quinta-feira, 3 de maio de 2012

Boletim 98

ABRINDO A PORTEIRA.
Aniversariando.
Outro dia fazendo 78 outonos (os invernos que fiquem esperando) fiz uma recoluta no tempo. Onde ficaram os meus 15 anos? Não lembrei nada. Então quem sabe meus 21, que era a maioridade naquele tempo? Também não lembrei nada. Meus 30, 40, 50, 60, 70. Nada! Só ficou os 75, porque minha neta Fernanda fez uma linda gravação de toda a família, uma verdadeira obra de arte. Mas acho que está na memória, porque foi recente, pois quando chegar o inverno, cem anos, também ficará esquecido.
Conclusão: O que vale é o presente, o que passou, passou. Feliz próximo aniversário para todos nós.
Todos os aniversário serão iguais. Buscamos pelo presente, esquecendo o passado e temendo pelo futuro. Quando se tem saúde física, mental e espiritual, até mesmo a saúde financeira não interessa, assim como não interessa o que passou. Interessa o Presente.

GALPÃO.
Pedindo desculpas.
Postar um comentário, e ele não ser publicado, é muito ruim. Assim peço desculpas à vocês. Achei um monte de comentários "pendurados", pois as "faces" mudaram. Modernizaram-se. Agora consegui publicar. Até mesmo os xingamentos, os interrogativos, erros de português, que não estraga o conteúdo, assim como um bebedor de conhaque, pirado em filosofia e astrologia. Agora sei onde eles se encontram, esperando minhas autorizações. Não ficarão mais perdidos. Mais desculpas, porque usei da tecnologia, e só entra e-mail de quem está nos meus contatos.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Os joelhos. (Deixa-me contar).
Pois o joelho esquerdo doeu e inchou. Logo pensei no doutor, mas eles andam "tecnológicos", mandando uns para os outros, e mais exames que não tem fim. Onde está o "braço" do médico? Pensei comigo: minha saúde vai me curar! O tempo passou e ele vai ficando bom aos poucos. Conto a historia com a finalidade de deixar um alerta à vocês - cuidem ao saírem dos vossos carros! Saiam com as duas pernas. Este foi meu erro, quando torci o joelho.

FECHANDO A PORTEIRA.
Aniversariando.
Preciso concluir o "Abrindo a porteira". Quem faz 78 anos, ou mais, com saúde física, mental e espiritual estará sempre feliz. Deus nos fez à sua semelhança, exigindo uma conclusão sadia para esta existência terrena, merecendo assim o Descanso Eterno. Que assim seja.  

domingo, 15 de abril de 2012

Boletim 97

ABRINDO A PORTEIRA.
Tecnologia.

Ouvi dizer que tecnologia é a ferramenta que nos ajuda a resolver problemas. Nada contra ela, até pelo contrário, pois meu filho Magrinho se alimenta dela, na sua Tecnotag, lá na TecnoPuc. Acontece que sou do tempo da única ferramenta, "malho e cinzel", e creio que a tal ferramenta moderna está resolvendo os problemas dos homens, de tal maneira que eles já não tem o que fazer. Vejam. Fui assistir o Grande Prêmio de Fórmula Um, da China, alta madrugada, e não consegui chegar na metade dele. Eu que fui apaixonado por ela e por meus ídolos, alguns já mortos. Parei quando me perguntei: onde está o "braço" do piloto? Será que a habilidade, ou reflexo, foi substituída pela máquina? Certamente um dia a força espiritual irá prevalecer sobre a mente humana.



O GALPÃO.

A não tecnologia.

Pois amigos eu afirmo, aqui no Galpão do Galo Velho não há tecnologia, além daquele velho rádio e algumas lâmpadas elétricas. Grito mais alto ainda, ela não está fazendo falta alguma, pois aqui estamos estagnados no tempo, e não necessitamos vencer obstáculos. Não tendo problemas, não precisamos de máquina maior, do que a nossa força espiritual.



HISTÓRIA QUE ME CONTARAM.

O avanço da tecnologia.
Em uma das mais belas palestras de Divaldo Pereira Franco está assim gravada: "O homem com a mais alta das tecnologias subiu ao espaço, conquistando a Lua, mas não conseguiu ainda conquistar a si mesmo, vencendo as suas paixões". Então esta história de Divaldo nos faz meditar, que existe outra força maior, quem sabe residindo no espaço sideral, iluminando nossas mentes, para num dia não distante, nos ensinar a vencer nossas paixões. Esta força é Deus.



FECHANDO A PORTEIRA.

Porta aberta.

Como cantou um dia Vicente Celestino - "Esta porta não se fecha..." Esqueci o resto da letra. Também, quanto tempo! Pois se estou fechando a porteira é por ora, logo estarei de volta, e como as postagens para os "comentários" são difíceis, usem o meu e-mail - lfaz@terra.com.br







quinta-feira, 5 de abril de 2012

Boletim 96

ABRINDO A PORTEIRA.
A oferta sem a procura.

Interessante como existem pessoas que não sabem se ofertar. Não estou me referindo à oferta material, e sim à solidariedade. Posso afirmar, pela quilometragem percorrida, que só é feliz quem tem, ou adquiriu a capacidade de ofertar solidariedade. Ela pode ser traduzida por servir, ofertar, tolerar, suportar, auxiliar, enfim: amar. Participo de um clube de serviço chamado Rotary, e lógico que nosso lema é SERVIR, onde cantamos: "Mais se beneficia, quem melhor serve", e queremos chegar na PAZ MUNDIAL. Todos são felizes naqueles clubes de SERVIÇOS.



GALPÃO

O Cavalo.

Certamente o gaúcho não existiria, se não existisse o cavalo. "Aqui ele chegou em 1536 trazidos pelos espanhóis, tornando-se selvagem no pampa gaúcho (Rio Grande Uruguai e Argentina), somando 40 milhões de cabeças". (dados do Portal Gaúcho, assinado por Evaldo Muñoz Braz).

Devemos uma reverência aos nossos índios charruas e minuanos, os primeiros cavaleiros que logo se identificaram com o cavalo, que é o maior símbolo da liberdade.

Balbino Marques da Rocha escreveu: "No teu tranco soberano, na espuma dos teus ardores, compassaste o sonho humano, de estandartes e tambores. Nos teus ímpetos violentos, tuas patas como metralhas, escreveram nas batalhas, a sinfonia dos ventos, e a epopéia da vitória... Marcando de cicatrizes, as mais profundas raízes dos velhos troncos da história".



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

O escravo cavaleiro.

Imaginem agora o negro escravo, chegando no Rio Grande e sendo vendido para as grandes fazendas. A riqueza da época, antes da entrada do charque, era o couro vacum, pois tudo que se possa imaginar feito com plástico, era feito de couro, naquela época. Matava-se o vacum apenas para tirar seu couro, deixando a carne aos abutres. Foi necessário colocar o negro escravo no lombo de um cavalo, (símbolo da liberdade) e colocar na cintura deste homem uma faca, ferramenta indispensável para aquela operação. Poderia ser ele inimigo de Patrão? Poderia ser agrilhoado sobre o animal? Poderia apanhar? Daí a proximidade, a amizade e o respeito entre um e outro. Esta amizade só foi quebrada com as atuais leis sociais, não adaptadas ao campo, jogando o empregado contra o patrão.



FECHANDO A PORTEIRA.

O Espírito de Luta.

Quantas vezes estivemos na lona? Quantas vezes nos levantamos? O Sol continuou o mesmo, nossas famílias e amigos, os mesmos. Se restou algum arranhão foi porque nossas vaidades foram feridas. A vaidade nada constrói, só a humildade nos eleva. O espírito de luta é a representação da FÉ. Na Páscoa é momento de meditarmos naquilo que representa a maior de todas as humildades - "se ofertar na cruz por seus irmãos". Mas o espírito de luta fez com que três dias depois Ele renascesse!

domingo, 18 de março de 2012

Boletim 95

ABRINDO A PORTEIRA.
A Competição.

O homem nasceu competindo com o outro. Hoje é a mulher que entrou nesta luta. Lembro bem de um tempo recém passado, quando ela competia por sua beleza e habilidades domésticas. Ao que se sabe só peleou uma Joana D´Arc, e uma Anita Garibaldi, mas hoje elas estão em todas as lutas, e os homens encantados, se curvam ante suas musculaturas das pernas, braços e "glúteos". Receio que com o passar do tempo, e só espero estar "fora" deste tempo, elas passem a se vingar das surras que receberam dos homens.



GALPÃO.

Sady Sherer.

Sady era filho do Tio Emílio, e isto há muito tempo passado (imaginem que hoje sou amigo de seus tataranetos). Ainda buscarei as datas. Ele deixou em Camaquã uma linda descendência, assim como uma obra desconhecida de muitos. Além de homem ético, bom chefe de família, trabalhador, distinto e bonito, como todos os Scherer, era pedreiro, carpinteiro, ferreiro, encanador, pintor, eletricista e agricultor. Sua história de construções ficou no esquecimento, assim como aquelas do André Lempek. Sady construiu a casa do Adriano Scherer, seu tio, e muitas outras em Santa Rita do Sul, como o prédio do engenho de arroz e os depósitos. Construiu a seda das fazendas Santa Tereza e Sant`Anna, sendo que o fato marcante é que todas suas obras, ainda estão "de pé", passado quase cem anos.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

O Cel. Sylvio Luiz Pereira da Silva.

Certa feita, no bar do Preto Hotel, em Porto Alegre, estava formada a roda dos beberrões, sob o comando do "folclórico" Cel. Sylvio. Ainda cedo da noite chega o Dr. Montenegro Barbosa, juiz de Direito em Camaquã e fazendeiro em Tapes, mas conhecido abstêmio. Ali chegava para tratar de assuntos de negócios com o Coronel, na compra de reprodutores herefords. Após os cumprimentos, o Coronel lhe oferece uma bebida qualquer, ao que ele agradece, dizendo que não iria beber nada. O Coronel caudilho lhe retruca: "Na minha frente ninguém fica sem beber. PH (era o nome do garçom) traz um copo de leite para o Montenegro".



FECHANDO A PORTEIRA.

O Galo Velho.

Ano passado, um artista, pintor, Mauro Guelmo Rocha apreciando a fotografia do Galo Velho, o Cristino Gonçalves, a mesma que enfeita o cabeçalho desse blog, fez uma bela pintura em Pastel Seco, no papel alemão, que foi premiada em exposição de artes na cidade de Tapes, e que terminou em uma das paredes da Câmara de Vereadores daquela cidade. O blog circulou, terminando por parar nas mãos do vereador Nelson Pinzon, da mesma cidade, que ao se comunicar comigo, perguntou quem era aquele negro velho, como pedindo uma justificativa para sua "aparição" naquela casa de edis. Respondi: "A presença deste negro é a expressão da FORÇA, único elemento de sustentação da existência humana na época, quando a população rural era de 90%, sem o comércio e a indústria dos dias de hoje, que inverteu, fazendo o campo ficar com apenas 10% da população. Ele ali está numa mangueira de gado, junto a um brete com uma aguilhada à mão direita, e uma faca carneadeira atravessada na "passarinha", a ferramenta que alimentava o homem do seu tempo".

domingo, 11 de março de 2012

Boletim 94

ABRINDO A PORTEIRA.
O Carnaval.

Passou mais uma grande folia. Os clubes sociais já não funcionam. Todo mundo na rua, naquele "desprendimento social". A família e os amigos se dispersaram, e parece mesmo que o melhor é passar incógnito. Lembram quando a gente "pulava" sob o olhar dos pais? Agora nada melhor, pois não haverá cobranças. Ninguém liga para ninguém, enquanto a TV mostra maravilhas, verdadeiras loucuras construídas com dinheiro que nem se imagina de onde. A quarta-feira de cinzas também já passou, e poucos jejuaram, e um menor número ainda, sequer pediu perdão dos pecados. Mas não vamos nos preocupar, pois já tem muitos preparando o próximo carnaval.

GALPÃO.
O Calor.

O verão tem dessas, nos corre da beira do fogo. Outro dia para tomar meu mate, e olha que era cedo da manhã, tive de me afastar do fogo de chão. A verdade é que as fazendas já não são as mesmas. Lembro do tempo do meu velho Pai, quando na madrugada, podia fazer um calor insuportável, a carne assava no fogo de chão. E o quente das bombachas? Certamente com o passar do tempo irão "arrumar" umas bombachas-short.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A moderna plantadeira.

Certamente de todas as histórias que me contaram do meu saudoso e querido Tio Fay, esta é a melhor, e me foi contada por Papai. Ele era o tratorista, que naquele tempo tinha de ter carteira de motorista. Imaginem! Lavrava na primeira das lavouras da Fazenda da Quinta, lá na Capão do Trago, primeira morada do meu Tio Lauro. Tio Fay chegou e sentou numa valeta observando. Lá pelas tantas atacou o trator, aquele Fordson, que enfeita a Fortral hoje. Papai se aborreceu, pois teria de desligá-lo, para ouvir o que o outro dizia, e olha que para pegar era na na manivela. Tio Fay perguntou em que marcha ele estava lavrando, ao que Papai respondeu que em segunda, tendo ele retrucado: "Então está sobrando força Mário. Vamos colocar aquela grade de boi atrás do arado, assim irás ganhar bom preparo de solo". Ao que Papai retrucou: "E eu irei colocar um banquinho na grade, e tu irás semeando o arroz". Saiu verdadeiramente aborrecido. Agora meu testemunho: Conheci uma máquina italiana, chamada Cantoni, que fazia tudo isto que meu Tio Fay havia previsto, além de colocar o adubo e inseticida. Meu querido Tio Fay andava na frente do tempo!

FECHANDO A PORTEIRA.
A Páscoa.

Para muitos a Páscoa poderá ser carolice. Antigamente os coronéis caudilhos, acreditavam apenas na força física, mas hoje queremos a força do espírito. Quem não acreditará n´Ele, que criou todas as coisas? Então vamos nos preparar para a Páscoa, que logo chegará à nós. A grande mensagem ali contida é de alegria. Verdadeira festa, que eu mesmo não havia entendido. Não se celebra a morte, mas a vida, no renascer de Cristo. Então não percamos nossas alegrias, todos renascerão um dia.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Boletim 93

ABRINDO A PORTEIRA.
Felizes são aqueles que assim se sentem...

Recebi do meu filho Magrinho, que nasceu Luiz Fernando Azambuja Júnior, um e-mail lembrando esta frase, que era uma das filosofadas de meu Velho Pai, Mário Silva Azambuja. Certamente convivendo com a "real" pobreza daquele outro tempo, nos ranchos de leivas, cobertos de santa-fé, ele se espantava com a felicidade morando com aquela gente. Então vejam a foto que o Magrinho me mandou anexo ao e-mail, me fazendo pensar nas tacadas do mestre Cláudio da Silva Ribeiro, na sua mesa oficial da Fazenda da Palmeira.




GALPÃO.
Madrugada.

Seis horas da madrugada escura, e o fogo atiçado nas brasas da noite estrelejava no silêncio do galpão, enquanto meu cusco enrodilhado buscava se aquentar do frio. Nestas horas a solidão faz bem, no sorvo daquele mate do "solito", quando a gente se pára a sismar - Apparício Silva Rillo escreveu: "Quando a garoa do inverno me atropela pro galpão, chego a chaleira ao tição, corto um crioulo a preceito, e abrindo as varas do peito, me ponho triste a sismar. E logo vejo apontar, furando a garoa mansa, da tropilha da lembrança, que eu nunca soube amansar." É como uma oração que brota do chão, daqueles que o amaram como eu, e se alimentaram de sua seiva. Na vida só não há tristeza quando vivemos o amor, e fico me perguntando, como pode haver ódio em certos corações...



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

Dia de São Bartolomeu.

Dia 24 de agosto é comemorado o Dia de São Bartolomeu, ou do "Massacre da Noite de São Bartolomeu", quando em Paris, os reis da França, em 1572, mandaram matar os protestantes e huguenotes. Dizem que morreu de 30 a 100 mil nos quatro meses de matança. Pois esta foi a noite que Getúlio Dornelles Vargas escolheu para botar uma bala em seu coração, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. O "Derruba Presidentes", Carlos Lacerda, não aceitava as suas reformas, e vejam quantas e boas ele criou: Ministério do Trabalho; Ministério da Indústria e Comércio; Ministério da Saúde e Ministério da Educação e Cultura. Estabeleceu o primeiro Código Eleitoral do Brasil; a OAB; o Correio Aéreo Nacional; o Departamento de Aviação Civil; a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; a Carteira do Trabalho; o IBGE e a Petrobras. Uma reverência ao mais importante político do século XX. Gaúcho Tchê, e que não foi meu correligionário.



FECHANDO A PORTEIRA.

A curiosidade.

Outro dia conversando com um amigo, passamos a falar das virtudes humanas, quando ele me perguntou se eu identificava alguma em minha pessoa. Respondi de pronto - não sou curioso! Parece estranho, que esta virtude tenha vindo em primeiro lugar na minha mente. Minha amada companheira de 54 anos, não perde o programa "TV Fama", no canal 22, que explora a vida íntima de todo mundo, e ainda bem que ela não assiste o BBB! A mim parece que falta de curiosidade é manter o RESPEITO - lema do Galpão do Galo Velho.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Boletim 92

ABRINDO A PORTEIRA.
O tempo.

O tempo nos consome, ou nós consumimos o tempo? Já pedi para pensarem no assunto em boletim anterior. Julgo que quem for consumido pelo tempo não terá entendido sua vinda à Terra. Conheço muitos que não gostam do tempo, sentindo-se velhos, ou no fim do tempo. O tempo não tem fim, já que afirmo que o fim não existe. Outros tempos virão. Só resta entendermos este egoísmo de sermos donos de alguma coisa, que é o que nos prende ao tempo. Também já disse em boletim anterior, que nada nos pertence. Apreciemos o "bater das asas da borboleta" e vivamos o perfume das flores. Tenham certeza que estas não são palavras de quem se aproxima do fim da vida, mas de quem chega no seu princípio - ao encontro com Deus.



GALPÃO.

Ainda o mate.

Enquanto fico pensando na quinta lei do mate vou contando velhos ensinamentos. Meu tio José Olavo Fay era realmente meu amigo. Tanto, que quando eu caçava nos banhados de sua fazenda da Capoeira, ele interrompia minhas atiradas nos marrecões, para me levar um café com leite, pão e manteiga. Lindo de viver. Pois entre tantos ensinamentos que recebi dele, o de cevar o mate foi mais um. Coloquem a erva de pauzinhos no bojo da cuia, tapem a abertura com a palma da mão, virem de borco (ao contrário), sacudam bastante, depois retornem à posição inicial, armando e cevando o mate. Acontece que os pauzinhos foram parar o fundo da cuia, e o mate ficará mais "solto". Dica para que não usa "camisinha" no bojo da bomba...



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

A salinização da Lagoa dos Patos.

A segunda Grande Guerra Mundial quebrou o empresário Adriano Scherer, que plantava dois mil hectares de arroz na Fazenda da Quinta, então município de Camaquã, hoje Arambaré. O Banco do Brasil, grande credor, assumiu a administração da granja, sendo chamado o agrônomo Dr. Pasquieur para gerenciá-la. Ocorreu então a salinização da grande lagoa, como está querendo acontecer neste ano. As bombas de irrigação tomam água da Lagoa do Guaraxaim, que está ligada à Lagoa dos Patos por um canal chamado Barrinha. Adriano, já residindo no Rio de Janeiro, teve o nobre de gesto e fazer uma ligação telefônica à Pasquieur, pedindo que ele fizesse o fechamento da Barrinha, mas não foi atendido. A grande lavoura de arroz foi perdida



FECHANDO A PORTEIRA.

Eu me vi livre de ti!

Certamente esta é a mais dolorida das frases. Dói nas profundezes de quem ama aquele que a pronunciou. Algumas separações são sofridas, outras não, e as que mais nos fazem sofrer são aquelas em que há cobranças. Então cuidem, quando se separarem de alguém que amam, ou que amaram, não fazendo cobranças. Toda separação é um ponto final, e não há como corrigir os erros passados. Amor não tem preço, nem medida.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Boletim 91

ABRINDO A PORTEIRA.

A política.

Sou dos "silenciosos". Aprendi a ouvir os adversários políticos, por mais estapafúrdios que sejam seus argumentos. Sou fiel ao meu partido, na hora de depositar meu voto, que escolho com precisão. Isto devo a minha infância, quando meus tios me levavam balas, ao visitar meus pais, lá na fazenda. Eles eram meus ídolos, pois por balas, a gente só conhecia os torrões de açúcar Usina. Acontece que após dez minutos, um passava a gritar com outro, quando então eu corria para minha Mamãe dizendo que eles estavam brigando. Ela afagava meu cabelo: "Não liga aquilo é política".



GALPÃO.

Vamos tomar um mate!

Esta frase é o estribo da hospitalidade gaúcha. Não vou dizer que o uruguaio seja mais gaúcho que nós, mas por manterem uma população "estável", parece manterem melhor nossas tradições. Não há lar, galpão ou rancho que tu chegues, em que não ouças a frase - vamos tomar um mate? É o dia inteiro, parecendo até que não apagam o fogo, mantendo o lume do gauchismo aceso.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

As caçadas.

Claro, naquele outro tempo havia muitos erros, mas também havia pouca gente errando. Hoje é um amontoado de gente, e se deixarem caçar, a caça termina mesmo. Uma vez por ano, juro, uma só vez faço uma caçada de tatu lá na fazenda, onde pego apenas um, e meus outros dois amigos, mais um cada. Lá tem aos montes. Bueno havia programado para o próximo abril, uma caçada de tatu com meus amigos, quando a gente mais galponeia do que caça. Ontem recebi um e-mail da minha neta Fernanda, pedindo que não matasse mais os bichinhos, me mandando uma fotografia que anexo abaixo. Foi uma judiaria comigo e meus amigos, mas suspendi as caçadas...






FECHANDO A PORTEIRA.

A mulher.

Só ouço falar na evolução da humanidade, com a sua tecnologia. Pouco se ouve da maior de todas as evoluções - a mulher. Quem escreve assistiu a mulher serviçal, ou chefe das domésticas. Eram tratadas sem respeito, preparadas apenas para criar os filhos e administrar a casa. Verdade que hoje elas não teem tempo nem para uma coisa, nem outra. Mesmo assim, acho melhor, pois acabou a discriminação. Em outros tempos a mulher não podia participar de Rotary, e hoje vejo meu Rotary Club Camaquã composto de 36% de mulheres. Deus abençoe as mulheres!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Boletim 90

ABRINDO A PORTEIRA.
O Terno de Reis.

Dia cinco passado, a Querência dos Poetas Livres Vilmo Medeiros, levou as bênçãos do Menino Jesus ao lar do amigo Odir Deantoni, lá na cidade de Arambaré. Uma tradição que recebemos de nossos ancestrais açorianos, e que o Rio Grande do Sul não pode deixar morrer. Anualmente nossa querência marca ponto, entre os dias 25 de dezembro e 6 de janeiro. Então meus amigos, ali a gente sente a verdadeira hospitalidade gaúcha. A foto abaixo dá uma idéia do lindo momento.


GALPÃO.
Ainda o mate.

Qual a hora e o local do mate? Esta não é uma lei, mas um costume, que está sendo quebrado. Quanta gente com o mate na mão, caminhando entre o povo. E dentro dos carros, quando só se faz lambuza. Matear é um momento de descontração, meditação, conversação, introspecção. Matear é antes de tudo um momento de respeito, quando até mesmo aqueles que amamos, e que já partiram "se chegam pra roda do mate", formando a egrégora superior. Muitos dizem: "mateio para matar minha sede". Não é verdade, a gente mateia é para matar o "estresse", e tem gente mateando, dentro do estresse do povo.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

A história dos Três Reis Magos.

Herodes era um rei mau, muito mau. Pediu aos Magos - Melquior, Baltazar e Gaspar, que após encontrarem o Menino Jesus, voltassem dizendo onde ele se encontrava, pois também queria "adorá-lo". Claro que os Magos levaram ouro, incenso e mirra, na representação material, mental e espiritual ao Santo Menino, que é a dádiva levada ao lar, que acolhe o Terno de Reis. Bueno, depois da prosa naquela manjedoura, os Magos retornaram às suas casas, "esquecendo" de contar à Herodes, onde estava o Rei dos Reis.



FECHANDO A PORTEIRA.
Nossas pressas.

Realmente não sabemos mais esperar. Aquelas filas nos caixas dos bancos, que parecem não chegar nunca nossa vez. E nos caixas dos supermercados numa sexta feira? Outro dia marquei no relógio quando começou. Ao ser atendido conferi, e foi apenas 8 minutos, que me pareceu uma eternidade! Como é que se fica calmo numa hora dessas? Quem sabe se compra um jornal, ou se brinca com o celular. Verdade é que não temos tempo para mais nada, eu que sou do tempo de se perguntar: "o que vou fazer hoje?" Hoje se pergunta o que vou deixar para fazer amanhã?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Boletim 89

ABRINDO A PORTEIRA.
Só erra quem faz!

Quem optar por ficar o dia inteiro sentado na sala, lendo ou olhando uma porqueira de TV, não irá errar nunca. Agora, quem acumular as funções de rotariano, maçom, citiano, tradicionalista, historiador, bloguista vai errar aos montes. Antes de tudo é necessário desenvolver a consciência, de que erramos, procurando o bem do outro, ou até mesmo a satisfação interior de buscar a verdade. A única verdade, verdadeira, é Deus, o que faz desta busca a maior das realizações terrenas. Então, erremos...



GALPÃO.

O mate.

É um hábito. Não é vício. Faz parte do gaúcho, desde o acordar ao deitar. É revigorante, companheiro do meditar e do conversar. É o elo de aproximação entre as pessoas. Além destas imagens temos de manter as suas Leis. Assim vou para a quarta lei: "É proibido mexer na bomba". Já assisti alguém da roda dizer ao cevador: "Dá licença de mexer na bomba?". Só o cevador tem este direito. Um amigo meu certa feita "palanqueou" a bomba na cuia, pois era costume de uma Comadre sua, "engrenar primeira e ré" ao beber do seu mate. Vamos preservar nossas tradições.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

O fogo.

Meu Pai costumava dizer que o fogo é como o amor. Não que ele nos queime ou faça mal., pois se referia ao dar começo à ele. Outro dia acampei no mato, e tentei iniciar um fogo. Da primeira vez coloquei pouco graveto e ele não "prendeu". Da segunda, coloquei graveto demais, ele "abafou", também não acendendo. Lembrei então do meu Velho, ao dizer que com o amor é a mesma coisa, se a gente coloca muito "afago" ele abafa, mas se colocarmos pouco, ele também não "prende". Poderemos sintetizar que se trata de equilíbrio, o que devemos manter em todos os gestos da vida.


FECHANDO A PORTEIRA.

O fim do ano.

Vamos fechando a porteira do 2011. Não posso me queixar, pois ele não me levou nenhum ente querido, mas não gostei dele. Aliás, não gosto do onze, e não é pelo onze de setembro. Agora o doze vai ao meu gosto. Quem sabe pela saga dos doze apóstolos. A ceia, com eles, os doze, e mais Ele perfazendo o treze, que é melhor ainda. Quem sabe pelas doze badaladas, marcando o dia, e o "início dos trabalhos". O Galo Velho está desejando a vocês o melhor do início dos trabalhos no próximo ano, com muita SAÚDE, SAÚDE, SAÚDE.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Boletim 88

ABRINDO A PORTEIRA.

Eu não existo.

Parece estranho, e mesmo difícil meditar nesta afirmativa. Mas será que esta existência me pertence? Quanto mais deixamos Deus tomar conta do nosso íntimo, mais espaço se criará em nosso interior, e mais espaços se fechará para a matéria, compreendendo que tudo que aqui adquirirmos não nos pertencerá. Não iremos levar nada conosco. Apenas o AMOR. Assim é que toda a humanidade, ao se aproximar o Natal, passa a valorizar o AMOR, como se ele só existisse no Natal. O Menino Jesus nos habita 365 dias por ano. Um feliz 365 dias a vocês.



GALPÃO.

Sempre o mate.

Claro que ele faz parte do nosso dia a dia. É o primeiro gesto, e muitas vezes o último. Ele é nossa alegria, e por vezes a tristeza, principalmente quando é mate do "solito", no descambar do Sol no horizonte distante, lembrando o ocaso da vida, na contemplação de um passado lá muito atrás. Mas vamos para as Leis do Mate. Assim como não se pede o mate, ele não pode ser negado, quando na "roda do mate". Seja para quem for, até para um "mal lavado", cabendo, entretanto, agradecer o mate, e se excluir da roda. Esta é a terceira Lei do Mate.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.


O Posteiro Galo Velho.

Convivi com o Galo Velho até meus trinta anos, quando ofertei a ele uma chácara na cidade de Camaquã, onde morreu, já "destronilhado" (não mais certo do juízo). Meu Pai costumava contar sua história. Posteiro era mais do que um empregado da fazenda, era um "guardador das fronteiras dos campos", numa época em que não existiam aramados, e os campos eram demarcados pelos "marcos de sesmarias". Assim o posteiro recebia casa, uma lavoura cercada, um rancho mensal, podendo criar, junto do gado do patrão, possuindo sua própria marca de fogo. Seu maior trabalho era cuidar que o gado do fazendeiro não saísse para o campo do vizinho, permitindo, entretanto, que o gado do vizinho entrasse na sua área de serviço, já que havia uma lei na época, que o animal nascido na fazenda, e recebido marca, era de propriedade daquele fazendeiro. Quando das recolutas, que era a busca de animais alheios, o fazendeiro permitia que levassem aqueles que não tivessem a sua marca, ficando, entretanto, a vaca que amamentasse o terneiro marcado, que só seria retirada na próxima recolutada.



FECHANDO A PORTEIRA.

Tu reclamas?

Conheço muitas pessoas, que passam o dia reclamando. Quando não é o calor é o frio, quando não e a falta de luz é de água, ou quando não é o barulho é o silêncio profundo. Parece que as reclamações lhes alimentam. Certamente estas pessoas foram privilegiadas por Deus, que nunca lhes deu uma doença grave, um acidente forte, a perda de um ente querido, nenhum sofrimento. Deus aqui nos colocou para desenvolvermos o AMOR em nossos corações, e cumprirmos com nossos destinos, sem reclamações.

domingo, 20 de novembro de 2011

Boletim 87

ABRINDO A PORTEIRA.
Os passarinhos e os insetos.
Pois não irei matar mais as moscas e mosquitos, insetos que infernizam a vida da gente. Creio mesmo que irei alimentá-los, perpetuando as suas espécies. Sabem por que? Bem, é uma curta história: - O Grupo dos Fisgados de Camaquã, pescadores, mas não mentirosos, que dentre eles tem três médicos, foi pescar no Amazonas, mais precisamente no Rio Negro. O primeiro fato a chamar suas atenções foi de não encontrarem por lá qualquer passarinho. Imaginem este fato em toda aquela exuberância florestal. Pergunta daqui, pergunta dali, quando lhe explicaram que as águas daquele rio são escuras, honrando o próprio nome de Rio Negro, e também muito alcalina, o que não permite a proliferação de insetos. Não tendo insetos, não tem pássaros! Entenderam? Vai ser brabo, mas estou a fim de convidar vocês a não matarem mais as moscas e os mosquitos.


GALPÃO.
Ainda o mate.
Tenho recebido alguns comentários sobre o mate, mas a maioria se refere a maneira de como fazer o mate, entretanto, já expliquei que não podemos interferir neste hábito, pois muda de uma região para outra. No boletim anterior falei da primeira Lei do Mate, e agora me refiro a sua segunda Lei: Ao se devolver o mate ao cevador, ele deve "roncar". Sei que muitas vezes ele está pesado, e fica difícil, entretanto, esta é a maneira de se "dizer", que não estamos devolvendo resto na cuia.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O Ferreiro.
Outro dia conversando com meu amigo Chapotão, advogado, veterinário, gaiteiro e campeiro, que nasceu Hamilton Santos de Paula Couto, ouvi dele a seguinte história: "Era uma vez um Ferreiro 'solto das patas', irrequieto e irreverente, um verdadeiro 'estrabulega', que não gostava de obedecer leis sociais. Pulava cercas em rodeios alheios, e era festas sobre festas. Mas, tanto fez que certo dia, ou por cansado ou iluminado, 'mudou de trilho', passando a orar e frequentar o Templo do Senhor. Aconteceu também, que daí para frente, seus negócios pioraram, perdeu um ente querido, adoeceu, se vendo em constantes apuros. Certo dia, um amigo não se conteve: 'Mas Ferreiro, desde que abandonaste 'a vida fácil', as coisas passaram a se complicar contigo. Onde estão as tuas orações?'. O Ferreiro lhe respondeu: Meu amigo, passei a vida malhando o aço, que da forja ia para a bigorna, passando aos golpes da água fria, se transformando no final, nesta linda e pura espada. Assim somos nós perante o Senhor, que depois dos sacrifícios, nos transforma em lindas e puras almas. Certos aços não resistem ao fogo e ao choque da água fria, e racham, ficando naquelas sucatas, que observas no lado de fora da oficina, e são jogadas fora, como as almas desprezadas pelo Criador.


FECHANDO A PORTEIRA.
Nosso ego precisa de alimento?
Outro dia certo amigo extravasou: "Estou com meu ego alimentado". Pensei muito na sua afirmativa. Que alimento será este? Pensem bastante antes da resposta. Eu já pensei vinte vezes, e acho que ainda é pouco. Certamente a maioria precisa de elogios, ou seja, reconhecimentos por seus feitos, suas habilidades, seus predicados físicos. Antecipo minha resposta, na afirmação do que sempre repito - tudo é de dentro para fora! O que vem de fora para dentro, além daquele arroz com feijão, não me alimentará, e qualquer destes alimentos não me fará bem. O único alimento que me fará bem será o AMOR que eu possa ofertar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Boletim 86

ABRINDO A PORTEIRA.
Qual o sentido da vida?
Sei que será difícil para muitos lerem estas coisas "pesadas", mas creio que fazem parte da vida. Para aqueles que gostam de pensar, procurando outro caminho, que não seja o da "boa vida", peço me acompanhar num raciocínio simples: "o que levamos desta vida?" Poderão até mudar o sentido da frase: "o que buscamos nesta vida?" Antecipo-me à vocês: "busco amar a todas as criaturas, e só fazer o bem, desejando Paz e o Respeito, lema do Galpão do GaloVelho". Você crê em alma? Então Roberto Shinyashiki diz: "Escute sua alma, ela tem a orientação sobre qual caminho seguir".

GALPÃO.
Voltando ao mate.
Outro dia na beira de um fogo forte, no Galpão do Galo Velho, voltou a conversa do mate. Não gosto de comentar como se faz um mate, pois já tomei mate com um gringo, que fez uma "batida" da erva dentro do porongo, depois armou o mate, e que baita mate! Então, cada um que faça seu mate como melhor lhe prover, entretanto, nosso dever é manter as Leis do Mate. A primeira delas: "Mate não se pede". Tempos atrás recebi na Sant´Anna um amigo, que lá fora comprar uns terneiros. Trazia uma térmica de baixo do braço, e uma cuia de bom mate na mão. Terminou com a água, e pediu que esquentasse mais uma térmica para ele. Fiz, e entreguei a ele, sem que me ofertasse um só mate. Não me ofendi, pois mate não se pede, se oferta. Aquele amigo podia muito bem se sentir doente, buscando matear sozinho. Agora, se ele chegasse em minha morada, logo lhe ofertaria um mate, que é símbolo da hospitalidade gaúcha. Normalmente a gente agradece, quando nota que é mate de família. Numa roda de mate, entretanto, não se recusa o serviço a quem quer que seja, cabendo agradecer, em se notando que tem algum gaúcho "mal lavado".

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A faca e o computador.
Observem a faca na "passarinha" do campeiro Galo Velho, estampada neste boletim. Ela era a ferramenta de ontem, que hoje foi substituída pelo computador. Não riam. Naquele tempo tudo era feito com a faca, "instrumento" do dia a dia, que cada um queria ter a melhor, como os computadores de hoje. Quando não era para carnear, depois de sangrar, era coureando, já que naquele tempo, morria muito bicho nos campos. Quem sabe para picar um fumo em rama, sovar uma palha de milho para o cigarro, abrir uma manta de charque, pelar o couro de um porco, para picar um bom toucinho, cortar um palito para os dentes, pelar um espeto, cortar uma guanxuma para uma vassoura. Churrasquear então, que era o que mais se fazia, as facas não descansavam. Hoje se vê pouco gaúcho com faca na cintura, pois os serviços acima referidos não existem mais. Até mesmo quando morre algum animal no campo, ele é enterrado como os defuntos, evitando as "carniças" e os urubus, animais "transmissores" das doenças. Viva os bons tempos modernos, como diz um amigo meu, mas jamais esqueçamos o passado, que nos construiu os dias de hoje.

FECHANDO A PORTEIRA.
O fim de mais um ano.
Pois entrando em um shopping de Porto Alegre, deparei com um verdadeiro Natal, o que me reportou ao fim de 2011. Ainda me parece sentir o gosto daquele espumante, quando da entrada deste novo século. Felizes de nós, que estamos assistindo, e que possamos ser agradecidos ao Senhor dos Mundos, que por ser Criador de Todas as Coisas, nos diz que nada nos pertence. Nem mesmo aprendemos a cultivar o verdadeiro amor em nossos corações, único bem que poderemos carregar para o além.

domingo, 6 de novembro de 2011

Boletim 85

ABRINDO A PORTEIRA.
Uma simples pescaria.
O poeta já escreveu, há muitos anos passados, que é nas simples coisas da vida que está a verdadeira felicidade. Pois numa simples pescaria vivemos momentos de intensa felicidade. Não por pescarmos muitos peixes, pois todos foram soltos no Rio Paraná. Vivemos o companheirismo e vivemos a natureza. Existe algo mais simples do que a natureza? Claro, ela por vezes também se violenta, mas não quero me deter neste aspecto. Um rio, uma água cristalina, os pássaros, os animais, a vida correndo como as correntes das águas calmas. Um neto ao meu lado, e a emoção do primeiro dourado. Maior emoção ainda, quando o soltou nas águas do rio.





Os dois momentos. A alegria da captura e a outra grande alegria a da soltura.
Junto a ele uma natureza viva, tão ativa em nosso Pampa, que cada dia nos afasta mais, neste "entrechoque de guampas".







GALPÃO.
A solidão.
Nada mais triste que a solidão. Assim fico imaginando meu Galpão do Galo Velho "solito", apenas iluminado pelas chamas de um fogo mixe, alimentado por outras mãos que não sejam as minhas. Fico alegre apenas pela irmandade que lá habita, na "fumaça" dos negros velhos que partiram, deixando na terra o "suor" de suas labutas, quando rezo a preçe ao Senhor Criador dos Mundos, que permita a PAZ entre os homens.

HISTORIAS QUE ME CONTARAM.
O taura Belarmindo (última parte)
Revólver trinta e dois de cano longo fincado por cima da guaiaca, com mais de cem balas espalhadas pelos costados, "em riba" uma faca com cabo de prata reluzindo contra a escuridão. Ao longe, escutava-se uma rancheira bem campeana, relinchando pelos campos e matos da serra. "O homem", veio pé, entre-pé, pelos fundos da casa, deixou a viola pendurada na travessa do galpão, junto ao cavalo crioulo enfrenado para a uma fuga rápida.
Apenas Deus por testumunho...
Agora, um xote bem lasquiado, retumbava nas tábuas do velho salão, pé, entre-pé... Como um gato Belarmino voou até a janela da cozinha, lá estava ela, cabelos negros escorridos frente a uma lampião esfumaçado, sozinha, contemplando a noite, com seu vestido de chita, todo enfeitado de fita... Ah! já sentia o seu perfume e o seu grito assustado...
Foi um bote só, o vestido esparramava-se no vulto da noite, a presa estava segura, o cavalo já pronto, e a china crinuda esvoaçava os cabelos junto ao rosto do valente Belarmino campeador que se jogou no sumiço da noite...
Interessante, pensou, de repente, nenhum grito... a prenda deve ter desmaiado e já se foi em direção ao rancho. Já com um ponta pé derruba a porta de tramela, e atira a carga preciosa sobre a cama...
Silêncio. Nada. Nenhum grito.
De repente deu por falta do revólver, havia caído no pulo e, agora...
Porta entramelada, faca na mão, nada! A noite gemia em solidão total.
Pé, entre-pé, Belarmino acende o lampião para acorar a "presa", leva na mão esquerda uma caneca de água fria, mas quando chega a luz no rosto da mulher amada... Houve-se um grito e mais um grito...
Um grito de pavor do próprio Belarmino
Dona Esmerenciana, a Senhora aqui!!!!!!!
E ela, a coitada, atira-se nos braços do seu raptor e lhe murmura:
Belarmino meu amor! Vem para os meus braços!!!
O homem dá mais um salto para trás... Pula, porta afora quem nem um gato. Olha prôs céus e grita: - e agora, meu Deus...?
Tinham preparado mais esta para o Belarmino... Dona Esmerenciana, ali estava, esparramada, cheia de amor prá dar, já nos seus setenta e tantos anos de idade, carcomida pelo tempo de trabalho com os malditos Demencianos, gritando por seu amado...???
Ah! Dizem que até hoje, ninguém mais soube do taura Belarmino, entrou noite mais uma vez, saiu sem se despedir de ninguém, sumiu e, lá, na tapera, alguém ainda grita na assombração da noite:
Belarmino vem cá, Belarmino, estou cheia de amor prá dar!

FECHANDO A PORTEIRA.
O artificialismo.
Parece que hoje tudo é artificial. Não estou falando nas bebidas e comidas, falo de nós mesmos. A vaidade nos transforma, e quando vejo os jovens taparem seus corpos com tatuagens, afirmo que é para chamar a atenção dos outros, quando a verdade nos diz, que devemos chamar a atenção para nossos interiores. Tudo é de dentro para fora, nada é de fora para dentro.

domingo, 9 de outubro de 2011

Boletim 84

ABRINDO A PORTEIRA.
Ontem, hoje e amanhã.

O presente, o passado e o futuro. Sempre meditei muito sobre o tempo dos verbos, mas como sou o sujeito da história fico buscando o complemento das coisas. Ainda não consegui descobrir se é o tempo que me consome, ou se eu consumo o tempo. Tudo está no tempo do verbo. O ontem, ou o passado, é que nos alimenta, enquanto o amanhã, ou o futuro, só nos preocupa. Quem vive o presente, e qual é o tempo deste presente? Ele dura uma hora, um minuto, um momento, e já é passado! Então o que é o presente? É contemplar o bater das asas da borboleta, apreciar seu colorido, e seu reflexo nos raios de Sol. Não, não é poesia, é apenas o viver, sem pensar ou programar o amanhã, pois ele não nos pertence, e nós não o faremos acontecer. Deixemos acontecer. Deus nos ofertou apenas o presente, e é nele que vamos acontecer.



GALPÃO.

O amanhã!

Recebi da Internet, sem assinatura do autor. Como gostaria de conhecer este Desconhecido!

"No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:

-Você acredita na vida após o nascimento?

-Certamente que sim. Algo tem de haver após o nascimento! Talvez estejamos aqui, principalmente, porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

-Bobagem, não há vida após o nascimento. E como verdadeiramente seria essa vida, se ela existisse?

-Eu não sei exatamente, mas por certo haverá mais luz lá do que aqui... Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comamos com a boca.

-Isso é absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: a vida, após o nascimento, está excluída - o cordão umbilical é muito curto!

-Na verdade, certamente, há algo depois do nascimento. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui...

-Mas ninguém nunca voltou de lá, para falar sobre isso. O parto apenas encerra a vida. E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada da escuridão.

-Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

-Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?

-Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e, através dela, nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria!

-Eu não acredito. Eu nunca vi nenhuma mamãe. Por isso, é claro, que não existe mamãe nenhuma!

-Bem , mas às vezes quando estamos em silêncio, podemos ouvi-la cantando; ou sentimos como ela afaga nosso mundo... Saiba, eu penso que só depois de nascidos nossa vida será mais "real", pois ela tomará nova dimensão. Porque aqui, onde estamos agora, apenas estamos nos preparando para essa outra vida..."



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

O taura Belamino. (IIº Capítulo)

"Vários gaudérios tinham prometido a ela, até mesmo, uma tropa de gado, o melhor prêmio dos rodeios, ainda que fosse só para sorver-lhe uma gota só, do precioso líquido perfumado e misterioso de um beijo seu, e nada... ingrata como ela, todos morreram de sede.

Muita bota, já havia sido gasta pelos salões das redondezas, mas ninguém até agora, conseguira, a não ser por uns minutos, tê-la ou vê-la, em seus braços endiabrados e fugazes pelos salões. A sua beleza era tanta que já havia ultrapassado fronteiras e, muitos, vinham de longe, só para vê-la. Outros, ficavam de tocaia, ao redor do rancho do Seu Demenciano, descobertos, passavam muitos dias, a curar as feridas, dos tiros de garrucha-de-sal, dados nos traseiros dos gaudérios em fuga, pela pontaria certeira do velho Demenciano.

O nome da rapariga tornou-se lendário e, com o tempo, o Salão dos Demencianos, passou-se a chamar-se o Salão da Ana Maria. Nome dado a ela, por seu velho pai, em homenagem aquela mulher de outrora, grande guerreira, linda e meiga como ela só, a mais valente das catarinenses-gaúchas: Anita Garibaldi.

Belarmino sabia da existência da bela prenda e havia prometido tê-la com ela um dia, custasse o que custasse, houvesse o que houvesse e disse consigo mesmo: é hoje, o tempo chegou.

Encilhou o cavalo, arrumou os aperos, jogou mais alguns trastes sobre os pelegos, enroscou nos bastos do arreio uma viola afinada, acariciou o pelo negro do cavalo crioulo, e foi dando de rédeas lá prá direção dos Demencianos.

A noite, parecia que também conspirava. Havia um silêncio no ar, onde cada passada do cavalo, prenunciava-se como algo nunca acontecido. O quero-quero altaneiro do rincão, de repente jogou-se no ar do poente, a fim de dar passagem a um cavaleiro que parecia levar o destino. Lá longe, um cachorro perdido, acuava para a solidão do além, numa noite pachorrenta e enfumaçada.

Passo a passo, cavalo e cavaleiro, formavam uma coisa só, indo em direção a grande encruzilhada da vida, no movimento incerto dos dias que ainda não aconteceram. Belarmino, "cuera de sete costados" havia bolado um plano, a seu ver, infalível, porque naquela época, "mulher roubada" era de pleno consentimento social, era o jeito, o que fazer, nem que quisesse não poderia haver devolução. Mulher roubada, era mulher usada! E Belarmino já ajeitava os bigodes dos doces beijos que levaria."

(continua no próximo capítulo)



FECHANDO A PORTEIRA.

Apenas enviando as bênçãos de PAZ E RESPEITO do Galo Velho, a todos vocês, rogando que saibam beber as gotas preciosas do presente, presente de Deus.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Boletim 83.

ABRINDO A PORTEIRA.
O gaúcho guerreiro.

Não sou historiador, e minhas pesquisas são poucas, entretanto, vou abordar um assunto histórico, relacionado com a formação do Rio Grande do Sul. Nosso Estado era conhecido como Terra de Ninguém, devido as disputas entre Portugal e Espanha. Realmente estávamos fora do Tratado de Tordesilhas, mas enquanto os tratados se sucediam, as grandes sesmarias eram doadas aos primitivos gaúchos. Era uma terra selvagem, com índios guerreiros, além dos ataques dos vizinhos espanhóis, o que forçou os fazendeiros montarem grandes piquetes guerreiros, armados de lança e "ferro branco", treinados para a luta. Parece que o Estado deveria construir uma estátua homenageando os fazendeiros, e não aquela para homenagear o Lula...



GALPÃO.

O espírito guerreiro.

Daí que a gauchada aprendeu a não ter medo. Na formação da Pátria Gaúcha, nossos ancestrais "passaram aos nossos tutanos" o espírito de aventura, pois toda guerra não passa de aventura para os soldados, que são alimentadas pelos ideais dos comandantes. Não havia o impossível para o gaúcho, ele buscava, e ainda busca, vencer desafios. Foi o que aconteceu com o Belarmino, personagem criada por meu amigo, irmão e companheiro, João Moacir Ferreira, e que será publicada em capítulos, nas Histórias Que Me Contaram.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O Taura Belarmino.

1º Capítulo.
"Existia, "entonces", um índio, lá em cima da serra, chamado Belarmino. Taura, daqueles que ao se ver, diziam: não aparenta a idade que tem! Até porque a idade não existe, a natureza não conta o tempo, quem conta os dias, são os homens.

Bueno. Belarmino era cabra que não se laçava com sovéu curto. Atrevido e metido como "pinto em quirera". Homem, segundo diziam, de muitas revoluções. Dado a tomar partido, nunca ficavam em cima do muro.

Perguntado, certa feita, da origem de um grande talho sobre o seu rosto, arrumou a faca na cintura, olhou prô cuera perguntador e lascou: a origem está na tumba à esquerda, na entrada do cemitério, a sete palmos de fundura!

Belarmino era assim, não perguntava duas vezes, não contava o mesmo causo e, quando chegava num bolicho, cumprimentava a todos de mão em mão, e quando saía, sumia, parecia que ninguém o tinha visto chegar.

Mas, um dia, aliás um certo dia, Belarmino, homem dado ao perfume e aos afagos das muitas mulheres belas e crinudas, misterioso como ele só, coisa que mulher adora, resolveu achegar-se lá prás bandas dos costados da Picada do Fão, ali, no Salão dos Demencianos.

O velho João Demenciano, dono do salão, taura mais enfezado que guri em porteira, também era mestre num 'vanerão rasgado' e, em todo baile, saia um concurso de danças, o prêmio, bem o prêmio, para o gaúcho mais dançador, era por demais valioso... O prêmio, era a licença do 'dono da casa' em dançar com sua filha única, uma mulher-menina-moça, sei lá, mais linda que laranja de amostra..."

Continua no 2º Capítulo.



FECHANDO A PORTEIRA.

Origem do termo "gaúcho".

Em um artigo assinado por José Outerial encontrei: "Várias são as origens do termo gaúcho, mas prefiro a "quéchua", de origem indígena, que deu a forma "gaúcho", que na língua indígena quer dizer órfão - criado "solito" - sozinho".

Realmente, ele foi um 'sozinho', tanto que era chamado de ladrão, por roubar as mulheres dos acampamentos, e quando estas engravidavam as soltavam, para continuar 'sozinho', sem perder o único amor - o pingo, andejando pelo ermo, e basteriando a aventura de cavalagar o pampa gaúcho. Ele nasceu órfão.

domingo, 18 de setembro de 2011

Boletim 82

ABRINDO A PORTEIRA.
Quem sou eu?


Sei que é difícil abordar o assunto, por sua amplitude. Eu não existo! Meu filho Magrinho está sempre reclamando que não devo falar na primeira pessoa do singular, e agora venho afirmar que eu não existo... Na realidade, como não sei falar dos outros, falo de mim mesmo, que me parece ser o mais sensato. Se eu existo é porque existe alguém mais no mundo. Imaginemos que eu estivesse sozinho na Terra. Seria então um animal, com um nome qualquer. Esta linha de raciocínio, se deve a uma pesquisa que fiz na criação do Banco de Alimentos, idealizado pela Senhora Luciana Chinaglia Quintão, que assim se manifestou: "Somos nós que, através de nossos atos, sentimentos e pensamentos, criamos a realidade dentro de nossa casa, dentro dos nossos relacionamentos, de nossa comunidade, cidade, país, continente e planeta. Tenho a convicção que "Somos Todos Um", no sentido em que tudo e todos estão relacionados".

GALPÃO.
Respeito.


Outro dia formou-se uma roda galponeira ao redor de um fogo forte, aquentando este inverno danado, que parece não acabar nunca. No braseiro uma costela e uma paleta de ovelha, que foram engolidas com mistura de arroz com feijão, roubados da Dona Jane. Uma roda de chimarrão corria pela direita, enquanto uma de canha, do 5º do Cangussú, corria pela esquerda. Nestas horas se faz a charla campeira, e é exatamente aí que costumo "entreverar" o serviço. Era o primeiro dia de três lenhadores desconhecidos, que se hospedaram em uma casa da vila, de quem eu não sabia sequer o nome. Então vai conversa e vem conversa, quando apontei para a placa de madeira entalha com a frase - RESPEITO - dizendo para eles: "Se eu não respeitar vocês, vocês não irão me respeitar, mas se vocês não me respeitarem eu também não os respeitarei. Entendido?". Foi fim de papo, e não restaram dúvidas de como eles iriam se comportar.





HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.


Ainda as caçadas.


Aí está abaixo a barraca de beduíno, o caprichoso amigo Willy Hoff mateando uma das intermináveis mateadas, e a natureza lhe abraçando. Parece que "naquele tempo" o tempo não corria como hoje, ou a gente tinha mais ocasiões para meditar. As caçadas eram em todos os fins de semana, durante a temporada de caça, e até mesmo nossos aniversários eram festejados junto da Mãe Natureza, quase um desrespeito aos familiares. Lá, tínhamos os mesmos problemas de hoje, e as caçadas eram as mesmas fugas de hoje. Benditos problemas!


FECHANDO A PORTEIRA.


Se não existo...


Então não sou dono de nada. Fico imaginando, que só me pertence aquilo que guardo dentro do meu coração, que é um pequeno ou grande cofre, conforme as riquezas que constituo. Vamos nos transformar em Reis Magos, ofertando ao Menino Jesus todo nosso ouro, mirra e incenso, para ficarmos apenas com Deus em nossos corações.

domingo, 4 de setembro de 2011

Boletim 81

ABRINDO A PORTEIRA.
Quando se fica velho?Parece ser relativa esta alcunha de "velho". Conheço muito jovem, mais velho que eu, e certamente outros mais velhos, e mais novos que eu. A velhice começa antes de se ficar velho. Vou até enumerar, quando ela começa:
1- Quando se fica rabugento.
2- Quando se fica anti-social, ou anticristo.
3- Quando se busca pelos necrológicos dos jornais.
4- Quando não se conforma com a idade que tem.
5- Quando se perde a esperança. (Esta é mortal!)
6- Quando não se chega sozinho nos banheiros. (Outra mortal)
Certamente existem outras, e bem que vocês poderiam ajudar. Agora aquele desastre de não se chegar mais no banheiro, é mortal! Então, o banheiro é a peça mais importante de nossos lares. Ninguém poderá negar esta verdade.

GALPÃO.

Paz e Respeito.
Lá no Galpão está escrito "Paz e Respeito" em uma grande placa de madeira entalhada. Deveria ser "Respeito e Paz", pois só pelo respeito se alcança a paz. Respeitar não quer dizer obedecer, até pelo contrário, quer dizer não contradizer. Escutar, analisar, e depois de tirar conclusões, "deletar". Afinal do que adianta discutir, contrariar, brigar, se sabemos que no final o outro não vai nos escutar? O conteúdo mais profundo de respeito está em não sermos preconceituosos. Vamos tirar conclusões, sem que o erro do outro interfira naquilo que buscamos - a virtude. Virtude se mescla com Verdade, e se a humanidade entendesse esta simples filosofia, não haveria guerras.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Ou "Histórias que irão contar".
Serão histórias de caçadas, com meus dois amigos, João Alaor Pereira e Willy Hoff.
Quando começou ninguém sabe. Muito, muito distante, num tempo que já é velho.
A primeira foi no inverno de 1968, na grande foz do Rio Camaquã, numa ilha paradisíaca, perdida e solitária. Ali existem as "croas", que são pequenos bancos de areia, que se formam e se desmancham com o fluxo e refluxo das águas. Ao lado, as grandes lavouras de arroz, com o preferido alimento dos marrecões, que passam o dia naquilo que chamam de "pouseiro", aguardando a noite para se alimentarem. Dois companheiros, uma velha barraca de lona, as mateadas intermináveis, a natureza sorrindo ao nosso lado, e os corações plenos de companheirismo. Até versos surgiam: "O acampamento era uma barraca das antigas, dos beduínos, com cantigas aos nossos ouvidos, verdadeiros hinos. Os churrascos eram fartos, graxentos, que hoje os doutores nojentos não servem mais nos pratos. Os cartuchos carregados à mão, com a força do coração. O apito das "peidorreiras" ao pescoço, fazendo estranho alvoroço. O resto era o banhado sem fim, em nossas memórias verdadeiro jardim. Todo florido de aguapés, no entremeio dos jacarés. E bem perto o grito dos tahás, no doce destas histórias, acordando nossos amanhãs."

FECHANDO A PORTEIRA.
A oração.
Não busco a pretensão de ensinar como se reza, entretanto, uma verdade é sabida, ela não deve ser triste. Não posso afirmar, mas parece que a maioria dos cristãos reza chorando, ou com tristeza. A pessoa à quem estamos rezando não se sentirá feliz. Gravem uma frase que li numa mensagem da internet: "É proibido sentir saudade de alguém, sem se alegrar". Parece querer nos dizer que devemos rezar com tristeza à quem nos fez algum mal.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Boletim 80

ABRINDO A PORTEIRA.
O dinheiro.Há uma quebradeira geral, ou universal. Aqueles que já quebraram alguma vez, sabem bem o que é isto, mas podemos "comparar". Certamente vocês já assistiram os leiteiros derramarem seus produtos nas estradas, e os arrozeiros jogarem seu cereal nas ruas, pois quando as coisas são por demais, não valem nada! Ainda bem que os homens se equiparam com as mulheres, senão perderiam também os seus valores. Então, quanto a esta quebradeira universal, parece que uma solução seria por fogo em algum dinheiro! De tanto que os "homens" possuem, não sabendo mais o que fazer com ele seria bom queimar uma parcela. Certamente imprimiram por demais, já que as máquinas não estão dão conta do serviço, e até mesmo o famoso dolar não querem mais no mercado.

Só existe descanso num banco tosco do Galpão do Galo Velho.

GALPÃO.


Descanso.
Na frente da labareda de um fogo alegre e falante, aquentando a noite fria deste inverno brabo. Um cachorro enroscado junto dele, uma cambona chiando pra um mate bem cevado, o relincho da égua encocheirada, e a mente vagando solta no espaço enfumaçado, na aproximação daqueles que ali habitaram. Um descanso. Melhor somente o "descanso eterno".


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

A história dos galpões.
Contam que as fazendas se originaram dos galpões. Só eles é que existiam, onde a família comungava no dia a dia, a lida campeira. Parece uma verdade, pois até mesmo as cidades se originaram dos acampamentos militares, e os galpões foram acampamentos de trabalhadores, não existindo a Casa Grande. Quando ela foi construída, as mulheres encontraram seu canto, e não mais pediram licença para participar das rodas galponeiras. "Sala grande chão batido, onde passei minha infância, querido Galpão de Estância, que foste um dia meu lar, hoje aqui venho rezar, saudoso do teu afago, Catedral xucra do pago, de joelhos em teu altar". (Jayme Caetano Braun).


FECHANDO A PORTEIRA.

Conselho e opinião.
Conselho só deve ser dado quando pedido. Opinião rola por toda a parte, principalmente nas TVs e nos comentários, como estas que vocês estão lendo. Todos de certa forma são donos da verdade, e poucos conseguem ouvir ou ler aquilo que lhes desagrada, principalmente se forem "preconceituosos". Preconceitos dos homens, ou suas vaidades fazem as desavenças, a quebra social, as guerras. Quem depois de um tapa, oferta o outro lado da cara? Só existiu uma Criatura capaz disso!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Boletim 79

ABRINDO A PORTEIRA.
A obra humana e a divina.
Certo dia, chovendo, visitei o Congresso Americano em Washington DC. Descendo do ônibus da excursão subi os vários degraus, olhando tudo que me mostravam. Vi, mas hoje não sou capaz de descrever nada do que vi. Nada ficou gravado em minha memória. Entretanto, se quiserem que eu descreva o voo da minha "viuvinha", o colorido do meu "verãozinho", ou os passos marciais dos meus "joãos de barro", lá da minha Sant´Anna farei com detalhes. A obra humana não me impressiona. A obra divina grava-se em minha alma, como se eu buscasse por sua perfeição. Tudo que o homem fez ou faz, ele fará melhor, mas tudo que Deus fez, Ele já o fez melhor.

GALPÃO, HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM e FECHANDO A PORTEIRA.

"Más valiente do que feo".
(Creio que estou repetindo. Faltam registros. Vou me organizar.) Os feitos de Gumercindo Saraiva são notáveis, principalmente na Revolução de 1893, sempre combatendo de espada em punho, o governo impopular de Júlio de Castilhos. Eis a história que encontrei nos livros, assinada por Odilon Abreu.
Corria o mês de fevereiro de 93. O rebuliço no Rio Grande alvoroçava caudilhos e caudilhetes contrários ao governo castilhista. Gumercindo Saraiva era estancieiro forte no Uruguai e Santa Vitoria do Palmar. Filho de pais brasileiros se achava no direito de pelear junto aos federalistas. Com uma tropa bem montada e armada, o caudilho cruzou a fronteira ocultando-se no rincão de Ana Correia, entre os rios Jaguarão e Jaguarão-Chico. Vinha para se encontrar com o Cel. Jóca Tavares, a fim de engrossar as tropas rebeldes, que já andavam por volta de três mil homens. Quando esse pintor bizarro jogou o Sol no abismo do fim do mundo, começou a colorir o poente, e a tropa se acantonou numa canhada bonita. Gumercindo distribuiu as ordens para o acampamento. Pelo sul um caponete abrigava e ocultava a gente do caudilho. Na chapada que se erguia ao norte, Gumercindo postou uma sentinela para proteger de qualquer surpresa o sossego dos insurretos castelhanos. - Todo listo, mi comandante! Disse marcialmente o ordenança de Gumercindo, um tipo melenudo, com barba de semana e meia esse ordenança. Dente de ouro exibido na linha de frente da boca. Chapéu com barbicacho de fleco e aba tapeada na testa. O beiço rachado lhe dava uma voz fanhosa. “Todo listo, mi comandante.” De fato, em pouco tempo os vaqueanos já estavam com uma rês a título de requisição guerreira. E nessas ocasiões o puxirão se faz de vereda. Se põe esperto o mais lerdo dos andarengos. Vala grande cavada no chão, as carneadeiras descobrindo os espetos nos galhos retos das guajuviras, lenha farta, fogo grande, carne gorda e caneco de branca de mão em mão. Mate, charla e patacoada. Palas no chão, mão nas cartas, e na ponta da língua os versos debochados do truco. E de repente, atenção! O sentinela firma os olhos e descobre no horizonte um vulto que vem crescendo. Num galope chasqueiro vem um gaudério batendo estribos. Ele dá o aviso: “Se aprochega um cavaleiro Dom Gumercindo” Então, de relancina o chefe forma uma patrulha com dez voluntários. Ordena uma espera na ponta do capão pra deter o intrometido. No lusco-fusque na noite o índio ia passando a lo largo, quando se viu cercado. “La fresca, tô perdido, pensou. E o chasque o patrão não vai chegar ao destino.” Conduzia uma mensagem trocada entre chefes castilhistas. Preso, foi levado à presença do caudilho. Não apeou do cavalo. Tipo miúdo e entroncado, com lenço branco no pescoço e entonado como pica-pau em tronqueira. Um nariz grandalhão e achatarrado, escondendo um eito de bigode esfiapado, sem apuro nem jeito. O mulato meio pendendo pro índio, tinha séria sua cara de lua escarrapachada. Foi logo despido da adaga de quase metro e do nagão quarenta e quatro. Tilintavam as rosetas das esporas de papagaio comprido, abraçando a barriga do flete. Os homens de Gumercindo se alvorotaram com a petulância do tipo. Foram precisos cinco homens pra desgrudar o taura do lombo do cavalo. E ele quieto. Gumercindo, ex-delegado de polícia em Santa Vitória, no fim do Império, tinha prática num interrogatório. Tanto podia falar castelhano, como muito bem o português, mas este só falava com caudilhos de igual patente. Antes, porém, que Gumercindo começasse a inquirição, o ordenança se antecipou atrevidaço. “Pucha Che, será que sos tan valiente como feo?” E o índio quieto. “Quién eres? De donde vienes? Para donde vás? Que andas haciendo?” Indagou o caudilho. “No le digo porque ando de próprio.” “Sabes com quiém estás hablando?” “Sei. Com o castelhano bandido Gumercindo Saraiva”. “Si yo cayeras em tus manos que harias conmigo?” “Le passava o lenço colorado”. “Maténlo.” Ordena seco Gumercindo. E o índio quieto. A sentença já era de todos conhecida, e o ordenança tirou uma pedrita dos arreios assentando o fio da faca. Lambia os beiços pensando no sangue que ia jorrar de orelha a orelha. As labaredas do fogo iluminavam a cena bárbara. E o índio quieto. O afobamento do ordenança fez com que Gumercindo dissesse: “Párate. Este no es servicio para um boludo como tu.” A coragem do homem fez com que a sentença fosse reformada. “Larguénlo! Le den um buem caballo. Sus armas. E que se vaya juntar a su gente. Porque se matamos a los valientes, los cobardes es que no van defender los ideales.” E o índio quieto. O ordenança de aproxima da cara do índio, e não se contém: “Pucha Che, tu eres mucho más valiente do que feo”.

sábado, 30 de julho de 2011

Boletim 78

ABRINDO A PORTEIRA.
Nossa idade.

Creio que esta realidade acompanha a maioria de nós, velhos, que são aqueles que mais me leem. Uma preocupação constante! Ainda pouco assistia o treino de classificação da F1, constatando o esforço daqueles que chegaram lá. Creio que nós, os mais velhos, estamos nessa. Chegando aqui na máquina encontrei um e-mail, dizendo que os chineses chegam lá, porque "comem a metade, caminham o dobro e riem o triplo". Não estou contestando esta verdade, mas faço minhas considerações. O quanto vivemos não é o principal, o principal é como vivemos. Somos felizes? Então, viveremos melhor e mais, do que aqueles que chegaram lá, sem serem felizes. Não sou dono da verdade, mas precisamos nos afastar da violência, que toma conta do mundo. Meu filho Magrinho me ensinou muitas na vida, e uma delas foi não mais assistir os "jornais" da TV, e neste horário ouvir uma boa música. Pensem nisto.



GALPÃO.

Conversa de galpão.

Aqui vivemos na simplicidade de um fogo de chão, sem preocupação do amanhã. Lembrei: "Minhas batalhas são as vésperas de hoje, na projeção imprevisível do amanhã" (Apparício da Silva Rillo), no que realmente devemos meditar. O termo 'véspera de hoje', nos reporta a um preparo de vida, um projeto de existência, que poucos o fazem. A maioria 'deixa a vida me levar' como se aqui houvéssemos chegado sem compromissos. Uma vida tem imensos compromissos - com nossos familiares, com nossos amigos, a sociedade que nos acolhe, mas o principal de todos é conosco mesmo, com a Criatura que nos criou, e nos espera para uma 'prestação de contas final'.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

Minha mana Dinha.

Uma das belas lembranças, que guardo de minha mana Maria de Lourdes, é este título de Histórias Que Me Contaram, que ela dizia ser de um livro que nunca publicou. Nem mesmo sei se fez algum rascunho. São tantas as histórias de nossas vidas, que peço aos parentes que me leem trazerem à tona, para que não se percam no tempo. Já escrevi várias lá atrás, tenho muitas de minhas primas Marila Azambuja, Ivette Centeno e seu filho José Vitor, que pedirei permissão para publicar aqui. Minha Dinha tinha só 1/4 de sangue Centeno, por tal não publicou nada. Dirão que tenho o mesmo sangue, mas meu quarto é forte! Esta veia dos Centeno é escritora e irrequieta. Lembro do meu tempo de criança, quando inquieto nas mesas de refeições, era corrigido por minha Mãe - pára Tio Centeno!


FECHANDO A PORTEIRA.

Será da idade?

Vasculhando meus "guardados" encontrei o texto abaixo, que não sei se já foi publicado.

"Outro dia fazendo 3/4 de séculos perfumei o galpão, aticei o fogo, me impregnei de oração, rezando à quem amei e fui amado. Aquele amor de meus velhos rudes era puro, e muitas vezes não o entendia por sua dureza, mas sei que queriam o meu bem, buscando por mim até ao me corrigirem erradamente. Sofria, mas o sofrimento também constroi, o que só se descobre na velhice. Já notaram que esta porteira aí é meu próprio coração. Abrindo-a busco lembranças de um passado que foi lindo, brincando à sombra das figueiras, respirando ar puro, apreciando invernos que se distinguiam dos verões, curtindo enchentes que duravam meses, vendo o escoar de suas águas mansamente, pois o homem não possuía máquinas para afundar a terra. Os tahãs cantavam aos bandos, nidificando nos banhadais, enquanto o tempo, como as águas, custava a passar. O homem aprendia a meditar no silêncio de si mesmo, na falta do que fazer, naquele mundo calmo e puro, construindo um interior voltado à natureza, que amava sem poder agredi-la. Os "gringos" não haviam descoberto os venenos, e se houvessem, não haviam descoberto o Brasil. Não havia aviões agrícolas para metralhar a terra. Não havia sequer aramados, impedindo o ir e vir dos homens e das avestruzes. A natureza sorria, num nascer pleno de sol, onde o homem na sua "bendita" ignorância, ainda não havia descoberto "as benesses" do dinheiro, com o qual hoje tenta comprar a própria felicidade, como se ela fosse um bem material exposto nas prateleiras dos modernos "botecos".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Boletim 77

ABRINDO A PORTEIRA.
As medidas do amor.
Tenho um livro com este título, e já fizeram um filme com o mesmo nome, mas ainda não descobriram "o aparelho" para conseguir estas medidas. Posso afirmar que todos nós amamos. Os bandidos também amam. O desequilíbrio está na consciência de cada um. Amamos o objeto, ou o abstrato? Quem conseguirá responder? Aqueles que souberem responder, digam o quanto do objeto e o quanto do abstrato. Mais ou menos um percentual. Ficará mais fácil uma conclusão.
Lembram que lá no boletim 75 citei Gregg Braden, na sua afirmação "Não somos matéria. O núcleo de um átomo também é 'energia condensada'. Estamos conectados através de nossas vibrações". Gostaria de dizer ao autor que não se trata de vibrações, e sim de amor! Vocês tirem suas próprias conclusões, pois eu já tirei a minha.

GALPÃO.
Ainda o amor.
Vamos deixar de lado esta dura filosofia, e entrar no "Meu santuário de fumaça, onde as vezes desencilho. Faço um altar de lombilho, do fogo à reminiscência, e cultuo a dor da ausência, no oratório do passado. Galpão onde fui fedelho, corpeando tala de relho, tirando raspa de tacho, onde os avós se reuniram, e de onde a cavalo partiram, pra um cruzada de macho. Aqui me curvo e me agacho, me inclino e as vezes me ajoelho, desato o breve à oração, revendo de um lado e de outro, quando o Rio Grande era potro e os que domaram meu chão" (Balbino Marques da Rocha). Aqui chegando despidos de preconceitos, vaidades e orgulhos, na mescla da poeira de um chão batido, curtindo relinchos da eguada, latidos da cuscada, reverenciando o passado, fica mais fácil entender a vida, na simplicidade com que o Menino Jesus se fez gente, derramando amor pelos séculos e séculos.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Ainda conto..


Passei cinco anos no interior do Rio de Janeiro, no Vale do São João, município de Cabo Frio, plantando arroz irrigado. Coisa de maluco, mas a vida também tem disso. Não digo que saiu todo errado, pois aprendi muito da vida. Então, frequentava o Rotary Club de Rio das Ostras, da cidade do mesmo nome, onde tinha uma casa alugada. Lugar paradisíaco, só aposentados ou vagabundos, coisa que lá no Rio tem muito. Trabalhar num lugar lindo como aquele só mesmo gaúcho. Numa das reuniões do clube, que era nas segundas feiras, um Companheiro do meu lado disse que ainda não conhecia o Rio Grande do Sul. Louco de saudade, e orgulhoso da terra, fiz propaganda. Vou quinta feira próxima, me disse ele. Quando foi na outra segunda, lá estava ele, com o nariz vermelho. Perguntei: "Não foste na minha terra"? Recebi de resposta: "Fui, já voltei, e nunca mais volto lá. Num só dia peguei verão, primavera, inverno e outono. Fiquei dois dias no hotel gripado". Conto a história, porque outro dia ocorreu o mesmo comigo. Coisas de gaúcho.



FECHANDO A PORTEIRA.


A história de uma amiga do peito. Conversamos muito e eu sinto o quanto é infeliz. Não consegue ver nada fora do lugar, e não aceita os erros do dia a dia. Perfeccionista. O Mundo não é perfeito. A natureza, expressão maior de Deus, não é perfeita. O que pensar dos tussunamis, dos vulcões? Parece que para haver equilíbrio temos de conviver com o certo e o errado. Mais do que conviver, aceitar o errado, como algo tão certo, como a própria morte. Creio até que os perfeccionistas não aceitam a morte, como se ela fosse alguma coisa errada. Pensem, reflitam, e aprendam a conviver com o errado, tirando lições dele é lógico.

domingo, 3 de julho de 2011

Boletim 76

ABRINDO A PORTEIRA.
O frio do Rio Grande do Sul.

O ano de 2011 ficará na história por seu forte inverno, fazendo os mais velhos lembrar de outros tempos, de "priscas eras". Não existiam aquecedores além do fogo campeiro, e os fogões caseiros alimentados à lenha, quase todos eram colocados no centro das cozinhas, tamanha as lidas às suas voltas. Ali, como ainda hoje em alguns lares, era a peça mais ocupada pela família. Os campeiros sofriam muito, pois a riqueza daquele tempo era o couro vacum, e uma das obrigações era courear, principalmente no inverno, quando aumentava o número de mortes dos animais. A melhor "coberta" para aqueles brabos minuanos era o churrasco gordo e a cachaça, e o melhor de tudo, os doutores não haviam descoberto o mal, que estas duas coisas boas faziam para a saúde.

GALPÃO.
O frio nos galpões.
A hospitalidade, ou sociabilidade gaúcha, muito deve ao rigor de nossos invernos. Ao redor de um fogo de chão é que o atavismo de nossa raça desperta, com o calor das labaredas nos cernes que buscaram seivas no chão da pátria gaúcha. Em boletim anterior contei, que na era glacial, os homens peludos disputavam uma caça, quando o Criador dos Mundos jogou uma faísca sobre um toco de árvore seca, incendiando-o, e aqueles bárbaros sentiram que era bom, formando a primeira reunião social da Terra. Assim são as nossas reuniões gaúchas, quando os sentimentos de tradição desperta, reconhecendo que somos um só, na Liberdade, Igualdade e Humanidade de nossos anseios.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM .
Vou contando...
Na década de 90 passei cinco anos trabalhando no interior do Rio de Janeiro, plantando uma grande lavoura de arroz irrigado. Pra início de conversa, eles não usam fogo nunca, "um prum lado o outro pra outro". Levei muito gaúcho para lá, e contratei outro tanto de carioca. Certo dia um me disse: "O senhor é o primeiro patrão que me aperta a mão. Gaúcho é mesmo diferente". O homem já era bem mais velho que eu, mas lhe respondi: "Claro que somos diferentes. Lá o que é ruim e não trabalha morre no inverno, enquanto vocês aqui criam qualquer porcaria. Basta um chinelo de dedos, uma camisa física e um calção. Mas não te ilude meu amigo, o patrão gaúcho aperta a mão do empregado, para saber se ele é trabalhador, apalpando os calos de suas mãos".

FECHANDO A PORTEIRA.
Ainda o frio...
Ando com muito frio, ou meu sangue perde as forças. Então, quando a gente abre o jornal não dá outra, é só frio e geada fina. Chegam a falar em bater o record dos -7º no Estado. O brabo não é a mínima, é a máxima ficar entre 7 e 11º, frio dia e noite. Pois fui falar que isto é bom, então "guentemos, como dizia Honório Lemos".

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Boletim 75

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A espiritualização.
(Tenho certeza que meu negro velho, Cristino Gonçalves, dirá que isto não é conversa de galpão...)

No boletim 71 escrevi mais ou menos assim "a humanidade está evoluindo materialmente, restando evoluir espiritualmente". Esta frase originou um comentário, assinado por Magrinho, em data de 25 de abril passado, questionado o nascimento de tantas almas. Se o mundo começou com as duas de Adão e Eva, como agora temos sete bilhões de almas? Tentarei lá no final concluir alguma coisa, mas antes, desejo citar Gregg Braden, cientista americano, geólogo chefe da Phillips Petroleum, que me foi apresentado pelo próprio Magrinho. As frases entre aspas são de sua obra.



- "Não somos matéria, somos espírito. O núcleo de um átomo é apenas uma energia condensada, não é matéria". Então - "tudo é vibração, tudo é feito de energia condensada. Nossos corpos são feitos a partir da vibração da energia que emanamos constantemente. Estamos todos conectados através de nossas vibrações".


Este cientista, em certo momento de sua obra, cita o Código de Isaías. "A descoberta do grande Código de Isaías, nas cavernas do Mar Morto, em 1946, revelou as chaves sobre nosso papel na criação. Ali se encontra um modelo 'perdido' de oração, que a ciência quântica moderna sugere que tenha poder de curar nossos corpos, trazer paz duradoura a nosso mundo e, talvez, prevenir as grandes tragédias que poderia enfrentar a humanidade".


"A ciência quântica diz que tudo que imaginamos, encontra-se disponível, e só devemos 'atrair' o que desejamos através do pensamento. A ciência prova que o pensamento é energia, e que energia é vibração, e que a vibração cria o mundo material. Nossos corpos, e todo o restante ao redor, foi e continua sendo criado através das nossas mentes coletivas".


"Muitas pessoas se exercitam, vão a academia, bebem muita água, comem alimentos saudáveis, mas vivem com raiva ou pessimismo. Assistem sempre noticiários negativos, adoram filmes de guerra, drama e violência, conversam sobre doenças, crises financeiras, guerras - estas pessoas geralmente não entendem porque ficam doentes e deprimidas. As emoções são o alimento da alma, e este alimento influencia a nossa saúde e o nosso destino completamente".


"PENSAMENTO, SENTIMENTO e EMOÇÃO devem estar alinhados. Se se moverem em direções diferentes o resultado é uma dispersão de energia, e a sua oração não será recebida por você".


"Quanto mais AMOR deixarmos fluir por nossos corpos, mais adaptados estaremos para enfrentar o que possa acontecer em nossas vidas. E podemos conduzir TODO NOSSO PLANETA, mediante nossos pensamentos positivos, em conjunto, para o melhor futuro possível."

Extraído do livro "A wakenning to zero Point" de Gregg Braden.



Faço minha imberbe conclusão. Acreditando em Gregg Braden e na "ciência quântica", absorvo o fato de que sou puro espírito. Creio em Deus, e que Ele me fez a sua semelhança, portanto, deixo de ser matéria putrefata, para me tornar um ser imortal. Daí, se morrer "esta coisa" que me envolve, se retorno para cá, ou fico em outro espaço, pouco estarei me importando. O importante é estar EVOLUINDO, e tenho certeza que só o farei com FÉ EM DEUS.

Qual o tamanho de nossas almas? Do tamanho de DEUS.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Boletim 74

ABRINDO A PORTEIRA.
O computador.

Não adianta você ser bom piloto, se o carro é ruim. Não sou dos melhores, mas como lido desde muito com essa máquina, já devia entender do seu interior. Mas não entendo nada. Fiquei mais de mês sem escrever no blog do Galo Velho, porque não conseguia "desblogar". Pode? Pois tanto pode que aconteceu. Assim perdi a "embocadura", e terei de recomeçar. Tenho certeza que o Paulo Santana tem aquela facilidade, porque escreve todo santo dia. Vocês perdoem o principiante.

GALPÃO.
Um entardecer frio.

Foi o que aconteceu outro dia, no Galpão do Galo Velho. Era o nosso Minuano assoprando gelado, enrijecendo meus dedos, penetrando as roupas, e fazendo me aproximar do fogo forte. Um "pai de fogo" crepitava, como num grito ao se transformar em cinzas. Um velho pé de eucalipto, se transformava em cinzas, plantado que fora, pelas mãos de meu velho Pai, e alimentado pela seiva da terra, que também me criou. Tudo será cinza um dia. As Torres Gêmeas viraram cinzas, a própria terra é cinza, expelida pelo fogo dos vulcões. Só na velhice entenderemos o significado da vida, que passou despercebido por toda nossa existência. A lei diz que na natureza tudo se transforma, e nada se perde. Nós nos transformaremos, mas não nos perderemos, estando com Deus em nossos corações.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Esta eu conto.

Termino me transformando em contador de histórias. Godofredo Fay de Macedo foi meu professor de português, nos idos de 1950, quando o Colégio Farroupilha se localizava na Av. Alberto Bins, em Porto Alegre, onde hoje está o Hotel Plazza São Rafael. Eu saíra formado no ginasial, no Colégio São João Batista, aqui em Camaquã, com o segundo lugar da turma, e ainda orador. Lembro o quanto me senti importante, ainda mais que foi de toga e beca, me fazendo crer que não precisava me formar em mais nada, tanto que daí, só consegui o diploma de datilógrafo. Voltando ao Godô, em uma aula ele passou uma redação, que esqueci o título. Quando distribuiu as provas com as notas, a minha nota foi 3, em 10. Ela só tinha duas correções. Olhei para meu colega do lado, pois as classes eram de dois lugares, e ele tinha a prova vermelha de tantos erros, mas sua nota fora 8. Godô perguntou se havia reclamações. Timidamente levantei o dedo, e ele me fez passar à frente da classe. Disse: "Eu sabia desta reclamação. Essa redação só tem dois erros de ortografia, mas pergunto se vocês já comeram uma laranja chocha, daquelas que a gente chupa e não sai nada. Pois esta redação é assim. Creio que minha nota foi muito alta." Por tal, faço força para dar conteúdo no que escrevo para vocês.



FECHANDO A PORTEIRA.

Corpus Cristi.

Esta expressão se traduz por "Corpo de Cristo", e é celebrado na quinta feira, após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. Ela foi instituída em 1264, pelo Papa Urbano IV. Conta a história que um sacerdote chamado Pedro de Praga, vivia angustiado por dúvidas da presença de Cristo na Eucaristia. Fez então uma peregrinação ao túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo em Roma, mas ao passar por Bolsena, na Itália, enquanto celebrava a Santa Missa, foi novamente acometido da dúvida, mas na hora da Consagração recebeu a resposta em forma de milagre: a Hóstia branca transformou-se em carne viva, respingando sangue, manchando o corporal, os sangüineos e as toalhas do altar, sem manchar as mãos do sacerdote, e a parte da Hóstia que estava em suas mãos conservou as características de pão ázimo. (Pesquisa no Google - Wikipedia)

Conto esta história por não entender, como nossa cidade de Camaquã, suprimiu este importante feriado de Corpus Cristis.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Boletim 73

ABRINDO A PORTEIRA.
O "bem-estar".
Olhem, depois de me deparar com o termo "bem-estar", lembrando do outro tempo criança ao ouvir seguidamente sua pronúncia, fui no Google e fiquei confuso. Psicologia é um negócio complicado. Li tudo e não entendi nada, faltou "massa cefálica". Bem-estar para mim é aquilo que me faz feliz. É estar de bem com a vida. Não que eu não tenha problemas. Muito pelo contrário estou repleto deles, mas estou de "bem-estar" comigo. Lógico é tudo comigo mesmo, e vou repetindo: tudo é de dentro para fora. Ser feliz ou ser infeliz está dentro de mim, não está lá fora, nas outras pessoas, ou nos problemas que me rodeiam. Então nestes momentos difíceis que estamos passando é necessário meditarmos, mas principalmente acreditarmos nAquele que nos fez à sua semelhança. Que o bem-estar habite em todos nós. Amém.

GALPÃO.
A Fazenda Sant´Anna. III
Enquanto a Fazenda Sant`Anna continuava arrendada ao Tio Adolfo, a vida corria plácida na Chácara da Vila Thereza, ou no casarão, como passou a ser chamada sua sede. Minha mana Maria de Lourdes e eu estudávamos no Colégio São João Batista, das Irmãs Bernardinas, recebendo a boa continuação da educação de nosso lar. Minha Mana, para quem a conheceu, era uma "flor de mulher", pois era além de linda, muito inteligente, culta e educada. Meus Pais eram adorados na sociedade local, por suas simplicidades, e solidariedades. Por quatro legislaturas meu Velho Mário foi vereador, e por duas vezes Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, quando não recebiam "salários", apenas o esforço por seus ideais políticos - velhos e bons tempos! Minha Mamãe que era "homeopata" distribuía sua benemerência na população carente, e como na época não havia nenhuma "entidade beneficente", além da Igreja Católica, ali ela se fazia presente a serviço de Deus. Pois Ele necessitou de seus serviços junto de si, chamando-a em 1948, com a idade de apenas 45 anos. Começava então um novo capítulo, para mim com 14 anos, e minha Mana com 18.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O grande arvoredo.
Esta aconteceu comigo.
A chácara possuía um grande e bom arvoredo, e as formigas já eram inimigas naquele tempo. A gente as combatia com uma geringonça de máquina, que era um cubo de ferro terminado em cone, com um furo na ponta, onde se colocava brasa viva, e sobre a mesma se despejava algumas gramas de "arsênico", um veneno terrível. Sobre este cone havia um fole, que soprava dentro dele, levando a fumaça para o miolo do formigueiro. Eu era o ajudante de meu Papai. Até aí tudo bem, mas minha Mamãe sempre controlando as coisas, como todas as mamães, "me pegou" chupando uma laranja após o serviço. Foi um Deus nos acuda. "Estás envenenado, e tens que vomitar imediatamente". Quebrou o primeiro ovo, separou a gema e me fez engolir a clara. Claro que a clara não desceu. Veio a segunda, e com aquela autoridade suprema e gritada fez ela descer. Que coisa terrível! Veio a terceira, a quarta e a quinta, tudo "escorregando lentamente guela abaixo", mas o vômito não veio. Claro, que não morri nem do arsênico, nem da clara, mas até hoje me arrepia ao comer até ovo frito.

FECHANDO A PORTEIRA.
Aquele "outro tempo".
Aquele meu amigo que me perdoe, mas vou "decantar" o outro tempo. Aí atrás disse que lá não havia entidades beneficentes. Vocês serão capazes de contar quantas existem hoje? Até de proteção de animais! Meu amigo, naquele tempo a gente conseguia se defender. Hoje é guerra e estamos desarmados. Só o Estado, que nos toma, nos toma, tem arma e munição para distribuir, distribuir, enquanto nos enterram vivos. Perdoem os outros, estou falando dos agricultores. Um amigo me disse certa vez, "como vamos competir com os americanos, que só têm o imposto de renda. Um produtor de lá quando colhe 100 sacos de arroz por hectare, que é o custo, não paga imposto algum, enquanto aqui se colhermos apenas um, teremos todo o imposto embutido". Perdoem, estou fechando a porteira, e debruçado no mestre, chorando...

ATENÇÃO.
No boletim 71 recebi um COMENTÁRIO do Magrinho, que esperei contestações. Peço a atenção de vocês, já que darei a minha oportunamente.

domingo, 1 de maio de 2011

Boletim 72

ABRINDO A PORTEIRA.
Vencer a morte.
Primeiro isto não deveria ser uma luta, apenas um encontro, mas meu ritual insiste na eterna contenda. Vencer a morte é entender que apenas o corpo material se transformará em pó, enquanto a alma, sendo alimentada pelo amor, subirá aos céus, para o encontro "do pelego da paz". Lá no Galpão do Galo Velho criei a imagem da "Invernada do Esquecimento", designando o além, no sentido que mais hoje ou mais amanhã, seremos esquecidos. Vencer a morte é em primeiro lugar não ter medo dela, já que costumo afirmar que só o medo mata. Vencer a morte é ter certeza na continuação, na ressurreição. Pois que assim seja, e que possamos ressurgir, para promovermos o bem à Humanidade.

GALPÃO.
Fui falar na morte, pois quero agora falar na vida. Lá no galpão do Galo Velho a vida existe na luz eterna, que tremula do fogo de chão, já que não deixo o cujo apagar. Na imagem da Nossa Senhora da Conceição, para quem não sabe a padroeira dos Azambuja, a vida das flores do campo perfumam a placa de "Paz e Respeito", sobre a qual está a foto do meu velho amigo e pai Mário, ainda sobre a foto o distintivo do seu Partido Libertador.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Meu pai costumava me contar a devoção à Nossa Senhora da Conceição. No tempo que a Vila do Duro, hoje cidade de Camaquã, nem hospital possuía, só o Dr. Ataualpa Irineu Cibils com seu cavalo, para atender o interior. A Vovó Faustina, esposa do Vovô Ney gestou 13 filhos na Fazenda da Invernada. Como chamar um médico a cavalo, na hora "h"? Só as negras velhas e muita água quente, ou morna. Papai sempre se referia que sua parteira fora N.S. da Conceição, à qual se abraçava no glorioso momento. Acho que escrevo glorioso, principalmente por ser hoje o Dia das Mães, que reverencio às demais, na imagem de minha Vovó Faustina Pereira da Silva Azambuja. Todos os filhos foram devotos dela, e meu Tio Lauro construiu uma verdadeira igreja em Santa Rita do Sul, com o nome dela, a pedido da sua esposa Maria, que também era sobrinha de Faustina.

FECHANDO A PORTEIRA.
A certeza do impossível!
Será possível que exista isto? Pois depois de conferir vários resultados de meus jogos na Mega Sena, onde o máximo que atingi foi dois acertos, creio que a "certeza do impossível" existe, já que continuo jogando. Não se preocupem, não jogo em todas, e quando o faço é apenas cinco jogos no escuro, coisa de míseros dez reais, mas fui somar e me dei conta, que seria uma bela quantia em meu bolso hoje. Sou um otário, em busca do impossível. Espero que vocês não sejam iguais a mim.

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”