sábado, 12 de outubro de 2019

Boletim 531.

ABRINDO A PORETEIRA.


Não sei quem sou!
Com toda esta quilometragem, me pergunto a cada passo - quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Certamente encontrarei as respostas, e nem peço ajuda de vocês, pois o assunto é muito pessoal. Tão pessoal, que aqui não é local para perturbar o viver de vocês. Mas tem uma pergunta que não poderei me furtar em responder: O que vim fazer aqui? Ou: o que já fiz aqui? Afinal, já  percorri 85.000 quilômetros nesta estrada tortuosa e esburacada.
Vou responder no outro boletim.


GALPÃO


Vocês desculpem, mas o Galo Velho tem um pouco, ou quem sabe muito, de filosofia. Assim o Patrão Velho, que anda lendo o "estudo da vida" encontrou esta:
         O maior favor que você faz a um inimigo é odiá-lo. Ao odiá-lo ele será arquivado de maneira privilegiada em tua psique. Desse modo dormirá contigo, e perturbará teu sono. Comerá contigo, e estragará teu apetite.”
A sentença é de AUGUSTO CURY, do livro "Doze semanas para mudar uma vida".
Não levem a mal, mas isto é conversa de Galpão do Galo Velho sim, pois é um mensagem de AMOR, e o galpão é amor. Amem, para viverem felizes.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

A floresta enfrentava uma forte seca, restando água apenas num lagoão. Ali o malvado do Compadre Tigre se parou, dizendo para a bicharada: "Todos podem beber, só quero é pegar o Compadre Macaco". A Comadre Tartaruga foi a primeira que chegou. Matou a sede e desconfiada saiu naquela marcha cadenciada, para contar ao Compadre Macaco o que estava lhe esperando. O coitado ficou desesperado, pois já louco de sede. Pensou muito, e saiu a procura de uma colmeia de abelha, à qual colocou fogo, pondo o enxame em fuga. Pegou do mel e se lambuzou todo, se rolando nas folhas mortas do chão, que ficaram coladas nele. Morto de sede encaminhou-se ao lagoão parecendo um bicho do outro mundo. Ao se aproximar foi interrogado pelo Compadre Tigre. "Oi Compadre Folharada, quem é o senhor?". Calado, pois se falasse seria reconhecido, o tal Compadre Folharada chegou na água e chulepe que chulepe, matando a sede desesperadamente. Mas o Compadre Tigre se aproximava sempre perguntando. "Mas Compadre Folharada de onde o Senhor veio, nunca vi bicho igual". O Compadre Macaco já com a sede aplacada foi pego de surpresa por um forte redemoinho de vento, que lhe tirou as folhas do corpo. Foi então aquela correria. Já te pego, já te largo, numa disparada maluca. Quando passaram por uma árvore, já sentindo o bafo do Compadre Tigre na bunda, ele pulou num galho por onde subiu, e lá de cima fazia morisqueta com as duas mãozinhas abertas diante do nariz, sacudindo os dedos. "Oi bobalhão. Tu não vai me pegar nunca, bobalhão". O Compadre Tigre de tão brabo botava fogo pelas ventas.

FECHANDO A PORTEIRA.


É lindo viver. 
Principalmente quando se consegue ficar velho. Vocês verão, pois eu desejo que fiquem velhos, bem velhinhos! "e usar um bastão, eu hei de ter um 'bisnetinho' pra me levar pela mão". Lembram?


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Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”