voltou a ser minha professora de Portugues.
    Certo dia no ano 2007, pouco antes de seu falecimento, encontrei-a pela última vez subindo a Rua Ramiro Barcelos aqui em Porto Alegre, velhinha mas bem lúcida, me reconheceu e me contou uma história do tempo que fui seu aluno no 1º ano primário: Minha querida tia e madrinha Dóris era vice-diretora da escola e tb eram muito amigas desde criança. Mas divergiam quanto ao método de alfabetização, minha tia reclamava que eu estava demorando para ler, então num certo dia, adentrou a sala de aula e perguntou-lhe se os alunos já estavam lendo, ao que Dna Lurdinha respondeu ironicamente, se dirigiu a mim, pedindo que levantasse e lêsse a página de um livro.....e eu realmente li perfeitamente.....! Conta ela então que minha Tia se retirou da sala muito surpresa e sem nada comentar.....!
    Se despediu de mim emocionada e me brindando com seu derradeiro beijo e abraço afetuoso, seguindo sua caminhada lenta em direção ao seu destino e eu saí dali tb emocionado, com os olhos vermelhos e agradecendo ao Senhor por ter me proporcionado esse incrível momento.

    Que Deus lhe guarde e ilumine seu caminho Dna. Lurdinha.....!

























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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”