No dia 27 de janeiro de 1927 surgia no Rio Grande do Sul, o sonho de um transporte mais rápido na zona sul do Estado, onde não tínhamos a linha férrea, a qual foi o marco de desenvolvimento da zona norte. Foi mais fácil vencer as montanhas, do que o monte de rios de nossa várzea sulina. Este sonho foi concretizado com a compra do hidroavião Dornier Wal, o "Atlântico", quando Otto Ernst Meyer, ex-oficial da Força Aérea Alemã na I Guerra Mundial, viajou à Alemanha, firmando acordo com a Condor Syndikat no fretamento do Atlântico. Naquele dia 27 de janeiro ele amerissou (a gente sabe que o Guaíba não é mar, mas vai assim mesmo) no estuário do Guaíba, para espanto dos portoalegrenses. Sete dias depois, ou seja, no dia 3 de fevereiro o Atlântico fez sua primeira viagem à Rio Grande, com apenas dois passageiros, Guilherme Gastal e João Oliveira Goulart, e algumas malas postais. O voo consistia numa escala em Pelotas. A equipe consistia de um mecânico e segundo piloto, Franz Nuelle e um engenheiro Max Sauer. * Dados colhidos no "Almanaque Gaúcho" do jornal a Zero Hora de 15.o3.2011.GALPÃO.
A história do "Baaaa!" gaúcho.
Vou repetir lá de um boletim passado, afinal velho está sempre repetindo... Aquele hidroavião Atlântico àcima descrito, fazia a rota Porto Alegre-Pelotas-Rio Grande, que eram na época as cidades mais populosas do Estado. Considere-se ainda que a região é muito alagada, além da Lagoa dos Patos, outras pequenas lagoas e vários rios, onde o Atlântico facilmente desceria. Por uma questão de segurança e economia de voo, o Atlântico voava a pouca altura, sempre sobre a Lagoa dos Patos. Contam então, que dois gaúchos pescavam tranquilamente à margem da lagoa, quando passou baixo aquele bruto "pássaro voador", portando o prefixo BAAA, tendo um deles gritado "Baaaa!". Desde então a gauchada se acostumou a usar o "baaa!".
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Mais histórias do Atlântico. Também é repetição, hoje estou impossível! Certo dia o Atlântico voava de Pelotas à Porto Alegre, quando sofreu uma pane no seu motor, descendo na Lagoa do Guaraxaim. Os dois pilotos alemães o amarraram numa árvore, saindo a procura de gente. Deram num rancho, onde foram informados, que havia uma grande fazenda ali perto, para onde foram conduzidos numa carroça. Era a Fazenda da Quinta, propriedade de meus avôs maternos, Centeno Pereira da Silva. Depois da recepção e identificações num "portukes" medonho, foram alojados no "quarto de fora", onde era costume se hospedar estranhos. Quando um empregado chegou convidando-os à jantarem, perguntaram onde seriam servidos, e informados que seria na Casa Grande, ali bateram à porta, e para a surpresa da família estavam trajando smooking. Imaginem o susto daqueles meus parentes, que mesmo sendo ricos eram dotados de grande simplicidade. Mas a história só terminou dois dias depois, quando foram conduzidos ao local que haviam deixado o Atlântico, e para espanto de todos ele lá não se encontrava mais. Roubo! Só se acalmaram, quando o "próprio", que fora enviado à Vila São João de Camaquã, retornou com a notícia que a Varig havia rebocado o avião para Porto Alegre, após darem falta do mesmo.
FECHANDO A PORTEIRA. Deixo a porteira aberta... É tanta história, que vou deixar a história da Fazenda Sant´Anna para o próximo boletim.
Depois de ter sido sucateado, só teria restado do Atlântico uma hélice, que está hoje no antigo Museu da Varig.
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