ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
GALPÃO.
Nosso
Galo Velho, que nasceu Cristino Gonçalves, era filho de escravos dos
descendentes do General Bento Gonçalves, quando da retomada de Uruguaiana na
Guerra do Paraguai. Homem simples do campo, mas de uma bondade infinita. Foram várias as nossas charlas em rodas galponeira, quando ele "tenteava" um churrasco gordo, no brasedo do fogo de chão. Ele costumava me chamar de menino, e lembro de uma conversa nossa:
"Menino, no meu tempo de criança, na Fazenda do Cristal,
assisti meu pai apanhar muito. Depois, quando ele chegava no rancho dizia pra
gente: 'Eles podem machucar o meu corpo, mas minha alma não irão machucar
nunca.' Foi preciso deixar o tempo passar, para entender o que ele queria dizer - que não guardava ódio daqueles que lhe feriam. Eu hoje aprendi a perdoar os que tentam me machucar, pois mesmo não sendo escravo, desde que o
Cel. Ignácio Xavier Azambuja nos comprou do filho do Gal. Bento Gonçalves, ainda sofro agressões por ser negro".
A mensagem desse negro chegou em
minha lembrança, exato em plena Páscoa, quando Cristo sofreu os grilhões
da crucificação, e lá do alto da cruz perdoou todos nossos
pecados.
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