terça-feira, 5 de abril de 2011

Boletim 70

ABRINDO A PORTEIRA. Fundação da Várig. No dia 27 de janeiro de 1927 surgia no Rio Grande do Sul, o sonho de um transporte mais rápido na zona sul do Estado, onde não tínhamos a linha férrea, a qual foi o marco de desenvolvimento da zona norte. Foi mais fácil vencer as montanhas, do que o monte de rios de nossa várzea sulina. Este sonho foi concretizado com a compra do hidroavião Dornier Wal, o "Atlântico", quando Otto Ernst Meyer, ex-oficial da Força Aérea Alemã na I Guerra Mundial, viajou à Alemanha, firmando acordo com a Condor Syndikat no fretamento do Atlântico. Naquele dia 27 de janeiro ele amerissou (a gente sabe que o Guaíba não é mar, mas vai assim mesmo) no estuário do Guaíba, para espanto dos portoalegrenses. Sete dias depois, ou seja, no dia 3 de fevereiro o Atlântico fez sua primeira viagem à Rio Grande, com apenas dois passageiros, Guilherme Gastal e João Oliveira Goulart, e algumas malas postais. O voo consistia numa escala em Pelotas. A equipe consistia de um mecânico e segundo piloto, Franz Nuelle e um engenheiro Max Sauer. * Dados colhidos no "Almanaque Gaúcho" do jornal a Zero Hora de 15.o3.2011.

GALPÃO.
A história do "Baaaa!" gaúcho.
Vou repetir lá de um boletim passado, afinal velho está sempre repetindo... Aquele hidroavião Atlântico àcima descrito, fazia a rota Porto Alegre-Pelotas-Rio Grande, que eram na época as cidades mais populosas do Estado. Considere-se ainda que a região é muito alagada, além da Lagoa dos Patos, outras pequenas lagoas e vários rios, onde o Atlântico facilmente desceria. Por uma questão de segurança e economia de voo, o Atlântico voava a pouca altura, sempre sobre a Lagoa dos Patos. Contam então, que dois gaúchos pescavam tranquilamente à margem da lagoa, quando passou baixo aquele bruto "pássaro voador", portando o prefixo BAAA, tendo um deles gritado "Baaaa!". Desde então a gauchada se acostumou a usar o "baaa!".

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Mais histórias do Atlântico. Também é repetição, hoje estou impossível! Certo dia o Atlântico voava de Pelotas à Porto Alegre, quando sofreu uma pane no seu motor, descendo na Lagoa do Guaraxaim. Os dois pilotos alemães o amarraram numa árvore, saindo a procura de gente. Deram num rancho, onde foram informados, que havia uma grande fazenda ali perto, para onde foram conduzidos numa carroça. Era a Fazenda da Quinta, propriedade de meus avôs maternos, Centeno Pereira da Silva. Depois da recepção e identificações num "portukes" medonho, foram alojados no "quarto de fora", onde era costume se hospedar estranhos. Quando um empregado chegou convidando-os à jantarem, perguntaram onde seriam servidos, e informados que seria na Casa Grande, ali bateram à porta, e para a surpresa da família estavam trajando smooking. Imaginem o susto daqueles meus parentes, que mesmo sendo ricos eram dotados de grande simplicidade. Mas a história só terminou dois dias depois, quando foram conduzidos ao local que haviam deixado o Atlântico, e para espanto de todos ele lá não se encontrava mais. Roubo! Só se acalmaram, quando o "próprio", que fora enviado à Vila São João de Camaquã, retornou com a notícia que a Varig havia rebocado o avião para Porto Alegre, após darem falta do mesmo.

FECHANDO A PORTEIRA. Deixo a porteira aberta... É tanta história, que vou deixar a história da Fazenda Sant´Anna para o próximo boletim.

Um comentário:

  1. Depois de ter sido sucateado, só teria restado do Atlântico uma hélice, que está hoje no antigo Museu da Varig.

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”