segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Boletim 86

ABRINDO A PORTEIRA.
Qual o sentido da vida?
Sei que será difícil para muitos lerem estas coisas "pesadas", mas creio que fazem parte da vida. Para aqueles que gostam de pensar, procurando outro caminho, que não seja o da "boa vida", peço me acompanhar num raciocínio simples: "o que levamos desta vida?" Poderão até mudar o sentido da frase: "o que buscamos nesta vida?" Antecipo-me à vocês: "busco amar a todas as criaturas, e só fazer o bem, desejando Paz e o Respeito, lema do Galpão do GaloVelho". Você crê em alma? Então Roberto Shinyashiki diz: "Escute sua alma, ela tem a orientação sobre qual caminho seguir".

GALPÃO.
Voltando ao mate.
Outro dia na beira de um fogo forte, no Galpão do Galo Velho, voltou a conversa do mate. Não gosto de comentar como se faz um mate, pois já tomei mate com um gringo, que fez uma "batida" da erva dentro do porongo, depois armou o mate, e que baita mate! Então, cada um que faça seu mate como melhor lhe prover, entretanto, nosso dever é manter as Leis do Mate. A primeira delas: "Mate não se pede". Tempos atrás recebi na Sant´Anna um amigo, que lá fora comprar uns terneiros. Trazia uma térmica de baixo do braço, e uma cuia de bom mate na mão. Terminou com a água, e pediu que esquentasse mais uma térmica para ele. Fiz, e entreguei a ele, sem que me ofertasse um só mate. Não me ofendi, pois mate não se pede, se oferta. Aquele amigo podia muito bem se sentir doente, buscando matear sozinho. Agora, se ele chegasse em minha morada, logo lhe ofertaria um mate, que é símbolo da hospitalidade gaúcha. Normalmente a gente agradece, quando nota que é mate de família. Numa roda de mate, entretanto, não se recusa o serviço a quem quer que seja, cabendo agradecer, em se notando que tem algum gaúcho "mal lavado".

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A faca e o computador.
Observem a faca na "passarinha" do campeiro Galo Velho, estampada neste boletim. Ela era a ferramenta de ontem, que hoje foi substituída pelo computador. Não riam. Naquele tempo tudo era feito com a faca, "instrumento" do dia a dia, que cada um queria ter a melhor, como os computadores de hoje. Quando não era para carnear, depois de sangrar, era coureando, já que naquele tempo, morria muito bicho nos campos. Quem sabe para picar um fumo em rama, sovar uma palha de milho para o cigarro, abrir uma manta de charque, pelar o couro de um porco, para picar um bom toucinho, cortar um palito para os dentes, pelar um espeto, cortar uma guanxuma para uma vassoura. Churrasquear então, que era o que mais se fazia, as facas não descansavam. Hoje se vê pouco gaúcho com faca na cintura, pois os serviços acima referidos não existem mais. Até mesmo quando morre algum animal no campo, ele é enterrado como os defuntos, evitando as "carniças" e os urubus, animais "transmissores" das doenças. Viva os bons tempos modernos, como diz um amigo meu, mas jamais esqueçamos o passado, que nos construiu os dias de hoje.

FECHANDO A PORTEIRA.
O fim de mais um ano.
Pois entrando em um shopping de Porto Alegre, deparei com um verdadeiro Natal, o que me reportou ao fim de 2011. Ainda me parece sentir o gosto daquele espumante, quando da entrada deste novo século. Felizes de nós, que estamos assistindo, e que possamos ser agradecidos ao Senhor dos Mundos, que por ser Criador de Todas as Coisas, nos diz que nada nos pertence. Nem mesmo aprendemos a cultivar o verdadeiro amor em nossos corações, único bem que poderemos carregar para o além.

Um comentário:

  1. sobre os tantos tipos de mate: me surpreendi um dia desses, aqui em Floripa, com um primo meu, mergulhão da gema, fazendo um mate mais do que diferente - mate de lages, me disse, que fazem, em geral, quando viajam de carro. Provei e gostei. Até experimente fazer alguns em casa. Os inventores enchem primeiro a cuia com a metade de água (morna), já com a bomba dentro. E depois colocam a erva até a boca, por cima da água, que fica boiando. Então, eles botam pra esperar. De pouco a pouco a erva vai descendo e se adaptando. Poca demora, se vai dando as primeiras chupadas. Não se mexe na bomba. Na medida em que se coloca a água caliente, o "furo" vai se fazendo por si mesmo. No mínimo curioso. Grande abraço.

    ResponderExcluir

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”