O bolo de aniversário do Galo Velho.
Por vezes a sensibilidade dos convivas do Galpão fica ferida. Foi o que aconteceu no último dia quinze, quando comemoramos o 40º aniversário do Venerável Mestre João Milan, da nossa querida Centenária e Simbólica Loja Maçônica Vanguarda. Então, depois de muita ceva, chimarrão, prosa e graça (chegaram até se engraçar com as pernas do escrevente, só porque com 76 aninhos elas não tem celulite, não viram as varizes, os elogios em excesso me colocaram de costas contra a parede!), depois de muita alegria naquela feliz confraternização, chegou a hora do bolo de Parabéns à Você. Apagada as luzes entrou um Irmão com a vela acesa sobre ele, e a cantoria foi entoada com força, vindo depois o sopro no seu apagamento. Acendida as luzes, foi aquela estupefação - o bolo era de bosta - uma das tradições do galpão! Rústico e simples como ele próprio, além de grande, seco, e sem cheiro. Puro simbolismo, ao qual dou definição: Bosta para nossos campeiro é simbolo da fartura. Quanto maior é porque o bicho conseguiu encher o bucho, e olha que nossos bolos são grandes, até de dois e três andares. Dizem que lá no nordeste eles são pequeninos, pequeninos...
Aí está o acontecido:

GALPÃO
5ª Lei - Mercância.
Deveria dizer comércio, mas não quero ferir meus amigos comerciantes, que tem livre acesso ao Galpão do Galo Velho. Não tenho nada contra os comerciantes, mas é balda do galpão não permitir "mercância" ali dentro. Acho que isto coloca um de frente ao outro, e ali estamos todos ombro a ombro. Certa feita meu amigo Atílio Manzzolli, que além de dono da Manlec é meu vizinho de propriedade, entrou no galpão com seu capataz, e meu ex, Luiz Pires, dizendo que queria olhar uns terneiros para comprar. Disse que entrara em porta errada. Era o lusco-fusco de um sábado, e eu cozinhava uma galinha com arroz. Atílio falou: “Para Fernando, eu estou com pressa”. Retruquei que era ainda pior, pois ali não era lugar de apressado. Mostrei-lhe uma estradinha, dizendo que por ali fosse, quem sabe encontraria o Luis Mário. O homem se parou sério dizendo: “Vai ver que terei de sentar”. Respondi que já estava se comportando melhor. Sentando sentenciou: “Acho que vou tomar um trago de canha”. Foi então hospitaleiramente servido na Taça da Amizade. Algum tempo depois ao se despedir, e sem realizar a tal "mercância", confessou que havia gostado do chão, e que retornaria. Conto o “causo” para entenderem a PAZ do galpão. Chegou apressado e nervoso, certamente pelo negócio, e saiu calmo, tranqüilo, deixando conosco o bem que conduzia em seu coração.
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM - 17
O Compadre Folharada.
Certo dia, quando a floresta enfrentava uma forte seca, restava água somente num lagoão. Ali o malvado do Compadre Tigre se parou, dizendo para a bicharada: "Todos podem beber, só quero é pegar o Compadre Macaco, quando ele chegar para matar a sede". A Comadre Tartaruga foi a primeira que chegou, entrando na água meio desconfiada, cuidando daquele bicho brabo pelo rabo do olho. Depois de beber saiu lentamente, naquela marcha cadenciada, para contar ao Compadre Macaco o que estava lhe esperando. O coitado ficou desesperado, pois já estava louco de sede. Depois de muito pensar saiu a procura de uma colméia de abelha, à qual colocou fogo, pondo o enxame em fuga. Pegou do mel e se lambuzou todo, logo após se rolando nas folhas mortas do chão, que ficaram coladas nele. Morto de sede encaminhou-se ao lagoão parecendo um bicho do outro mundo. Logo ao se aproximar foi interrogado pelo Compadre Tigre. "Oi Compadre Folharada, quem é o senhor?". Calado, pois se falasse seria reconhecido, o tal Compadre Folharada chegou na água e chulepe que chulepe, matando a sede desesperadamente. Mas o Compadre Tigre se aproximava cada vez mais, sempre perguntando. "Mas Compadre Folharada de onde o Senhor veio, nunca vi bicho igual". O Compadre Macaco já com a sede aplacada foi pego de surpresa por um forte redemoinho de vento, que lhe tirou as folhas do corpo. Foi então aquela correria. Já te pego, já te largo campo à fora, numa disparada maluca. Quando passaram por uma árvore, já sentindo o bafo do Compadre Tigre na bunda, ele pulou num galho por onde subiu, e lá de cima fazia morisqueta com as duas mãozinhas abertas diante do nariz, sacudindo os dedos. "Oi bobalhão. Tu não vai me pegar nunca, bobalhão". O Compadre Tigre de tão brabo botava fogo pelas ventas.
FECHANDO A PORTEIRA.
Vou fechar falando em maçonaria, para não retornar mais ao assunto. Ela anda ultimamente em evidência, graças ao Dan Brown e sua obra "O Símbolo Perdido". O homem resolveu desvendar nossos segredos, como se eles existissem! O único segredo é sermos uma entidade fechada. O Rotary, Lions e outros também o são, pois lá ninguém pede para entrar, somos nós que escolhemos os sócios, que passam por um crivo terrível, não só na cidade da Loja, mas em todo o Estado. Não necessitamos fazer propaganda de maçonaria, pois as Lojas estão repletas, e cada vez surgem mais e mais Lojas. Aos profanos vou dar uma curta definição: "Maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica e progressista, cujas finalidades principais são: a busca da VERDADE, o estudo da MORAL e a prática da FRATERNIDADE UNIVERSAL". Não é preciso dizer mais nada, mas por favor não levem como propaganda, pois eu com 46 anos de prática maçônica seria expulso.
teste
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