domingo, 18 de março de 2012

Boletim 95

ABRINDO A PORTEIRA.
A Competição.

O homem nasceu competindo com o outro. Hoje é a mulher que entrou nesta luta. Lembro bem de um tempo recém passado, quando ela competia por sua beleza e habilidades domésticas. Ao que se sabe só peleou uma Joana D´Arc, e uma Anita Garibaldi, mas hoje elas estão em todas as lutas, e os homens encantados, se curvam ante suas musculaturas das pernas, braços e "glúteos". Receio que com o passar do tempo, e só espero estar "fora" deste tempo, elas passem a se vingar das surras que receberam dos homens.



GALPÃO.

Sady Sherer.

Sady era filho do Tio Emílio, e isto há muito tempo passado (imaginem que hoje sou amigo de seus tataranetos). Ainda buscarei as datas. Ele deixou em Camaquã uma linda descendência, assim como uma obra desconhecida de muitos. Além de homem ético, bom chefe de família, trabalhador, distinto e bonito, como todos os Scherer, era pedreiro, carpinteiro, ferreiro, encanador, pintor, eletricista e agricultor. Sua história de construções ficou no esquecimento, assim como aquelas do André Lempek. Sady construiu a casa do Adriano Scherer, seu tio, e muitas outras em Santa Rita do Sul, como o prédio do engenho de arroz e os depósitos. Construiu a seda das fazendas Santa Tereza e Sant`Anna, sendo que o fato marcante é que todas suas obras, ainda estão "de pé", passado quase cem anos.



HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

O Cel. Sylvio Luiz Pereira da Silva.

Certa feita, no bar do Preto Hotel, em Porto Alegre, estava formada a roda dos beberrões, sob o comando do "folclórico" Cel. Sylvio. Ainda cedo da noite chega o Dr. Montenegro Barbosa, juiz de Direito em Camaquã e fazendeiro em Tapes, mas conhecido abstêmio. Ali chegava para tratar de assuntos de negócios com o Coronel, na compra de reprodutores herefords. Após os cumprimentos, o Coronel lhe oferece uma bebida qualquer, ao que ele agradece, dizendo que não iria beber nada. O Coronel caudilho lhe retruca: "Na minha frente ninguém fica sem beber. PH (era o nome do garçom) traz um copo de leite para o Montenegro".



FECHANDO A PORTEIRA.

O Galo Velho.

Ano passado, um artista, pintor, Mauro Guelmo Rocha apreciando a fotografia do Galo Velho, o Cristino Gonçalves, a mesma que enfeita o cabeçalho desse blog, fez uma bela pintura em Pastel Seco, no papel alemão, que foi premiada em exposição de artes na cidade de Tapes, e que terminou em uma das paredes da Câmara de Vereadores daquela cidade. O blog circulou, terminando por parar nas mãos do vereador Nelson Pinzon, da mesma cidade, que ao se comunicar comigo, perguntou quem era aquele negro velho, como pedindo uma justificativa para sua "aparição" naquela casa de edis. Respondi: "A presença deste negro é a expressão da FORÇA, único elemento de sustentação da existência humana na época, quando a população rural era de 90%, sem o comércio e a indústria dos dias de hoje, que inverteu, fazendo o campo ficar com apenas 10% da população. Ele ali está numa mangueira de gado, junto a um brete com uma aguilhada à mão direita, e uma faca carneadeira atravessada na "passarinha", a ferramenta que alimentava o homem do seu tempo".

Um comentário:

  1. Cel. Silvio Luiz Pereira da Silva

    Grande figura, homem de um senso de humor incrível: Certa feita, num churrasco lá no Galpão da Fazenda Flor da Praia, vários convidados, alguns de Porto Alegre, um desavisado conversando com o Coronel, perguntou-lhe se era coronel do Exército ou da Brigada, ao que respondeu-lhe imediatamente e em tom bem alto .....meu amigo, eu sou é "Coronel das Mulheres".......risada geral no Galpão....!

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”