sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Boletim 63

ABRINDO A PORTEIRA.
Fazenda da Quinta 10ª - A grande divisão.
A Fazenda da Quinta fez parte da grande sesmaria da Flor da Praia, herança de Faustina Maria Centeno, filha do Sargento Mór Boaventura José Centeno. Por morte de Anna América Centeno Pereira da Silva, em 1930, viúva de Adolfo Luiz Pereira da Silva e neto de Boaventura, ela foi dividida entre seus filhos: Thereza, casada com meu pai Mário Azambuja; Sylvio Luiz; Francisco Luiz, e Maria, casada com Lauro Azambuja. Ela constava de dez mil hectares, pertencentes a Adolfo e sua irmã Faustina, casada com Ney Azambuja. Por morte de Anna América, sua sogra e tia, meu Pai separou seu quinhão, de aproximadamente 1.200 ha. constituindo a Fazenda Sant´Anna, enquanto Sylvio, Francisco e Lauro, criaram a firma Luiz & Azambuja, mantendo seus campos indivisíveis e contínuos, no qual Lauro incorporou os campos da esposa Maria. Retrocedendo no tempo, quando da morte de meu avô materno, Adolfo Luiz, meu avô paterno, Ney Azambuja, casado com a sua irmã Faustina, recebeu de herança a Fazenda Santa Tereza, com aproximadamente cinco mil hectares, administrada pelo filho Lauro Azambuja, casado com a prima Maria. Eram os casamentos entre primos, realizados com muito gosto pelos fazendeiros, por manterem seus campos "em família".


GALPÃO.
A inauguração do "matadouro".
Na grande reforma do Galpão do Galo Velho, o Luis Mário construiu um verdadeiro "matadouro". O quarto da carne já existia, peça indispensável em todo o galpão de fazenda, mas a coisa evoluiu, e mesmo faltando alguns detalhes, ele foi inaugurado na véspera deste Natal, quando nosso "Castiano" matou um boi preto de 470 quilos, com apenas dois anos de idade. Um colosso, quando trabalhamos aquela carne na divisão de seus cortes, e na limpeza dos mesmos. Foi uma "baita" lida, mas nada de pesada, pois é tradição, e tradição nunca cansa.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Esta eu conto: Fazendeiro poeta.
De certa feita, conversando com meu vizinho Eduardo Corbetta, ouvi dele a seguinte frase: "Fernando o campo não tem mais lugar para fazendeiro poeta". Foi uma bofetada no lado da minha cara, e humildemente ofertei o outro lado, tamanha a assertiva de sua afirmação. O campo hoje é uma "casa de negócios", e quem não souber negociar está frito. Eu trago ainda experiência de um outro tempo, quando o campo tinha rendas. Tanta renda que mesmo errando a gente ganhava. Os tempos mudaram, quando os bancos descobriram o nosso filão, e ficaram com a maior parte dele. Só sobreviverá quem não desfrutar do "ar condicionado" dos bancos. Afirmo e assino.

FECHANDO A PORTEIRA.
Um novo Ano Novo.
Termina mais um ano dos muitos já vividos. Mas logo ali, como um dia novo nascendo, surge um novo Ano Novo, alimentando nossas esperanças de dias melhores. Dias melhores? Mas o que queremos? O que nos falta, se Deus nos dá de graça, tudo aquilo que o dinheiro não compra! -"Que mais tu queres Quero Quero louco? Achas que o que tu tens é pouco, bichinho gritador? Já não te basta esta fralda de coxilha, onde se aviva o verde da flechilha, na quarela dos bibis em flor, por onde o Sol se embreta, enciumado, quando a Estrela Boieira pisca o olho pra noite que vem vindo logo ali. Que mais tu queres Quero Quero triste? Que mais te falta para ser feliz? Porque ainda neste grito insistes, se ninguém sabe o que este grito diz? -Amigos, este coração que a gente traz dentro do peito, não riam se eu vos disser - é outro Quero Quero insatisfeito, que nunca sabe o que ele quer". Da poesia Quero Quero, de Apparício da Silva Rillo.
Um feliz Ano Novo aos amigos e amigas.

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”