O frio do Rio Grande do Sul.
O ano de 2011 ficará na história por seu forte inverno, fazendo os mais velhos lembrar de outros tempos, de "priscas eras". Não existiam aquecedores além do fogo campeiro, e os fogões caseiros alimentados à lenha, quase todos eram colocados no centro das cozinhas, tamanha as lidas às suas voltas. Ali, como ainda hoje em alguns lares, era a peça mais ocupada pela família. Os campeiros sofriam muito, pois a riqueza daquele tempo era o couro vacum, e uma das obrigações era courear, principalmente no inverno, quando aumentava o número de mortes dos animais. A melhor "coberta" para aqueles brabos minuanos era o churrasco gordo e a cachaça, e o melhor de tudo, os doutores não haviam descoberto o mal, que estas duas coisas boas faziam para a saúde.
GALPÃO.
O frio nos galpões.
A hospitalidade, ou sociabilidade gaúcha, muito deve ao rigor de nossos invernos. Ao redor de um fogo de chão é que o atavismo de nossa raça desperta, com o calor das labaredas nos cernes que buscaram seivas no chão da pátria gaúcha. Em boletim anterior contei, que na era glacial, os homens peludos disputavam uma caça, quando o Criador dos Mundos jogou uma faísca sobre um toco de árvore seca, incendiando-o, e aqueles bárbaros sentiram que era bom, formando a primeira reunião social da Terra. Assim são as nossas reuniões gaúchas, quando os sentimentos de tradição desperta, reconhecendo que somos um só, na Liberdade, Igualdade e Humanidade de nossos anseios.
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM .
Vou contando...
Na década de 90 passei cinco anos trabalhando no interior do Rio de Janeiro, plantando uma grande lavoura de arroz irrigado. Pra início de conversa, eles não usam fogo nunca, "um prum lado o outro pra outro". Levei muito gaúcho para lá, e contratei outro tanto de carioca. Certo dia um me disse: "O senhor é o primeiro patrão que me aperta a mão. Gaúcho é mesmo diferente". O homem já era bem mais velho que eu, mas lhe respondi: "Claro que somos diferentes. Lá o que é ruim e não trabalha morre no inverno, enquanto vocês aqui criam qualquer porcaria. Basta um chinelo de dedos, uma camisa física e um calção. Mas não te ilude meu amigo, o patrão gaúcho aperta a mão do empregado, para saber se ele é trabalhador, apalpando os calos de suas mãos".
FECHANDO A PORTEIRA.
Ainda o frio...
Ando com muito frio, ou meu sangue perde as forças. Então, quando a gente abre o jornal não dá outra, é só frio e geada fina. Chegam a falar em bater o record dos -7º no Estado. O brabo não é a mínima, é a máxima ficar entre 7 e 11º, frio dia e noite. Pois fui falar que isto é bom, então "guentemos, como dizia Honório Lemos".
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