ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
MEUS
TROFÉUS ROTÁRIOS
Outro dia contemplava meus troféus rotários, recém polidos, que luziam amarelados ao brilho
da pouca luz. Buscava descobrir não sei o que além deles.
Minha neta, que acompanhava inteligentemente meu olhar, fez uma referência à riqueza daquele ouro todo. Entendi que era uma tentativa de agradar o avô, que
havia consertado sua boneca. Não consegui resposta e permaneci na muda
contemplação. Quantos eram? Quantos anos de Rotary? Lembrei então das minhas
vaidosas caminhadas até chegar ao “podium”, na escuta atenta das palmas fortes,
cansadas palmas e, as não palmas. O abraço apertado do presidente, meu retorno
à cadeira, sua exposição à minha frente, e depois a prateleira fria.
A neta não se conteve com meu silêncio.
Queria entender, e na tentativa de uma explicação, pergunta: “Vô, quanto eles
valem?” Pensei um pouco sobre a inútil
resposta – “eles não tem valor meu anjo. São simples troféus, e troféus são lembranças”. Por saber que ela não entenderia, termino por afirmar: “Sim
meu anjo, são tesouros de imensos valores”. Parecendo satisfeita, seu semblante
se ilumina num largo sorriso. Meus cinqüenta anos após a minha neta me faz saber, que os meus
valores são diferentes dos dela. Nossa contemplação pode ser a mesma, mas os pesos de
nossas medidas são diferentes. Ela ainda não possui vaidades e, se as tem,
felizmente não aprendeu a contemplá-las. Rogo a Deus que quando as tiver, saiba
avaliá-las apenas com os olhos da sabedoria.
“Contemplarei sempre meus troféus
rotários. e tentarei descobrir neles além das minhas vaidades, as mudas palmas dos Companheiros que partiram, mas aplaudem forte quando acerto.”
Finalmente descubro um olhar de orgulho
em minha neta. Sou um homem imensamente rico diante de seus olhos, pois tenho
muito ouro. Meu Deus Criador permita que eu continue pela vida juntando deste
ouro. Serei muito mais rico ainda diante dos olhos da minha neta, quando ela descobrir o verdadeiro valor desta riqueza. Amar-me-á muito mais, ao saber que
ninguém poderá comprá-lo, e que seu valor é resultado de um comportamento ético.
(O escrito de 1990 estava perdido em uma folha de papel).
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