ABRINDO A PORTEIRA. Ontem, hoje e amanhã.O presente, o passado e o futuro. Sempre meditei muito sobre o tempo dos verbos, mas como sou o sujeito da história fico buscando o complemento das coisas. Ainda não consegui descobrir se é o tempo que me consome, ou se eu consumo o tempo. Tudo está no tempo do verbo. O ontem, ou o passado, é que nos alimenta, enquanto o amanhã, ou o futuro, só nos preocupa. Quem vive o presente, e qual é o tempo deste presente? Ele dura uma hora, um minuto, um momento, e já é passado! Então o que é o presente? É contemplar o bater das asas da borboleta, apreciar seu colorido, e seu reflexo nos raios de Sol. Não, não é poesia, é apenas o viver, sem pensar ou programar o amanhã, pois ele não nos pertence, e nós não o faremos acontecer. Deixemos acontecer. Deus nos ofertou apenas o presente, e é nele que vamos acontecer.
GALPÃO.
O amanhã!
Recebi da Internet, sem assinatura do autor. Como gostaria de conhecer este Desconhecido!
"No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
-Você acredita na vida após o nascimento?
-Certamente que sim. Algo tem de haver após o nascimento! Talvez estejamos aqui, principalmente, porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
-Bobagem, não há vida após o nascimento. E como verdadeiramente seria essa vida, se ela existisse?
-Eu não sei exatamente, mas por certo haverá mais luz lá do que aqui... Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comamos com a boca.
-Isso é absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: a vida, após o nascimento, está excluída - o cordão umbilical é muito curto!
-Na verdade, certamente, há algo depois do nascimento. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui...
-Mas ninguém nunca voltou de lá, para falar sobre isso. O parto apenas encerra a vida. E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada da escuridão.
-Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
-Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
-Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e, através dela, nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria!
-Eu não acredito. Eu nunca vi nenhuma mamãe. Por isso, é claro, que não existe mamãe nenhuma!
-Bem , mas às vezes quando estamos em silêncio, podemos ouvi-la cantando; ou sentimos como ela afaga nosso mundo... Saiba, eu penso que só depois de nascidos nossa vida será mais "real", pois ela tomará nova dimensão. Porque aqui, onde estamos agora, apenas estamos nos preparando para essa outra vida..."
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O taura Belamino. (IIº Capítulo)
"Vários gaudérios tinham prometido a ela, até mesmo, uma tropa de gado, o melhor prêmio dos rodeios, ainda que fosse só para sorver-lhe uma gota só, do precioso líquido perfumado e misterioso de um beijo seu, e nada... ingrata como ela, todos morreram de sede.
Muita bota, já havia sido gasta pelos salões das redondezas, mas ninguém até agora, conseguira, a não ser por uns minutos, tê-la ou vê-la, em seus braços endiabrados e fugazes pelos salões. A sua beleza era tanta que já havia ultrapassado fronteiras e, muitos, vinham de longe, só para vê-la. Outros, ficavam de tocaia, ao redor do rancho do Seu Demenciano, descobertos, passavam muitos dias, a curar as feridas, dos tiros de garrucha-de-sal, dados nos traseiros dos gaudérios em fuga, pela pontaria certeira do velho Demenciano.
O nome da rapariga tornou-se lendário e, com o tempo, o Salão dos Demencianos, passou-se a chamar-se o Salão da Ana Maria. Nome dado a ela, por seu velho pai, em homenagem aquela mulher de outrora, grande guerreira, linda e meiga como ela só, a mais valente das catarinenses-gaúchas: Anita Garibaldi.
Belarmino sabia da existência da bela prenda e havia prometido tê-la com ela um dia, custasse o que custasse, houvesse o que houvesse e disse consigo mesmo: é hoje, o tempo chegou.
Encilhou o cavalo, arrumou os aperos, jogou mais alguns trastes sobre os pelegos, enroscou nos bastos do arreio uma viola afinada, acariciou o pelo negro do cavalo crioulo, e foi dando de rédeas lá prá direção dos Demencianos.
A noite, parecia que também conspirava. Havia um silêncio no ar, onde cada passada do cavalo, prenunciava-se como algo nunca acontecido. O quero-quero altaneiro do rincão, de repente jogou-se no ar do poente, a fim de dar passagem a um cavaleiro que parecia levar o destino. Lá longe, um cachorro perdido, acuava para a solidão do além, numa noite pachorrenta e enfumaçada.
Passo a passo, cavalo e cavaleiro, formavam uma coisa só, indo em direção a grande encruzilhada da vida, no movimento incerto dos dias que ainda não aconteceram. Belarmino, "cuera de sete costados" havia bolado um plano, a seu ver, infalível, porque naquela época, "mulher roubada" era de pleno consentimento social, era o jeito, o que fazer, nem que quisesse não poderia haver devolução. Mulher roubada, era mulher usada! E Belarmino já ajeitava os bigodes dos doces beijos que levaria."
(continua no próximo capítulo)
FECHANDO A PORTEIRA.
Apenas enviando as bênçãos de PAZ E RESPEITO do Galo Velho, a todos vocês, rogando que saibam beber as gotas preciosas do presente, presente de Deus.