terça-feira, 25 de julho de 2017

Boletim 365.

ABRINDO A PORTEIRA.
A VARIG.
Já tratei do assunto, quando contei a história do "Atlântico", primeiro hidroavião da Varig, ligando Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, voando sobre a Lagoa dos Patos. Otto Meyer foi o fundador da Varig, e junto com o primeiro funcionário dela, Rubem Berta, remavam o barco que levava os passageiros para o embarque lá na Ilha Grande dos Marinheiros. O primeiro voo foi em 3 de fevereiro de 1927, marcando o primeiro voo comercial no Brasil. Além dos dois pilotos tripulava um piloto-mecânico, que fazia reparos nos motores Roll Royce em pleno voo. O tempo de voo entre Porto Alegre e Pelotas era em torno de duas horas. 
Certamente evoluímos muito.

GALPÃO
TEIMOSIA DE AZAMBUJA – II

                 A fazenda mãe da família Azambuja foi a Invernada, localizada às margens do Banhado do Colégio. Local de difícil acesso, por seus campos alagados inverno e verão. Ali nasceu a geração de meus avós, pai e tios. 
                    Um terrível Sol de verão fazia calar os pássaros, e tremer o horizonte sem fim da grande vázea. Na frente da estância, na sombra de um cinamomo, o chimarrão corria de mão em mão, na busca de aplacar a sede daquele velho Coronel Ney, e seus filhos, entre eles meu tio Neyzinho. O açude ali perto refletia o brilho forte do Sol, emoldurado pelos galhos caídos dos salsos chorões da pequena ilha. Contemplando o calmo das águas, o Cel. Ney disse:
                - Olhem que grande jacaré boia ali no açude.
                - Aquilo não é jacaré, é toco Papai. Retrucou tio Neyzinho.
              Não é necessário dizer que se armava um circo. É toco. É jacaré. Não é jacaré. É toco. Entrou mais parente na teima e ferveu o angu. A coisa esquentava e já era um griteiro. No meio do rebuliço tio Neyzinho, desrespeitando o próprio calor, saiu de mansinho na direção do galpão retornando encilhado no seu tordilho cabos negros, já com o laço armado. Foi um tiro certeiro na “coisa”. Ninguém se animava a chegar pra beira do açude, pelo desconforto do dia. Veio então de arrasto para a beira do aramado, onde se incorporaram as noras, netos e empregados do severo caudilho, um grande e lustroso toco, para a contemplação dos teimosos. Tio Neyzinho berrou:
                - Então Papai não disse que era toco!
                Pondo fim ao desconforto de tudo, o velho caudilho sacou do seu grande 44 descarregando-o, sobre o “pobre e indefeso” toco, aos gritos: 
                        - Tira este bicho daqui!.
(Não esqueçam que aí tem o "dedo" do meu tio Fay).


HISTÓRIA QUE VOU CONTAR.
A autoridade.
Vou contar uma experiência de vida. Fui criado junto de fortes autoridades - Meu Pai e meu Avô Ney. Senti a dor dos relhaços, chicotadas, "cintaços", só não recebi "tamancaços". Naquele tempo tudo era na força do braço, e hoje o braço não necessita mais de força, pois a máquina chegou. Já meus filhos só apanharam bolos nas mãos, quando mentiam, as quais deveriam ser ofertadas, e ainda ouviam a frase "vai doer mais em mim do que em vocês". Hoje os filhos não apanham mais, e isto não quer dizer que não exista mais autoridade. A autoridade desenvolve respeito no outro, e por tal aprendi respeitar os meus ancestrais. Hoje os filhos apreendem o respeito pela conduta ética e moral de seus pais, que é transmitida em diálogos amorosos, na correção do comportamento de seus filhos. 
Certamente estamos evoluindo.
(Destramelei... - o dicionário não aceita esta palavra, mas quer dizer: abri a tramela, 'tranca da porta', e abri o bico...)
 
                                                     

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”