sábado, 27 de setembro de 2014

Boletim 190.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
 
A lenda do chimarrão.
 
Já escrevi que todo velho tem suas baldas (para quem não sabe, balda quer dizer "mania"). Quando então se é muito velho, passa a ser lenda. Vamos à lenda do chimarrão.



Quando o homem branco chegou aqui, os indígenas eram nômades, não como hoje, vivendo na beira das estradas, ou "invadindo" aquilo que um dia foi seu. Naquele tempo, um velho índio se sentindo fraco recusou-se a acompanhar a tribo. A mais jovem de suas filhas, chamada Jary decidiu ficar junto do velho pai, assistindo seu amor, chamado Pery, perder-se na curva do mato.
Algum tempo depois entrou na taba deles, um estranho pajé, que sabendo do gesto desprendido da jovem, tentou uma recompensa pela sua atitude fraterna, perguntando a ela o que desejava para ser feliz. Jary permaneceu em silêncio, nada pedindo. O velho pai respondeu em seu lugar: "Quero renovar minhas forças, para retornar à minha tribo, levando comigo minha Jary para junto de seu amor Pery". O pajé entregou então ao velho índio e sua filha, uma planta de cor muito verde, chamada de "caá-y", ensinando aos dois como planta-la, e colher suas folhas, secando-as ao vento, para depois serem trituradas, fazendo com a mesma uma infusão reconfortante. Com a nova bebida o velho índio renovou as forças, e em pouco tempo iniciou seu retorno à tribo.
A bela índia Jary ao passar de duas luas, reencontrou a tribo, e nela seu grande amor, que persiste ainda hoje, nos constantes beijos que ofertamos em nossas bombas de chimarrão.


Um comentário:

  1. Cevei um mate agora em homenagem a essa linda lenda. Permita-me reproduzi-la em meu blog. TFA

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”