terça-feira, 3 de julho de 2012

Boletim 103

ABRINDO A PORTEIRA.
Os aborrecimentos.
O que seria do açúcar se não houvesse o sal. O que seria da vida se não houvesse aborrecimentos. Não posso entender pessoas reclamarem de seus aborrecimentos. Primeiro porque eles existiram, existem e existirão. O que dizer daqueles por um simples pires quebrado, um café derramado, uma mancha na calça! O dicionário diz que resignação é "coragem para enfrentar a desgraça", ora, aborrecimento não é desgraça, mas exige certa dose dela. Vamos medir as coisas, e termos consciência de só usarmos resignação, quando o teto começar a cair. Só há crescimento nas vicissitudes.

GALPÃO.
A mística.
Sempre gosto de consultar o dicionário. Ele sabe mais que a gente. Assim Silveira Bueno descreve Místico - "o que procura, pela contemplação espiritual, atingir o estado extático de união direta com a divindade". Gostei, pois é assim que busco construir o Galpão do Galo Velho, cultuando ali meus antepassados, e a eles ofertando minhas preces de Paz e Respeito. Abaixo uma visão dele, destacando meu velho Pai, Mário Silva Azambuja, encimado pelo glorioso barrete libertador, a prece, e a Nossa Senhora da Conceição, iluminada pela chama divina.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A Colônia do Sacramento.
Esta história foi contada por Balbino Marques da Rocha, descrevendo a luta de nossos ancestrais portugueses, buscando firmar raízes nas margens do Rio da Prata. Prestem atenção, o nosso Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã (nucleodepesquisashitoricas@yahoo.com.br) em agosto fará uma excursão para lá, com guia histórico. Extraímos três versos, dos mais de quarenta do Balbino, de sua poesia intitulada Colônia do Sacramento, de 1965:
"A terra é como a criança, que só o carinho transforma. Se abandonada é norma, cria inço e desfigura... É assim como a criatura que vem a luz, ao calor, que só a ternura e o amor, são capazes de engendrar. Desenvolve as exponências... pois são de vidro as essências, onde o talento viceja. Só vence o que mais almeja, mas quando existe plasmada, têmpera cristalizada, ao calor de mil anseios... são os pilares da glória, ternura e zelo na história, e o mais é burla e floreio".
"Sem amor não se constrói, e a coragem multiplica. Quando um morre e outro fica, guardando a gleba sagrada, a história é linha quebrada, onde os mortos se agigantam, as renúncias se levantam, mais alto do que os anseios... Quem morre não tem mais freios, porque é um gesto sublimado. Há mais força no passado, que no presente e futuro. A morte é um porto seguro em que a opinião valoriza. O vivo segue um conselho, e a morte é como um espelho, onde a imagem se eterniza".
"Por isto, que a nossa história tem um ponto sobre o Prata... É um nó que ninguém desata, é um momento do passado, que ficou cristalizado, na formação de um Império... É a área de um cemitério, que nos chama na distância... É a a catacumba da estância, que ficou no corredor, na esperança de um translado... Cinzas do nosso passado, pedaço da nossa História, estrelas da nossa glória, que brilham em céu distante, sobre a Bacia do Prata... Há ossos que não descansam, se a compreensão não alcançam, no exílio da Pátria ingrata."

FECHANDO A PORTEIRA.
Ficará aberta para entrar mais luz...

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”