sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Boletim 234.

ABRINDO A PORTEIRA.
Meus medos.
Os mais graves foram meus medos quando criança. Não sabia manobrar com eles, e por muitas vezes quase chegaram no pavor. Lembro daquele pavoroso medo de morrer. Morrer por nada, sem identificação de uma doença ou acidente, pois o medo maior era de não acordar no outro dia. Pode? Felizmente aquela inexperiência infantil não me deixou sequelas. Depois, quando maduro, enfrentei muitos outros e variados tipos de medos, que foram vencidos pela firmeza encontrado na minha família. Sempre ao enfrentarmos um problema devemos ter um apoio, caso contrário iremos cair. Bueno, agora já velho continuo com meus medos. Na verdade eles não "gritam" mais em meus ouvidos (acho que estou ficando surdo), e vou aprendendo a deixá-los à distância. Vocês jovens não imaginam como é bom ficar velho. Tentem, cuidando de suas saúdes.

GALPÃO.
Uma poesia.
Sei que muitos não se dão bem com as poesias, principalmente aquelas longas, e declamadas com furor, mas quando se tem um amigo como eu tenho, Júlio Macedo Machado, que me brinda com seus versos, a gente tem de tirar o chapéu.

Lembrança do Galo Velho, na Fazenda da Sant`Anna, alma pura e soberana.
Peão campeiro e de coragem, deixou seus gritos na imagem, e na lembrança do Patrão. Galo Velho este galpão, foi feito em tua homenagem.

Este galpão tem história. Eu trago dentro do peito, onde a Paz e o Respeito,
é o lema do bom Patrão. Lareira, fogo de chão, não apaga noite e dia,       com a sua caloria, aquece qualquer peão.

Banqueta feita de couro, um cepo de cerne de aroeira. Água quente na chaleira, pra cevar o chimarrão. Caipira com limão, tem charque pro carreteiro. O Saroba é bom cozinheiro, sabe lidar num fogão. 

Agora vejam a alma do poeta, declamando em 1993 no seu aniversário, junto de um bolo de bosta, com um toco de vela acesa.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Marcações VIII - As marcas.
Lembro muito bem das marcações da Fazenda da Invernada. Era um carro de mão repleto de marcas de fogo! Cada posteiro tinha sua marca, pois vocês devem lembrar que os posteiros tinham direito de criar no campo do patrão. A esposa tinha sua marca, assim como o filho mais velho, que na época era chamado de primogênito, cabendo a ele mais destaque que aos demais. O vizinho, que era irmão, deixava sua marca, caso algum animal seu ali entrasse. Costumavam marcar animais para doações, e assim outras que não recordo. Moral da história - o gado vacum valia muito pouco ou nada, sendo seu couro muito valorizado, pois o plástico ainda não entrara no mercado. Meu Papai mantinha uma montanha de saco de sal grosso, que era mais para a salga da carne, os famosos charques de vento (no nordeste eles chamam charque de Sol), mas parte dele se destinava à salga do couro, que era vendido para as "barracas" quando de sua busca, não só do couro, mas da graxa e lãs.

FECHANDO A PORTEIRA.
Do boletim 39...Repetindo, mas não é falta de assunto!
Sexo.
Deixei para o final porque poucos de vocês chegam até aqui. Sei que vou me quebrar com a maioria, mas fui falar em Sodoma e Gomorra no outro boletim e o assunto ficou bailando. Assim, vou me referir a sexo, que desde milênios é atual e polêmico. Começo com uma sentença: tenho 52 anos de felicidade conjugal (hoje 58 e reafirmo o que está escrito)! Então aceitem meus erros, mas não deletem sem refletir.
Sexo é uma necessidade fisiológica. Nada mais. Além, lógico, da perpetuação da espécie. Não permitam que ele tome conta de vossas vidas. A vida moderna tem alterado nossos hábitos, com a tv e o computador enchendo espaço e mais espaço com sexo. Não entrem nessa. Façam equilíbrio das atividades sexuais, e principalmente não a exterminem, pois tudo que esgotamos – se acaba! Sei que a imaginação é infinita, mas também sei que ela acaba no trato da coisa física. Confesso que durante toda minha feliz vida conjugal só fiz “papai e mamãe” com minha esposa (só espero que ela não leia isto, e nem que vocês contem para ela, pois não gostará de eu ter revelado nossa intimidade). Muitos dirão: “Mas que idiota, não sabe o que perdeu”. Respondo: “Nunca esgotamos nossas imaginações, que só vivenciaram o amor, nas carícias de respeito, usando muito mais o coração do que o próprio corpo".
Na minha filosofia maçônica está escrito, que três são os vícios que destroem a alma humana: Orgulho, Ócio e Volúpia. Pensem nisso...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”