domingo, 29 de outubro de 2017

Boletim 381

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
As recolutas.
Hoje recebi na Fazenda Sant`Anna quatro gaúchos da vizinha Fazenda da Quinta, de propriedade do amigo José Augusto Netto Bezerra, que lá chegaram bem montados, mas não bolearam a perna, porque a cachorrada estava braba. Fui logo dizendo: "Já sei vocês estão em recoluta, e por tal estão em casa. Façam o serviço." Fiquei com vontade de contar a história abaixo para eles, mas o tempo não permitiu.
Quando das grandes recolutas, se aparava rodeio para entregar animais com marcas estranhas, e muitas vezes ocorria o diálogo: "Sei, a vaca e sua, mas o terneiro é meu, com minha marca, quando desmamado, na próxima recoluta podem levar a mãe". 
Os campeiros naquele tempo, em que as divisas das propriedades consistia apenas nos marcos de sesmarias, eram empregados de confiança dos patrões, e moravam com suas famílias em locais estratégicos, chamados de Posteiros. Além de trabalharem cuidando dos animais do seu Posto, cuidavam para que o gado do Patrão não passasse para o campo vizinho mas, não se importavam que o gado do vizinho passasse para o campo do patrão, já que isto era problema do outro posteiro. Havia uma lei que permitia marcar o animal nascido no seu campo, mesmo que a mãe não fosse de sua propriedade. Meu bisavô, Francisco Luiz Pereira da Silva, na época proprietário da Fazenda da Quinta, por três vezes vendeu todo o gado da grande fazenda, despovoando seus campos, sabendo que novos animais ali chegariam, pois a natureza do animal faz com que ele paste com a cabeça voltada para a aguada, a Lagoa dos Patos. 
O Galo Velho, Cristino Gonçalves, era posteiro da Fazenda da Quinta, e ele é que me contava estas histórias. 

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”