Creio que é esta ânsia de escrever (coisas de Centeno), que me faz procurar o teclado, minha única formação técnica. Quem sabe estou sem o que fazer? Nossos espíritos são criativos, e o meu foi feito a "imagem e semelhança do Senhor", como todos os de vocês, portanto, criemos. Vou lapidando espaços brancos, preenchendo pensamentos, encontrando-me aqui, perdendo-me ali, mas sempre na busca da Eterna Verdade. Sabemos que ela está ao nosso lado, ou à nossa frente, quem sabe vem logo atrás, mas o melhor mesmo é crer que ela está dentro de nós. Estaríamos assim nos aproximando da verdade de Sócrates - "conhece-te a ti mesmo", pois se fomos feitos à Sua imagem, Ele mora dentro de nós, e passaremos a conhecer um pouquinho dEle. Se procurássemos por nós mesmo, sem desprezar os semelhantes, seríamos muito, mas muito mais felizes. Não custa tentarmos, é só aprender a meditar.
O Galpão
Quanto as leis do Galpão do Galo Velho.
1ª Lei - Respeito. Encontrei no "amansa" do Silveira Bueno a definição: "veneração, submissão". Procurei por veneração: "culto". Pronto. Lembrei de quando afixei a placa de PAZ E RESPEITO, ajudado pelo Júlio Machado, naquela parede que chamam "dos mortos". Não tinha ainda percebido a imensa profundidade das duas palavras. Ali realmente é um local de culto, e o maior de todos os cultos que praticamos é o da tradição gaúcha. Por que? Porque dentro dele não rompemos com os costumes dos nossos antepassados. O fogo é no chão; a porta sempre aberta; a chama não apaga; a água é aquentada em cambonas, onde se faz também o café de chaleira; os bancos são de couros rústicos; a roda do mate e a roda da canha une os campeiros ao relincho das éguas encocheiradas. Ali não temos distinção de raça, religião e partido político. Somos todos irmãos, culto ou ignorante, pobre ou rico, branco ou preto, na mescla da amizade forjada na lida do campo, onde o suor do patrão se mistura com o do empregado. Este RESPEITO GAÚCHO surgiu nas refregas guerreira, quando na carga de lança era o patrão que ia à frente, conduzindo na fé de seus ideais, a bandeira da Igualdade, Liberdade e Humanidade, princípios básicos da vida riograndense. RESPEITO é receber com fidalguia aquele que chega pra perto do fogo, dividindo o muito ou o pouco que se possua, acatando quem seja e que idéias tenha. Com o RESPEITO manteremos as amizades, e só com ela o Mundo alcançará a PAZ.
Histórias que me contaram - 13
O Figueirão da Fazenda da Quinta. (Boletim n° 10)
Há um grande figueirão na Fazenda da Quinta, bem junto da cabanha de crioulos do Luis Mário. O fato ocorreu aproximadamente em 1935, quando a Sant`Anna estava nos arremates de sua construção, aos cuidados do Sady Scherer. Plácido era um aguador do Adriano Scherer, casado com uma linda "castiana", mas não iam bem de casamento, pois falavam que ele não "cuidava bem" da mulher. Nestas horas sempre acontece. O Sady passou a "arrucinar" a tal castiana, e terminou acontecendo. Certo dia, Plácido descobrindo o crime, cometeu um crime maior. Enquanto um casal de joão-de-barro se amava num rancho de carinho, ele estrangulava a mulher, pendurando-a depois num caibro da bolanta, simulando suicídio. Foi à Fazenda Sant`Anna ao quarto do Sady, provavelmente para cometer outro crime, mas lá encontrando meu Papai passou a chorar, dizendo que a mulher havia se matado. Minha Mamãe, aficionada de Aghata Christie, depois de conferir a cena do crime afirmou à Papai, que a mulher não havia se matado, pois o banco colocado junto do corpo não estava caído, e encostava nos pés da morta, e morto esperneia ao morrer. Mamãe influenciou o guarda que atendeu a ocorrência, termindo por Plácido confessar o crime, e dizendo que a havia matado por amor. Que Deus tenha piedade de sua alma, pois amor não mata.
Uma charla.
Ainda o mate.
Agora registro realmente as Leis do Mate. Elas existem e devem ser cumpridas.
1ª - Nunca se pede um mate, ele deve ser ofertado. Trata-se de um direito do cevador de matear sozinho. Ninguém deve se ofender quando o mate não lhe é ofertado. Entretanto, na roda de mate ele corre solto, não podendo ser excluido nenhum dos vivente, o que será considerado ofensa. O gaúcho da roda poderá ser desdentado, gripado ou até aidético, que o mate lhe será ofertado. Cabe agradecer, se excluindo de beber naquela roda.
2ª - O "ronco da cuia". Creio ser mais um gesto de educação, que outra coisa qualquer. Ao devolver a cuia para o cevador é necessário fazê-la roncar, demonstrando assim que não se deixou resto na mesma. A vivência campeira diz que roncando, o mate não ficará entupido, ou mesmo pesado ao ser sorvido.
2ª - O "ronco da cuia". Creio ser mais um gesto de educação, que outra coisa qualquer. Ao devolver a cuia para o cevador é necessário fazê-la roncar, demonstrando assim que não se deixou resto na mesma. A vivência campeira diz que roncando, o mate não ficará entupido, ou mesmo pesado ao ser sorvido.
3ª - Salvo quando a roda é íntima, não se deve reclamar do mate, pois cada um faz ao seu gosto, principalmente quanto a temperatura da água. Cabe ao vivente dizer "obrigado", o que quer dizer que não deseja mais se servir do mate.
4ª - Raul Annes Gonçaves diz que a roda do mate é da direita para a esquerda. Não diz com que mão ele é servido, mas logicamente será com a direita. O cevador, destro, segurará a cuia com a esquerda e a térmica ou chaleira com a direita, trocando pois de mão ao servir. Sempre considerei o lado esquerdo do corpo como o positivo, o lado do coração, mas parece que os campeiros assumindo o gesto da direita, ofertam a força, na pujança do Rio Grande do Sul.
4ª - Raul Annes Gonçaves diz que a roda do mate é da direita para a esquerda. Não diz com que mão ele é servido, mas logicamente será com a direita. O cevador, destro, segurará a cuia com a esquerda e a térmica ou chaleira com a direita, trocando pois de mão ao servir. Sempre considerei o lado esquerdo do corpo como o positivo, o lado do coração, mas parece que os campeiros assumindo o gesto da direita, ofertam a força, na pujança do Rio Grande do Sul.
5ª -Mexer na bomba. Nunca se deve mexer na bomba do mate, fazendo movimentos com ela, imaginando que assim o mate ficará mais solto. O desastre de um mate entupido piora ao se mexer na bomba. Dou uma dica. Ao entrarem numa roda de mate observem se o vivente que o bebe está fazendo força, então recusem. Para se mexer na bomba de um mate tem de pedir licença ao cevador. Conheci um compadre de meu irmão Alaor Rodrigues, que se arreliava com a sua comadre, que costumava mexer em sua bomba. Certo dia ele "palanqueou" a bomba com um arame ao redor do bojo da cuia, e foi uma graça ver a coitada fazer força em vão.
Muito bom tudo isso, a história da morta da figueira, e mais as dicas da roda do mate. Quanto a estas, estarei (citando a fonte) republicando no Orkut, na comunicade "TOMO CHIMARRÃO, LOGO EXISTO" que por essas do destino, e sem querer, estou de "dono" - por enquanto. Parabéns e um grande abraço.
ResponderExcluirAs leis do mate pude escuta-las de cor e sautiado, contadas nos dedos uma a uma enquanto tentava preparar meu chimarrão para ser tomado na Olavo Moraes, são ótimas!!!
ResponderExcluirMas ótimas mesmo, são tuas histórias e filosofadas, muito bem escritas, não pelo português, mas por te enxergar direitinho quando as leio!!! te amo meu amorzão, tu mora no meu coração!!!