domingo, 23 de julho de 2017

Boletim 364.

AZAMBUJA TEIMOSO - I

 Esclareço que estas histórias das teimosias de Azambuja, tem um cunho especial do meu saudoso tio, José Olavo Fay, casado com uma Azambuja teimosa, Marieta, irmã de meu Pai. Tio Fay era um homem muito perspicaz, e enfeitou as teimosias dos Azambuja. Creio que já foram publicadas, mas na dúvida vai novamente.
  
        O silêncio só era quebrado pelas passadas firmes do venerando Coronel Ney Xavier Azambuja, casado com Faustina Pereira da Silva, uma das donas da grande Fazenda da Quinta. Ele passeava pela sala da fazenda, com as mãos atrás do corpo, caminhando cabisbaixo e concentrado no serviço do dia seguinte, enquanto Mário, o mais velho de seus filhos, lia uma revista sentado na cadeira de espaldar alto, absorto na sua leitura.
        A casa grande tinha sua frente para o poente, descortinando a imensa várzea com seus banhados, e uma natureza viva que brilhava naquele fim de dia, com o céu encoberto num prenúncio de chuva. Então o Cel. Ney interrompendo seus passos, chegando junto da janela disse:
          - Mário, reparaste como o Sol está se pondo mais cedo?
        O filho olhou para o relógio de pêndulo da parede, e conferindo as horas, respondeu:
        - Não Papai, o Sol ainda não entrou. Deve estar oculto por alguma nuvem.
        Formou-se a discussão, com o velho caudilho teimando que o Sol havia entrado e, terminando por prevalecer sua vontade , se retraindo o filho, pela maneira incisiva com que o Pai se portava.
         Os passos do venerando fazendeiro continuaram pela sala, agora ainda mais pesados pela importância de sua autoridade. Foi quando algum tempo depois o último raio de Sol entrou na sala fazendo com que Mário dissesse:
        - Então Papai, não disse que Sol ainda não tinha entrado?
        Abruptamente, e mais forte ainda, o soberbo caudilho respondeu sem se dar por perdido.
        - Então é porque ele saiu de novo, pois àquela hora ele havia entrado.
                                       


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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”