ABRINDO A PORTEIRA.
Resignação.
O ano 2009 terminou, e navegamos agora no 2010, depois de darmos uma volta ao redor do Sol, na incrível velocidade de 100.000 quilômetros por hora. Um lindo passeio, sem necessidade de pagarmos embarque em uma nave espacial. Se o tempo nos consome, devemos agradecer ao Grande Arquiteto a oportunidade de vida. Sei que foi muita festa, e eu deveria ter feito uma para o Ano Passado, justamente por ele ter passado. O maula me levou dez amigos(as) em suas águas, e ainda inundou cidades e lavouras. Seu inverno começou em maio só amenizando em outubro. A crise mundial botou lenha na crise brasileira, enquanto o nosso presidentezinho continua dizendo impropérios à sua classe baixa, como se ela pudesse pagar a conta dos mensalões, mst, bolsa família, e outras roubalheiras.
Entro em 2010 clamando aos céus para que as coisas sejam apenas normais, nem muito, nem pouco. Equilíbrio é a gangorra da vida, permitindo os corações baterem compassados, as mentes serenarem, o relógio do tempo bater mais lento, gozarmos de umas férias mais longas, bebermos o amor nos olhos dos entes queridos, mas principalmente para que possamos deixar a resignação de lado. Fui no amansa buscar sua definição - paciência o que acho muito legal - conformismo não gosto deles, nem dos inconformados - coragem para enfrentar as desgraças - creio que ainda não é desgraça, mas se continuar assim será. Que Deus permita deixarmos a resignação da lado.
GALPÃO.
4ª Lei - Porta Aberta.
Não consigo imaginar um galpão fechado. Assim me criei no galpão do meu avô Ney Azambuja, lá na Fazenda da Invernada, e creio ser ele o primeiro símbolo de HOSPITALIDADE. Assim também era o galpão da Quinta, da Santa Tereza e todos os outros que conheci. Imaginem uma madrugada fria e chuvosa, o vento minuano entrando corpo a dentro, e um gaúcho gaudério chegando nas casas. Todo mundo dormindo, e ele sem pensar em pedir pousada entra no galpão com cavalo e tudo, desencilha o pingo soltando-o para o potreiro. Atiça o fogo e nele chega a chaleira, mata a sede e aplaca a fome com seu mate amargo. Depois estende os pelegos perto dele, faz travesseiro do lombilho e, uma Boa Noite.
Assim era num outro tempo. Claro que hoje as coisas são diferentes, e tem muito maleva de “a pé” e mal intencionado. O próprio Galpão do Galo Velho já foi furtado e arrombado várias vezes. Costumo repor as coisas nos seus lugares, perdoar os “mortos de fome” e seguir os mesmos e velhos costumes, para não perder a tradição. Vou mais para bobo do que para esperto, evitando que a esperteza me engula um dia. Tenho rezado ao Criador para me transformar num Galo Velho, conservando a pureza no meu interior, não imaginando que alguém possa lograr minhas boas intenções.
No galpão haverá sempre lenha empilhada, para ser consumida nos dias de chuva. Também uma cuia, bomba, erva, e além das chaleiras, duas cambonas e um trago de canha, mantendo assim o verdadeiro sentimento do gaúcho - hospitalidade.
Antigamente ele era chamado Galpão dos Bichos, pois meu pai criava muita ovelha, e os guachos ali encontravam abrigo e o leite da mangueira. Galpão dos Bichos, Galo Velho, meu Templo Sagrado és minha imagem de carinho, no amor por aqueles que partiram para a Invernada do Esquecimento, aquentando na noite eterna a prece de PAZ e RESPEITO.
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM - 16.
Histórias do Compadre Macaco. Elas me foram contadas por meu Pai, eu contei aos meus filhos, e meus filhos aos meus netos. Certamente serão conhecidas de muitos de vocês, mas o que desejo é gravá-las, já que nunca as encontrei em qualquer livro.
O Compadre Folharada.
Havia uma imensa e linda floresta virgem, num tempo em que não havia o homem para cortar e queimar seus galhos. No seu seio corria um rio de águas límpidas, e os animais se comunicavam, vivendo em perfeita harmonia, falando uma linguagem que vamos traduzir para a nossa. De todos os bichos o mais amado era o Compadre Macaco, que por ser o único a possuir mãozinhas, costumava ajudar os demais quando necessitados. Até mesmo o rei dos animais, o Compadre Leão o adorava, pois certa feita tendo um espinho cravada em uma das patas foi o Compadre Macaco, que lhe salvou a vida. O único animal que lhe odiava era o Compadre Tigre, que dele tinha ciúmes e vivia dizendo que iria lhe pegar para comer inteirinho.
Certo dia .... (vou deixar a história para outro boletim, para não roubar espaço).
UMA CHARLA.
Plantando.
Ele era agricultor, e sua lavoura deveria ser plantada no período certo. Chovia, e chovia muito. Tudo estava atrasado, e ele cada vez mais se desesperava. A chuva continuava mais forte. Veio a enchente, inundando sua casa. Ele lembrou da família, que deveria ser removida, enquanto a chuva não parava. Havia perdido a lavoura, e temeu perder a própria família. Só então lembrou de Deus. Ele o príncípio fica em nossos pensamentos somente no fim. Ele a semente espiritual, para os bons frutos em nossos pensamentos, não é adubado, cuidado, amado, enquanto pensamos na matéria, apenas na matéria. Que Ele nos perdoe, e nos abençoe, junto de nossas famílias. Amém.
FECHANDO A PORTEIRA.
Quando me achico, me escondo dentro do peito misturando meus medos e sustos, descobrindo um outro lado da matéria, que sequer foi conquistada com meus esforços. Não dependeram da minha inteligência, das minhas forças, da minha cara e dos meus semelhantes. Recebi de graça numa oferta anônima, resultado do AMOR, da doação, sacrifício, resignação e FÉ. Bastou olhar ao meu redor, como cada um de vocês poderá fazer, enxergando UM LAR SADIO, UMA ESPOSA AMANTE, FILHOS, NETOS, e vários punhados de parentes e amigos. Todos em torno de um presépio de LUZ, na oferta do eterno renascer.
Obrigado SENHOR, nós nos ofertamos.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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Galo Velho
- Galpão do Galo Velho
- Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
- Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”
Eu preciso ler o final da história do Cumpadre Macaco, afinal, foram estas histórias que, com certeza me ajudaram a desenvolver minha criatividadee fantasias! Por horas e horas viajava no meu mundinho quando escutava... Lembro de muitas delas, cada detalhe... não é porqu sou festeira e gosto d noite, mas adorava @as festas do Cumpadre Macaco, quando ele convidava a bicharada e o Cumpadre Tigre sempre tentando alguma proeza!!!
ResponderExcluirTe amo vo... tu mora no meu coração!!!