domingo, 20 de maio de 2012

Boletim 100

ABRINDO A PORTEIRA.
O Campo.
Não é só por amá-lo, mas por buscar entendê-lo, que meditei nesse texto. Em minha infância gravei a cena de minha Mamãe tricotando um pulôver, por dias e dias, numa paciência infinita. Na época não havia indústria para confeccioná-los, nem comércio para vendê-los, e se houvesse não se podia chegar lá. Nas cidades habitava 10% de população, enquanto no campo vivia o resto. Se causa espanto o "fervilhar" das grandes metrópoles nos dias de hoje, vocês deveriam ver o fervilhar nas grandes fazendas nos dias de ontem.  Antes do Sol nascer era uma azáfama danada, igual a de vocês hoje nos conturbados tráfegos. O tirar leite, o botar fogo nos fogões, prender os cavalos do potreiro para o serviço do campo, o fazer pão, derreter toucinho para fazer banha, bater manteiga, cozinhar o feijão. Olha, só o feijão é uma história, pois ele era feito com a graxa do tutano dos ossos, e não podia ser requentado, o que sobrava era para os cachorros, mas como era gostoso. Vai hoje quebrar ossos e cozinhá-los, para extrair a graxa! A lã era cardada, para passar nos teares, na fabricação dos fios de lãs. Os colchões eram confeccionados com as crinas dos cavalares, os travesseiros com pena de ganso, isso para os ricos, pois aos empregados era ofertado a lã de ovelha para processá-los. O algodão era plantado antes da chegada dos ovinos em nossas várzeas, e mesmo sendo de fraca produção e qualidade, atendia a necessidade dos tecidos. Esta minha história não vai ter fim, como não terá fim a história das metrópoles de hoje, então, volto à cena da Mamãe tricotando seu pulôver. Sabem por quê? Porque ela é a expressão da CALMA. A expressão de um tempo, em que se vivia com tempo. Exatamente o que não existe hoje. Aprecio meu neto na frente de uma TV, se enervando com jogos violentos, e inimagináveis. O espírito não sabe conviver com a pressa. O corpo humano também não, mas de certa forma se adapta. Nossa existência é longa, tão longa que não é necessário correr, cansar, preocupar, irritar, brigar. Não há razão para antecipar o amanhã. É uma questão de saber esperar, ter calma, mas acima de tudo ter confiança em Deus, que é a nossa única certeza.
Esta história mereceria outro capítulo, contando o que ocorre atualmente no campo, já que vocês sabem o que está ocorrendo nas cidades. Seria falar pouco, já que apenas 10% dos viventes habitam por lá. As coisas inverteram! Seria escrever quase nada, tão pouco como dizer que, em busca do conforto, as fazendeiras abandonaram o campo, e com elas também foram os maridos...
Escrevi tanto, que nem vou FECHAR A PORTEIRA. Deixo-a aberta, como  meu coração à vocês. 

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”