sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Boletim 35

Abrindo a Porteira.
Deveriam...
O Natal se aproxima, lembrando o nascimento do Menino Jesus, e deveria ser uma data alegre. A Páscoa também deveria ser uma data triste. Deveriam. Sempre as interpretei pelo contrário, e creio que muitos de vocês também. Talvez por rotariano, quando no Natal vamos às praças atender um monte de crianças necessitadas, costumo encarar Natal com tristeza. E a Páscoa? Certamente somos envolvidos por um “feriadão”, e fazemos dela uma festa. Passeamos, fazemos compras, nos divertimos. O comércio com sua "ânsia" nem fecha mais. Pertenço ao tempo em que só se ouvia música fúnebre nos rádios, sendo que a quinta feira também era de “luto fechado”. Imaginem que no Sábado de Aleluia, quando Ele ainda estava morto, fazíamos muita festa com matanças e churrasqueadas. Como não gosto destas interrogações, já que passei uma adolescência com a cabeça cheia delas, busco agora afastá-las da minha velhice. Prefiro pensar em afirmações – No Natal somos envolvidos pelo sentimento da generosidade, coisa rara e difícil, nos levando ao entristecimento, enquanto na Páscoa, com o Seu ressurgimento no terceiro dia, somos levados a uma Nova Vida, esquecendo os dissabores desta terrena. Assim penso, fazendo afirmações.

GALPÃO
Quanto as Leis do Galo Velho
3ª Lei - O Fogo.
Por que o mantemos sempre aceso? Quando o homem era ainda animal peludo, vivendo na idade do gelo, certa feita se encontraram ao redor de uma caça recém abatida, grunhindo e lutando por um pedaço de carne. Foi quando o Senhor dos Mundos armou um grande temporal, caindo dele uma faísca e acendendo uma tora, que se encontrava por perto. Ela ardeu em fortes labaredas de fogo, e eles sentiram que aquilo era bom. Aproximaram-se aquentando os corpos cansados, e aquela foi a primeira reunião social da humanidade, e descobriram que aquilo era bom.
Assim o Galpão do Galo Velho conserva o fogo sempre aceso, buscando reunir os campeiros em torno da chama viva, não só para aquentar os corpos, mas para simbolizar o mais ativo e puro elemento da Terra, que é fonte de energia e purificação. Além de tudo é a representação da luz, que iluminou nosso nascer, e será a chama votiva, que nos acompanhará à uma Nova Vida.

Histórias que me contaram - 15.
Origem da Fazenda da Quinta.
História,com "h" maiúsculo, do meu amigo João Luiz Horta Barbosa, de uma pesquisa sua.
A Fazenda da Quinta foi desmembrada da sesmaria Flor da Praia, e recebida por Faustina Maria Centeno, nascida em 01-07-1804, na Freguesia de Triunfo, filha do Sargento–Mor Boaventura José Centeno e de Dna. Antônia Joaquina Gonçalves da Silva, irmã do Gal. Bento Gonçalves. Faustina era casada com o português João Luiz Pereira da Silva, conhecedor da arte da enxertia, que fez o grande pomar que deu o nome a Fazenda da Quinta. Conhecemos três de seus filhos, ignoramos a existência de outros.
1) Antônio Luiz Pereira da Silva – ainda não pesquisado.
2) Boaventura Luiz Pereira da Silva, nascido em 26-01-1829 em Camaquã, casado com Júlia César Centeno, e por falecimento desta, casou em 2ª núpcias com Isabel Eufrásia de Oliveira Guimarães, nascida em 30-05-1846 no Boqueirão onde também casou em 08-12-1867. Isabel Eufrásia foi a terceira filha de Perpétua (filha do Gal. Bento Gonçalves e Caetana) e de Inácio Oliveira Guimarães. Dos seus quatro filhos destacamos o Cel. Boaventura Luiz Pereira da Silva Júnior, chefe do Estado Maior do Gal. Zeca Netto, e pai de Dona Isabel Silveira da Silva, viúva de Dorval Ribeiro, progenitores do nosso vizinho e amigo Cláudio da Silva Ribeiro e Ieda Ribeiro Karan. Boaventura Júnior faleceu em Camaquã em 29-04-1887, com a idade de 58 anos.
3) Francisco Luiz Pereira da Silva, que aprendeu a arte da enxertia com seu pai e continuou a grande quinta. Casou com Tereza(?), constituindo dois filhos:
A) Adolfo Luiz Pereira da Silva, que casou com Anna América Centeno, proprietários da Fazenda da Quinta, e tiveram quatro filhos: Thereza Centeno Azambuja que casou com o primo Mário Silva Azambuja, pais de Luiz Fernando e Maria de Lourdes: Maria Centeno Azambuja que casou com o primo Lauro Silva Azambuja, sem descendência; Sylvio Luiz Pereira da Silva que casou com Morena Pereira, pais de Gladis Terezinha Pereira da Silva, e seu último filho foi Francisco Luiz Pereira da Silva, que casou com uma irmã de Morena, Ivone Pereira, pais de Marco Antônio e Cesar Augusto.
B) Faustina Pereira da Silva, que casou com o Cel. Ney Xavier Azambuja, proprietário da Fazenda da Invernada, com larga descendência, que será tema de outro boletim.

Uma Charla.
Ainda o Mate
Encontrei no livro de Raul Annes Gonçalves, algumas observações sobre o mate que desejo divulgar.
1.- O chimarrão com leite. Esta eu não conhecia. Ele detalha o mate em roda de mulheres, quando é servido leite quente no lugar da água, sendo que ao leite deve ser acrescidos açúcar, canela e erva doce. Acho mesmo que é de se experimentar, pois deve ficar gostoso, mas só para mulheres.
2.- A pessoa que serve o mate (o cevador) é que deve levar o mate a quem serviu, e até mesmo traze-lo de volta quando o convidado tiver terminado de matear. Particularmente não concordo, pois acho que o cevador deve levar o mate até o convidado, mas quando este termina de matear, deve levantar para devolver.
3.- Quando a cuia fica muito tempo parada, antes de se fazer novo mate, deve-se colocar algumas brasas em seu bojo, e logo em seguida despejar água fria. Tenho presenciado este gesto no Galo Velho, quando o João Vigano vai cevar o mate.
4.- Esta o meu amigo João Vigano costuma repetir no galpão, quando se está aquentando água sobre os tições – “Chaleira sobre o tição, tomará mate ou não!”.
Creio que este assunto do mate não terá fim. Serei contestado, assim como o escritor Annes Gonçalves também será, pois o costume do mate recebe variações de uma região para outra. Sei que já falei em outro boletim do gaúcho de Venâncio Aires, que anda de “moto-home” percorrendo o Rio Grande, divulgando a arte do chimarrão, carregando consigo um arsenal de cuia, bomba e erva, e juntando ao seu redor um amontoado de gente curiosa de como se faz um bom chimarrão. Portanto, peço aos leitores que me auxiliem na divulgação da mais linda das tradições gauchas.

Fechando a Porteira.
Muitos amigos estão curiosos com o que seja o Galpão do Galo Velho. Temo que pensem em algo diferente da sua simplicidade, o que me faz publicar duas fotos do ambiente fumacento. Já descrevi a sua singeleza, quando lembrei poetas. A primeira foto é do abraço de 52 anos de feliz convivência amorosa com a Jane, ladeados pela melhor de nossas construções - Luis Mário, o "Castiano" e o Júnior, o "Magrinho". Na outra foto está o Júnior junto de sua filha Fernanda, minha "Pichirica", primeira neta, mostrando a "parede dos mortos". As fotos datam dos meus 60 anos, em 1994. Mas cuidem, afirmarei sempre: só os que sentem a “egrégora superior” entenderá e saberá apreciar o silêncio e a paz profunda, que reina em suas paredes. Por mais barulho, festa, comilança, beberagem, música e alegria, sempre estaremos envolvidos pela Proteção Superior.



2 comentários:

  1. Mesmo de má qualidade, as fotos são lindas para mim. Relembram o tempo da ingenuidade, pureza e candura. Foi ontem. Muito bom lembrar. Energia boa pra todos. Azambuja Jr.

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  2. buenas seu Fernando tudo tranquilito este e o galpão do galo velho bueno que nem dinheiro achado qualquer hora vamos bolear a perna por ai e tomar um mate dos buenos abraço. orkut gilmardoval@hotmail.com

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”