sábado, 22 de julho de 2017

Boletim 353.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

MEUS TROFÉUS ROTÁRIOS

         Outro dia contemplava meus troféus rotários, recém polidos, que luziam amarelados ao brilho da pouca luz. Buscava descobrir não sei o que além deles. Minha neta, que acompanhava inteligentemente meu olhar, fez uma referência à riqueza daquele ouro todo. Entendi que era uma tentativa de agradar o avô, que havia consertado sua boneca. Não consegui resposta e permaneci na muda contemplação. Quantos eram? Quantos anos de Rotary? Lembrei então das minhas vaidosas caminhadas até chegar ao “podium”, na escuta atenta das palmas fortes, cansadas palmas e, as não palmas. O abraço apertado do presidente, meu retorno à cadeira, sua exposição à minha frente, e depois a prateleira fria.
         A neta não se conteve com meu silêncio. Queria entender, e na tentativa de uma explicação, pergunta: “Vô, quanto eles valem?”   Pensei um pouco sobre a inútil resposta – “eles não tem valor meu anjo. São simples troféus, e troféus são lembranças”. Por saber que ela não entenderia, termino por afirmar: “Sim meu anjo, são tesouros de imensos valores”. Parecendo satisfeita, seu semblante se ilumina num largo sorriso. Meus cinqüenta anos após a minha neta me faz saber, que os meus valores são diferentes dos dela. Nossa contemplação pode ser a mesma, mas os pesos de nossas medidas são diferentes. Ela ainda não possui vaidades e, se as tem, felizmente não aprendeu a contemplá-las. Rogo a Deus que quando as tiver, saiba avaliá-las apenas com os olhos da sabedoria.
         “Contemplarei sempre meus troféus rotários. e tentarei descobrir neles além das minhas vaidades, as mudas palmas dos Companheiros que partiram, mas aplaudem forte quando acerto.”

         Finalmente descubro um olhar de orgulho em minha neta. Sou um homem imensamente rico diante de seus olhos, pois tenho muito ouro. Meu Deus Criador permita que eu continue pela vida juntando deste ouro. Serei muito mais rico ainda diante dos olhos da minha neta, quando ela descobrir o verdadeiro valor desta riqueza. Amar-me-á muito mais, ao saber que ninguém poderá comprá-lo, e que seu valor é resultado de um comportamento ético. 

(O escrito de 1990 estava perdido em uma folha de papel).

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”