ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A arte de concordar.
Depois de muitos anos com problemas
auditivos, tinnitus, zoeiras, tonteiras, audição confusa, me dei conta que
tenho concordado demais. Fica ruim pedir repetição daquilo que nos dizem,
principalmente sentindo aquele olhar de desprezo: “o cara ainda é surdo!”. Então o melhor é concordar.
Tirei daí alguns ensinamentos. Tenho
sido mais agradável às pessoas. Elas se sentem felizes com minhas
concordâncias. Quando o assunto é política então, sinto-me o mais admirado dos cristãos. O
outro fica pensando que estou do lado dele. No futebol e religião é a mesma
coisa. Em família muito melhor, afinal os filhos e os netos já estão criados, e com eles a comunicação é com o coração.
Certa feita, depois de ouvir uma longa
confidência de um grande amigo lhe respondi: “Olha, fui teu muro de lamentações, espero que
tenha sido proveitoso o teu desabafo. O principal será refletires sobre tuas
próprias palavras, pois a solução está dentro de ti mesmo. Eu não saberia agir
por ti. E para tua segurança, saiba que guardarei sigilo”. Creio que minhas
concordâncias surdas funcionam da mesma forma. As pessoas têm necessidade de expor
seus pontos de vista, e ao fazê-lo já trazem suas razões formadas, que serão
para elas muito melhores que as minhas. Contrariá-las resultaria em conflito. É
pensando nisto que te sugiro não discutir. Se o cara estiver com a razão, dá para concordar, e se estiver errado, pouco ou nada irá adiantar tua discordância. O brabo é ficar surdo e concordando com o cara te ofendendo.
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