sábado, 30 de outubro de 2010

Boletim 57

ABRINDO A PORTEIRA.
Fazenda da Quinta - 4ª - A grande crise.
Deveria incluir este capítulo em Histórias Que Me Contaram, porque me foi contado por meu pai Mário. Quando da grande crise de 1930, com a quebra do Banco Pelotense, a economia mundial, mais especificamente a gaúcha, ficou de pernas para o alto, ou de cabeça para baixo, como queiram. A Fazenda da Quinta, como tantas outras, parou suas atividades, e meu Pai me contava, que passaram dois ou três invernos jogando solo, pois não tinham sequer como chegar na vila do Duro. Ele, meu Pai, ainda morava lá, já casado com a herdeira Thereza, e com minha irmã Maria de Lourdes nascida. Minha avó Anna América falecera naquele mesmo ano. Era um verdadeiro caos, econômico e familiar, pois a fazenda deveria ser dividida entre os quatro filhos: Thereza(Mário), Maria(Lauro), Sylvio e Francisco Luiz. Este último sempre considerado o cérebro da família, jogou tudo na emergente lavoura de arroz, considerando a boa água da Lagoa do Guaraxaim, capaz de fechamento da sua barra, evitando assim a água salgada da Lagoa dos Patos, como também, na boa qualidade de suas terras. Assim convenceu o outro irmão e o cunhado Lauro, a procurarem um parceiro agrícola, que encontraram na pessoa do Senhor Adriano Scherer. Meu Pai, entretanto, não quis participar da firma Luiz & Azambuja, separando suas terras, e formando a Fazenda Sant`Anna.

GALPÃO.
Uma homenagem ao Galo Velho.
Em 2 de julho de 2005, três dias antes das Bodas de Pratas do Galpão, meu Parceiro e amigo Júlio Macedo Machado dedicou àquele negro velho, esquecido e pelegueando lá na Invernada do Esquecimento, os dois versos abaixo.

Lembrança do Galo Velho,
na Fazenda da Sant`Anna,
alma pura e soberana.
Peão campeiro e de coragem,
deixou seus gritos na imagem,
e na lembrança do Patrão.
Galo Velho este galpão,
foi feito em tua homenagem.

Este galpão tem história.
Eu trago dentro do peito,
onde a Paz e o Respeto,
é o lema do bom Patrão.
Lareira, fogo de chao,
não apaga noite e dia,
com a sua caloria,
aquece qualquer peão.

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
O fogo de chão do galpão da Quinta.
Em uma conversa com meu primo e amigo Cesar Augusto Luiz Pereira da Silva, que nasceu e se criou na Fazenda da Quinta, filho de Francisco Luiz Pereira da Silva e de Ivone Pereira, contou-me que o fogo de chão, do galpão da fazenda, não apagava nunca. Tinha certa lembrança disto, mas não podia afirmar. Era uma tradição nas fazendas antigas, e meus tios Sylvio e Luiz mantiveram esta tradição, enquanto a administraram. Já relatei anteriormente, que os campeiros eram muitos, os invernos tiranos, e o galpão sempre com o fogo aceso aquentava os corpos, matava a sede nos fartos chimarrões, descansava os corpos nos estirados pelegos, alegrava nos tragos de canha e, alimentava com o bom churrasco, pois a carne era farta "às pampas".

FECHANDO A PORTEIRA.
Quando você não consegue.
Quando você não consegue o objetivo final, o que resta? Apenas duas coisas - se conformar, ou se revoltar. Parece, mas não é uma questão de opção, pois se analisarmos profundamente será uma questão de caráter. Quantas perdemos? Quantas ganhamos? E tudo continua igual, pois tudo passa. Vejam que não estou falando em nada material, pois matéria não é nada, é pó. Estou falando de sentimento. Amores perdidos, amizades arranhadas, lares desfeitos. Tudo passa, e tudo se refaz, quando se tem amor a Deus, fé nas suas mensagens, esperança e caridade, que na sua essência é amor aos nossos semelhantes. Li em Fernando Lucchesi: "Só quem se preocupa em fazer a felicidade dos outros, alcança sua própria felicidade". Meditem, e sejam felizes.

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”