quarta-feira, 24 de junho de 2015

Boletim 228

ABRINDO A PORTEIRA.
 
O perdão.
Certamente já abordei o tema, mas como ele é uma das virtudes humanas, por tal é essência de vida. Já escrevi em algum lugar que não existe virtude fácil, todas elas são de difícil execução, e certamente o perdão é uma das mais difíceis. Minha religião católica tem me dado ótimos ensinamentos  sobre o perdão, como por exemplo, aquele de ofertar o outro lado da face, o que ainda não aprendi. O perdão faz bem para quem perdoa, pois o perdoado nada recebe em troca, principalmente se não dissermos a ele que o perdoamos. Como é bom quando a gente esquece uma ofensa recebida. O revide, razão de tanta guerra mundo à fora, é provocado em razão do não perdão. O revide, por maior que tenha sido a surra no outro, só irá fazer mal para aquele que revidou, pois um dia teremos de prestar contas de nossos atos.
 
GALPÃO.
O cachorro.
Não creio em uma fazenda sem cachorro hoje em dia. Além de ser o melhor amigo, ele é o melhor dos guardas, principalmente durante a noite, pois parece que não dormem nunca. Antes de ser apelidado de Galpão do Galo Velho, ele se chamava Galpão dos Bichos, pois meu Papai criava muita ovelha, e muito guacho foi ali criado, além dos muitos cachorros, gatos, no equilíbrio dos ratos, corujões de orelhas, cavalos encocheirados, vacas de leite, e outros bichos, pois o galpão não tinha porta. Agora olhem a pose gauchesca do namorado de minha neta, namorando o galpão:
  
 
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 Marcações VI.
O rodeio está cerrado, e é ainda muito cedo da manhã. Convido vocês para continuarmos a navegar. Qual a primeira preocupação? Ela é a mais velha de todas as preocupações: o que vamos comer? Era muita gente, já falei em coisa de trinta viventes. Qual o pão daquelas pessoas? Carne. Então do rodeio saía uma novilha, para ser laçada, carneada, espetada, enquanto outros faziam fogo forte numa capoeira de mato ali por perto. Faca minha gente era o computador de hoje, e como eles manobravam a danada! Até os espetos elas fabricavam. Sem faca morreriam de fome, como os jovens hoje morreriam de tédio sem o computador. Ainda navegando, tenho absoluta certeza, que aquele serviço pesado era prazeroso, principalmente porque eles não tinham qualquer outro problema, o que hoje chega a tirar nossa alegria de simplesmente viver. Enquanto a maioria seguia no serviço da marcação, outros preparavam o almoço, que era somente carne, e gorda, sem outro acompanhamento, do que um trago de canha, que essa sim, dava para carregar nos arreios.  

 
 
FECHANDO A PORTEIRA.
 
Nossos lares.
Creio que já escrevi lá atrás não encontrar definição para ele. Parece por vezes que é tudo, nada mais importando, mesmo que sejamos apenas dois velhos, num lar sadio, cheio de esperanças. Foi assim que retornamos à ele, depois de mais uma hospitalização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”