AZAMBUJA TEIMOSO - I
Esclareço que estas histórias das teimosias de Azambuja, tem um cunho especial do meu saudoso tio, José Olavo Fay, casado com uma Azambuja teimosa, Marieta, irmã de meu Pai. Tio Fay era um homem muito perspicaz, e enfeitou as teimosias dos Azambuja. Creio que já foram publicadas, mas na dúvida vai novamente.
O
silêncio só era quebrado pelas passadas firmes do venerando Coronel Ney Xavier
Azambuja, casado com Faustina Pereira da Silva, uma das donas da grande Fazenda da Quinta. Ele passeava pela sala da fazenda, com as mãos atrás do corpo, caminhando cabisbaixo e concentrado no serviço do dia
seguinte, enquanto Mário, o mais velho de seus filhos, lia uma revista sentado
na cadeira de espaldar alto, absorto na sua leitura.
A casa grande tinha sua frente para o poente, descortinando a imensa várzea
com seus banhados, e uma natureza viva que brilhava naquele fim de dia, com o céu encoberto num prenúncio de chuva. Então o Cel. Ney
interrompendo seus passos, chegando junto da janela disse:
-
Mário, reparaste como o Sol está se pondo mais cedo?
O filho olhou para o relógio de pêndulo
da parede, e conferindo as horas, respondeu:
-
Não Papai, o Sol ainda não entrou. Deve estar oculto por alguma nuvem.
Formou-se
a discussão, com o velho caudilho teimando que o Sol havia entrado e,
terminando por prevalecer sua vontade , se retraindo o filho, pela
maneira incisiva com que o Pai se portava.
Os
passos do venerando fazendeiro continuaram pela sala, agora ainda mais pesados pela importância de sua autoridade. Foi quando algum tempo depois o último raio de Sol entrou na sala fazendo com que Mário dissesse:
-
Então Papai, não disse que Sol ainda não tinha entrado?
Abruptamente,
e mais forte ainda, o soberbo caudilho respondeu sem se dar por perdido.
-
Então é porque ele saiu de novo, pois àquela hora ele havia entrado.