domingo, 3 de maio de 2015

Boletim 221.

ABRINDO A PORTEIRA.
Aniversários.
Data que procuramos marcar com amor. Data que tentamos juntar os familiares e amigos, para uma comemoração qualquer. Na verdade hoje não conseguimos juntar muita gente, andamos esparramados num mundo que cresce a cada dia. No meu último (claro, o que passou, pois irá se passar muitos outros...) após uma breve oração, com as mãos dadas ao tremular a luz de um toco de vela no centro, pedi para fazer um discurso:
"Vocês buscam me fazer feliz. Vocês e aqueles que não estão presentes. Dois filhos, três noras-filhas, quatro netos, dois futuros bis-genros (sei, a palavra não existe), e muitos e muitos amigos. Saibam no entanto que vocês todos me fazem feliz nos 365 dias do ano, e nas suas 24 horas, mesmo estando distantes de mim. Isto porque sei da conduta social de todos vocês, no desempenho ético de suas profissões, no zelo amoroso familiar, na conduta correta social, na dedicação ao estudo escolar, e no amor que cresce com a bondade habitando o coração de todos. Obrigado por vocês me fazerem gente". 
GALPÃO DO GALO VELHO.
Teu lume.
A tradição de teu lume aceso dia e noite fica cada vez mais difícil, como difícil é a habitação da residência do fazendeiro lá no campo. Primeiro porque não temos estradas. No verão é o trânsito dos caminhões, que hoje são enormes carretas, e no inverno nem é bom falar. Assim pouco aquento o teu lume, bebendo a fumaça das chamas vivas, de cernes de eucaliptos plantados por meu Papai. A foto abaixo já foi publicada, mas é nela que minha imaginação viaja ao cepo rústico junto do fogo de chão de meu galpão.
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
As marcações.
Essa história eu conto:

Não vou me reportar as marcações campo à fora, ou de rodeios, porque não as conheci, apenas ouvi contar. Conto as marcações de mangueira quando ainda não haviam inventado os tais de bretes, e era sempre no mês de maio. Mangueiras grandes e de pau à pique, com uma só porteira de varas de correr, onde se penduravam couros vacuns para "espantar". Depois do gado emangueirado se formava duas filas de campeiros, a direita e a esquerda da porteira, ficando os guris e os maturrangos logo na saída, enquanto os verdadeiros pealadores ficavam no final, pois por eles nada passava. Dois peões entravam a cavalo na mangueira e soltavam os terneiros, um a um, todos taludos, até sobre-ano. Derrubado com o pealo, um dos mais fortes pegava da cabeça que era torcida, outro apertava o vazio com o joelho, enquanto outro colocava um laço na pata e esticava. Vinha logo o grito: "Olha a marca marqueiro!" Enquanto ela chegava, aquele que apertava o vazio castrava se fosse macho, outro assinalava na orelha e aparava a cola. Se a marca não estivesse quente, o marqueiro gritava: "Aperta manheiro". Isto porque marca em brasa não precisa ser apertada. Cenas que assisti criança na Fazenda da Invernada, de meu Avô Ney Xavier de Azambuja.
FECHANDO A PORTEIRA.
E eu havia prometido não escrever muito... 





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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”