domingo, 18 de setembro de 2011

Boletim 82

ABRINDO A PORTEIRA.
Quem sou eu?


Sei que é difícil abordar o assunto, por sua amplitude. Eu não existo! Meu filho Magrinho está sempre reclamando que não devo falar na primeira pessoa do singular, e agora venho afirmar que eu não existo... Na realidade, como não sei falar dos outros, falo de mim mesmo, que me parece ser o mais sensato. Se eu existo é porque existe alguém mais no mundo. Imaginemos que eu estivesse sozinho na Terra. Seria então um animal, com um nome qualquer. Esta linha de raciocínio, se deve a uma pesquisa que fiz na criação do Banco de Alimentos, idealizado pela Senhora Luciana Chinaglia Quintão, que assim se manifestou: "Somos nós que, através de nossos atos, sentimentos e pensamentos, criamos a realidade dentro de nossa casa, dentro dos nossos relacionamentos, de nossa comunidade, cidade, país, continente e planeta. Tenho a convicção que "Somos Todos Um", no sentido em que tudo e todos estão relacionados".

GALPÃO.
Respeito.


Outro dia formou-se uma roda galponeira ao redor de um fogo forte, aquentando este inverno danado, que parece não acabar nunca. No braseiro uma costela e uma paleta de ovelha, que foram engolidas com mistura de arroz com feijão, roubados da Dona Jane. Uma roda de chimarrão corria pela direita, enquanto uma de canha, do 5º do Cangussú, corria pela esquerda. Nestas horas se faz a charla campeira, e é exatamente aí que costumo "entreverar" o serviço. Era o primeiro dia de três lenhadores desconhecidos, que se hospedaram em uma casa da vila, de quem eu não sabia sequer o nome. Então vai conversa e vem conversa, quando apontei para a placa de madeira entalha com a frase - RESPEITO - dizendo para eles: "Se eu não respeitar vocês, vocês não irão me respeitar, mas se vocês não me respeitarem eu também não os respeitarei. Entendido?". Foi fim de papo, e não restaram dúvidas de como eles iriam se comportar.





HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.


Ainda as caçadas.


Aí está abaixo a barraca de beduíno, o caprichoso amigo Willy Hoff mateando uma das intermináveis mateadas, e a natureza lhe abraçando. Parece que "naquele tempo" o tempo não corria como hoje, ou a gente tinha mais ocasiões para meditar. As caçadas eram em todos os fins de semana, durante a temporada de caça, e até mesmo nossos aniversários eram festejados junto da Mãe Natureza, quase um desrespeito aos familiares. Lá, tínhamos os mesmos problemas de hoje, e as caçadas eram as mesmas fugas de hoje. Benditos problemas!


FECHANDO A PORTEIRA.


Se não existo...


Então não sou dono de nada. Fico imaginando, que só me pertence aquilo que guardo dentro do meu coração, que é um pequeno ou grande cofre, conforme as riquezas que constituo. Vamos nos transformar em Reis Magos, ofertando ao Menino Jesus todo nosso ouro, mirra e incenso, para ficarmos apenas com Deus em nossos corações.

Um comentário:

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”