ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O Galpão.
(Um texto velho, copiado de um velho boletim)...
Balbino Marques da Rocha poetiza assim: “Meu santuário de fumaça, onde às vezes desencilho. Faço um altar de lombilho, do fogo a reminiscência, e cultuo a dor da ausência no oratório do passado. Galpão onde eu fui fedelho corpeando tala de relho, tirando raspa de tacho. Templo de fogo vermelho, onde os avós se reuniram e de onde a cavalo partiram para uma cruzada de macho...”.
Pois é ali que cultuo o respeito, pela ausência daqueles que partiram. Não encontro dor, e creio que isto é pelo fato de ter sofrido muito ao me despedi da Mamãe com apenas quatorze anos de idade. Não entendia das coisas, pois só quando se fica velho, na aproximação da porta final é que perdemos a dor pela morte, entendendo que ela nada mais é do que a passagem para um novo tempo. Sabem aquelas fotos de família antigas, grandes, desbotadas e com as molduras corroídas? Pois elas estão lá no Galpão do Galo Velho, moldurando uma parede que chamam de Parede dos Mortos, que para mim é dos vivos, pois eles olham para os olhos da gente, numa permanente comunicação de amor. Então, acendo perfumes, deposito flores do campo, e faço orações. Não há medo, há respeito. Fixo-os, sabendo que um dia também fixarei vocês, com amor, respeito e proteção.
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