domingo, 11 de março de 2012

Boletim 94

ABRINDO A PORTEIRA.
O Carnaval.

Passou mais uma grande folia. Os clubes sociais já não funcionam. Todo mundo na rua, naquele "desprendimento social". A família e os amigos se dispersaram, e parece mesmo que o melhor é passar incógnito. Lembram quando a gente "pulava" sob o olhar dos pais? Agora nada melhor, pois não haverá cobranças. Ninguém liga para ninguém, enquanto a TV mostra maravilhas, verdadeiras loucuras construídas com dinheiro que nem se imagina de onde. A quarta-feira de cinzas também já passou, e poucos jejuaram, e um menor número ainda, sequer pediu perdão dos pecados. Mas não vamos nos preocupar, pois já tem muitos preparando o próximo carnaval.

GALPÃO.
O Calor.

O verão tem dessas, nos corre da beira do fogo. Outro dia para tomar meu mate, e olha que era cedo da manhã, tive de me afastar do fogo de chão. A verdade é que as fazendas já não são as mesmas. Lembro do tempo do meu velho Pai, quando na madrugada, podia fazer um calor insuportável, a carne assava no fogo de chão. E o quente das bombachas? Certamente com o passar do tempo irão "arrumar" umas bombachas-short.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
A moderna plantadeira.

Certamente de todas as histórias que me contaram do meu saudoso e querido Tio Fay, esta é a melhor, e me foi contada por Papai. Ele era o tratorista, que naquele tempo tinha de ter carteira de motorista. Imaginem! Lavrava na primeira das lavouras da Fazenda da Quinta, lá na Capão do Trago, primeira morada do meu Tio Lauro. Tio Fay chegou e sentou numa valeta observando. Lá pelas tantas atacou o trator, aquele Fordson, que enfeita a Fortral hoje. Papai se aborreceu, pois teria de desligá-lo, para ouvir o que o outro dizia, e olha que para pegar era na na manivela. Tio Fay perguntou em que marcha ele estava lavrando, ao que Papai respondeu que em segunda, tendo ele retrucado: "Então está sobrando força Mário. Vamos colocar aquela grade de boi atrás do arado, assim irás ganhar bom preparo de solo". Ao que Papai retrucou: "E eu irei colocar um banquinho na grade, e tu irás semeando o arroz". Saiu verdadeiramente aborrecido. Agora meu testemunho: Conheci uma máquina italiana, chamada Cantoni, que fazia tudo isto que meu Tio Fay havia previsto, além de colocar o adubo e inseticida. Meu querido Tio Fay andava na frente do tempo!

FECHANDO A PORTEIRA.
A Páscoa.

Para muitos a Páscoa poderá ser carolice. Antigamente os coronéis caudilhos, acreditavam apenas na força física, mas hoje queremos a força do espírito. Quem não acreditará n´Ele, que criou todas as coisas? Então vamos nos preparar para a Páscoa, que logo chegará à nós. A grande mensagem ali contida é de alegria. Verdadeira festa, que eu mesmo não havia entendido. Não se celebra a morte, mas a vida, no renascer de Cristo. Então não percamos nossas alegrias, todos renascerão um dia.

Um comentário:

  1. Tio Fay(José Olavo Fay)!

    Uma pessoa muito carinhosa, carismática e amigo incondicional, desde meus bisavós(Estácio e Comba), meus avós(Breno e Annibalina). Sua esposa, Tia Marieta foi morar em Porto Alegre, mas ele passava a maior parte do tempo na fazenda, vindo à cidade uma vez por semana e no retorno sempre dava uma paradinha lá em casa para visitar minha vó Balinda. Qdo. me encontrava, me abraçava, abria sua carteira e orgulhosamente mostrava uma foto minha ainda bebê. Meu saudoso pai contava que na sua Fazenda Capoeira, todos os animais da volta da casa, indistintamente: cavalos, vacas, ovelhas, galinhas, patos, marrecos, cães, gatos e "passarinhos" tinham "nome" e que ele tinha a capacidade de se comunicar com todos. Os passarinhos eram identificados através de porongos pendurados no arvoredo com o respectivo nome gravado.

    Grande Tio Fay, realmente uma pessoa muito "adiante do seu tempo"...., deixou muita saudade...!

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”