segunda-feira, 5 de abril de 2010

Boletim 41

ABRINDO A PORTEIRA
A Prioridade
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Outro dia em uma conversa com meu filho recebi de inopino a pergunta: "Qual a tua prioridade?" No mesmo inopino respondi apontando para meu peito e depois para minha cabeça: "Eu e minha mente!" A pergunta se referia àquela coisa material, sabe, aquela coisa tilintante, mas eu estava "noutra", e respondi apontando para Deus que habita dentro da gente. Algum tempo depois tudo ficou esclarecido "materialmente" entre nos dois, mas ainda hoje me interrogo porque apontei para "dentro", na resposta de que ali estava a minha prioridade. Matutando fico na certeza, que se "eu" não for a minha prioridade, nada mais interessará fora de mim. Então, se estou certo somos o centro de tudo, e será que nos amamos e nos respeitamos o suficiente para merecermos a presença de Deus?

O GALPÃO.
O Domador.
Sei que a profissão ainda existe, como também sei que nunca fui domador e não conheço suas regras. Ocorre que hoje a profissão está muito modificada com a tal Doma Racional. Como fui testemunha de muitas domas em um tempo que ficou distante, vou me referir a elas. Era na Fazenda da Invernada, de meu avô Cel. Ney Xavier de Azambuja, certamente há mais de sessenta anos atrás. Uma imensa cavalhada que constituía a riqueza dos fazendeiros da época, pois em tempo de guerra o cavalo era o tanque dos gaúchos. Praticamente toda a peonada domava, uns mais outros menos, mas domavam. Então, depois do potro palanqueado (Deus nos livre colocar cavalo em mangueira, como se faz hoje), o pelego na cara, arreado e bem seguro o peão montava, conferindo se o amadrinhador estava por perto e preparado. Solto campo à fora o Cel Ney ficava apenas cuidando do animal se corcoveava e como corcoveava. Finda a doma o Coronel dava sua sentença, mandando soltar para o campo, ou ficar no potreiro para ser "arrucinado". Soltavam para o campo aqueles cavalos que não corcoveavam, ou corcoveavam mal, pois o bom cavalo tinha que ser "valente", e bom mesmo se derrubasse o ginete! Acho que era puro "machismo" da época, vocês concordam?

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM
O fogo, a água e o Compadre Macaco.
Certo dia, daqueles ensolarados quando céu está azul e o vento cansado de assoprar, o Compadre Macaco sonolento, sesteava à margem do rio depois de um grande banho. Foi quando menos esperava e, ZÁS, foi agarrado pelas unhas afiadas do Compadre Tigre, que com os dentes de fora e bufando fogo, de tanta raiva gritou no ouvido do pobre Compadre Macaco: "Agora vou te matar bichinho danado. Pena que não possa te comer porque estou de barriga cheia por ter comido uma gazela. Mas vou te matar. Tu é que vai escolher como queres morrer, se queimado naquela fogueira, ou se afogado nas águas deste rio." E recebeu de pronto a resposta: "Por favor Compadre Tigre me bota naquela fogueira, que vou espernear, espernear para pular fora do fogo, pois se me jogar no rio estou morto, pois não sei nadar". "Ah! Queres ir para o fogo, pois eu vou te matar afogado danado". E jogou o Compadre Macaco pra dentro do rio, que saiu dando braceadas e fazendo murisqueta com os dedos no nariz, dando gargalhada da cara do Compadre Tigre, que botava fogo pelas ventas de tão brabo.

FECHANDO A PORTEIRA
A intolerância.
Creio que este defeito é o causador de todos os males da humanidade, como a própria guerra. Certas pessoas não tem ouvidos para ouvir, e só escutam o eco dos próprios pensamentos. Parece que a maneira mais fácil de entrar no âmago deste assunto é raciocinarmos ao contrário: A tolerância. Ela é a virtude das pessoas de bom caráter, aquelas que se amam, mas principalmente amam os seus semelhantes. Nosso maior erro é querer "entrar" nas pessoas modificando-as, para não dizer criticando-as. Sabemos que a crítica construtiva é boa, mas quem sabe fazer isto? Esperar o momento para ser escutado. Deixar o antagônico falar e falar, descarregando sua carga, para então quando mais leve tiver condições de nos escutar. O dicionário define tolerância como indulgência, e indulgência é perdão dos pecados. Fácil, para aqueles que querem meditar, melhorando a sua Morada de Deus.

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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”