domingo, 19 de fevereiro de 2017

Boletim 317.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Sou importante.
Sim, sou importante, mas para mim, não para os outros. Se agir pensando nos outros, certamente serei mais um vaidoso entre os inúmeros deste Mundo. Minha importância deve ser reservada ao mais íntimo do meu ser, pois se ela transparecer passarei a ser, além de vaidoso, mais um egoísta também. Jamais ela deve ser considerada perfeita, e sim limitada à minha pequenez. Devo direcionar a importância do meu viver às virtudes humanas, que serão conquistadas com muito sacrifício, pois não conheço nenhuma virtude fácil. Fácil são os vícios, principalmente aqueles da alma: o orgulho, o ócio e a volúpia.
Falar do íntimo da gente já é difícil, o que dirá escrever sobre ele, mas como ando me procurando, fico pensando em vocês, que podem perfeitamente me ajudar.
Vou entrar em férias, dando também férias à vocês destas matutices.  

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Boletim 316.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Respeito.
Não existirá respeito sem o "querer bem". Uma frase tão curta com um conteúdo tão grande. Por "querer bem" à meu Papai foi que o Galo Velho lhe dedicou a placa fotografada abaixo.

Fico me perguntando se queria bem ao meu Avô, Cel. Ney Xavier Azambuja. Tinha grande admiração por sua pessoa, austera e correta no trato social, mas eu sentia muito medo daquela austeridade, e medo afugenta o "querer bem". Quando ele morreu em 22 de outubro de 1952, aos 87 anos de idade vim ao seu enterro, agradecendo as lições dele recebidas, mas me interrogando se lhe queria bem. Hoje posso pensar assim: "Meus netos não têm medo de mim, o que me permite imaginar que possam me querer bem, pois medo não se dá bem com o amor". 

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Boletim 315.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Eu não entendi!
Eu não entendi porque o movimento de rotação da Terra é no sentido anti-horário. Também não entendi como a sua translação tem a velocidade de trinta quilômetros por segundo, numa multiplicação difícil para saber qual a velocidade em quilômetros por hora. Parece, entretanto, que nada disto tem importância. O que eu muitas vezes não entendi foi a pessoa que mora ao meu lado, e isto sim é fundamental para minha felicidade. Eu não entendi a palavra de Cristo, e isto é fundamental para o meu desenvolvimento. Ainda não entendo também o verdadeiro sentido da vida, e isto atormenta meu viver. Não entendo ainda qual a minha missão aqui na Terra, nem mesmo entendo o que devo deixar para os outros. O que dizer então do que eu devo levar comigo, quando partir para a Invernada do Esquecimento. 
Só entendo que não devo parar, e se tudo gira ao meu redor, devo girar junto, na procura constante de me encontrar. Talvez me encontre no último momento, quando uma Luz me guiará.  

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Boletim 314.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O mate.
Vamos falar do mate, nosso hábito diário e imagem do gauchismo.
     O mate "solito". Aquele que temos como parceiro a própria cuia e a natureza nos contemplando. Ele será envolvido em belo silêncio, e para tal devemos colocar só metade de erva na cuia, para que seja comprido e meditativo.
     O mate "de mano". É aquele que dispomos de um parceiro para a mateada. Devemos colocar a terça parte de erva na cuia, equilibrando o tempo entre uma mateada e outra. "Preciso de uma mateada contigo" - já se sabe que tem um assunto importante para ser tratado.
     O mate "de roda". Aqui geralmente é a roda galponeira, ou em rodeios e outros eventos sociais. O mate deve ser servido com a mão direita, na expressão da força gaúcha, e a roda gira pela esquerda. Quando a roda é grande devemos encher o porongo de erva fazendo um mate curto, para que gire mais rápido.
     É necessário frisar que não existe nada escrito ou sacramentado neste assunto do mate, pois as coisas mudam de uma região para a outra. Nosso Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã está preparando um trabalho sobre o mate, que será publicado oportunamente. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Boletim 313.

ABRINDO A PORTEIRA.
A convivência.
É a convivência que alimenta o amor, até mesmo a paixão, mas principalmente a amizade. Deixei a amizade para o fim, porque é ela que permanece depois de tudo. Convivo há 59 anos com minha Jane, com quem mantenho a verdadeira amizade. Eu sei, a convivência também acaba com tudo, mas assim deve ser. Terminou - devemos começar tudo de novo, e refazer novas relações. Quando não dá certo, o bom mesmo é esquecer completamente. A sociedade de hoje está nos separando, de tudo e de todos, fazendo com que cada vez mais nos fechemos dentro do peito. Escrevo que é tudo de dentro para fora, então fico com medo que este "dentro" cresça tanto, fazendo  com que esqueçamos dos outros. Nascemos sociais, mesmo sem sermos socialistas, já que o socialista é anti-social, não querendo saber do outro, só cuidando de si mesmo. 
Então se somos sociais, vamos conviver com o outro, aprendendo a dividir diferenças. Não vai ser preciso quebrar nada, nem mesmo dentro de nós.

GALPÃO.
Convivência.
Pois convivi com um amigo que trabalhou comigo por 33 anos, João da Silva Vigano. Já dediquei algumas páginas do Galo Velho à ele, mas não cansarei de trazê-lo junto de mim, já que não posso conviver com ele, posso perfeitamente alimentar lembranças. Foi meu capataz, e depois dos meus dois filhos, deixando na Sant`Anna uma trilha profunda de trabalho, dedicação, honestidade, aprendizado, e amizade. Junto com sua esposa Noeli Rocha Vigano nos visitou no dia 27 do mês passado, quando registramos detalhes no livro do Galpão, inclusive que no dia anterior seria aniversário do meu Papai, Mário Silva Azambuja, que nascera em 26 de janeiro de 1898, na Fazenda da Invernada. Minha neta Fernanda, de surpresa, apareceu com um bolo e uma velinha, cantando o Parabéns ao aniversariante. Foi lindo! Vejam:
Da esquerda - Tomaz Sostruznik, Noeli Rocha Vigano, Fernanda Lahude Azambuja, e ele, o João da Silva Vigano. Valeu!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Boletim 312.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A Felicidade III.
Não procura a felicidade, ela não se encontra por aí. Ela está dentro dentro de ti. 
Encerrando, afirmo que é um tema infinito - Amor.
Não conhecerás a felicidade sem o amor. 
O mundo foi construído com AMOR há 2017 anos passados. Nunca consegui definir o que seja o AMOR, na sua essência. Os dicionaristas também nunca conseguiram. Procurem uma definição para ele, e certamente ficarão frustrados. Eu definiria AMOR como origem e fim da VIDA. Nenhum AMOR será tão grande como aquele da MÃE que nos viu nascer. Nenhum AMOR será tão grande como aquele dos que nos amam, conduzindo nossa putrefata matéria à última morada. Definiria também AMOR como único elemento capaz de ser carregado para a outra vida. Sei, tem alguns que conseguem carregar o ódio. Que Deus os perdoe.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Boletim 311.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A Felicidade II.
Não procurem a felicidade, ela não se encontra por aí. Ela está dentro de nós. 
Continuando, faço minhas considerações, focando a necessidade premente de nos transformar em uma nova pessoa! Por mais satisfeitos que estejamos com nosso ego, certamente podemos ficar melhor. Então percebam que é tudo de "dentro para fora". Olhem:
1- Solidariedade. Cito-a em primeiro lugar por ser o princípio;
2- Tolerância. Parece ser consequência da primeira;
3- Perdão. Certamente o mais difícil do nosso dia à dia;
4- Pensar. Fácil, mas o difícil é sua conclusão; 
5- Ouvir. Fácil também, quando sem preconceitos;
6- Contemplar. Fácil ainda, se contemplarmos apenas o belo;
7- Silêncio. Aqui é difícil, muito difícil, quando da contrariedade.
Todos os 7 são elementos "interiores" de nosso ser. Todos irão construir nossa felicidade, que é a mensagem divina. Basta nossa concentração (talvez seja um oitavo elemento) para nos transformar em nova pessoa. Cristo viveu apenas 33 anos, mas transmitiu com facilidade estes ensinamentos, que a humanidade está custando a entender. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Boletim 310.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A Felicidade.
Não procurem a felicidade, ela não se encontra por aí. Ela está dentro de nós. Deus nos colocou no mundo para sermos felizes, e parece que a humanidade ainda não descobriu que Ele é a única felicidade do ser humano. Sem Ele, nada existe, tudo é ilusão passageira, tudo é matéria, e toda a matéria é destrutível. Primeiro porque ao partirmos não dá para carregar nenhuma matéria, depois, devemos fazer a longa viagem o mais leve possível, e nada é mais leve do que uma alma limpa e pura. A vida, ou a felicidade, se resume na trilogia:
DEUS, SAÚDE, e FAMÍLIA (amigos).
Peço àquele que descobrir o quarto elemento, que me ensine a VIVER. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Boletim 309.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Férias.
É um espaço lindo que a sociedade inventou. Todos nós temos necessidade de descansar, pois até o Senhor sentiu o efeito do trabalho e descansou no sétimo dia. Acontece que a sociedade permite que o descanso não seja só no sétimo dia, são dois meses! Tudo fica parado. As ruas desertas, com espaço até mesmo para estacionarmos nossos carros, o que não acontece no resto do ano. Não existe fila em lugar algum, e até mesmo os "carros de som" estão calados. Muitos dizem: Maravilha! Eu fico triste, pois velho não sabe sair da rotina. A gente tira uma semana de férias, e olha lá, mas parece que outros ficam os dois meses de férias. Será possível! Onde está o povo? As praias estão fervendo nos dois meses. Verdadeiramente nosso Brasil é um país rico. Tão rico que não necessitamos trabalhar. Salve a internet que sabe ocupar nossos espaços.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Boletim 308

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Passou mais um ano!
Acabou mais um ano, dos 82 que já festejei. A gente sempre fica pensando, quando a festa irá terminar. Será mesmo que o fim existe? Tenho escrito que ele não existe, pois certamente estará acontecendo em algum tempo e lugar. Sei também que não seremos nós, serão outros, mas alguma coisa de nós permanecerá. Também sei que não haverá lembranças, o que é muito bom. São aprendizados para conquistarmos um lugar à direita do Senhor. A direita d`Ele é muito grande, e não queiram conquistar a esquerda.
Tenho recebido muitas mensagens de Fim de Ano, que repasso à vocês, com carinho e respeito. Mantenho minhas esperanças, e uma delas é a de festejar mais um ou vários Anos Novos, já que a esperança não nos abandonará nunca.
Abaixo uma foto da Fernanda Lahude Azambuja na Santaninha, "Casa Mãe" da Fazenda Sant`Anna. Éramos poucos, perto daquela do Natal, mas estavam todos, todos presentes.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Boletim 307.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Passou mais um Natal.
Acabou mais um Natal entre as muitas dezenas que já assisti. Tentei retroceder na memória algum, que tenha me marcado. O do ano passado ficou, mas também terá esquecimento. Já escrevi que é ruim o apego ao passado, principalmente quando ele foi ruim, como também se foi bom deverá ser esquecido. Vivamos o presente, alimentando esperanças, como aquela que alimento do próximo Natal, junto de minha bela família, com saúde. Quando a qualidade é boa, pouco importa a quantidade! A foto abaixo, da minha neta Roberta Chagas Azambuja, diz tudo do nosso lindo Natal de 2016, lá na sombra dos jamelões, ou jambolões, do meu saudoso tio José Olavo Fay. Os dois velho, os dois filhos, os quatro netos, duas noras, e um "neto-genro".


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Boletim 306.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Alô. Quem fala?
Costumo levantar cedo, então o relógio marcava sete horas desta segunda feira, já me encontrando desperto e atento à vida. De cara lavada e boca escovada, me aproximo do computador para abrir "a morada de minhas mensagens", quando o telefone toca. "Alô. Quem fala?" Não é meu hábito me aborrecer com as coisas, mas não deu outra: "Com quem tu queres falar?" "Ora Zeca, aqui é o Crau, e tu a esta hora da manhã  já tá 'aporreado'!". Desligo "aporreado". Não mais com o Crau que ligou errado, mas comigo mesmo, pois o pior da vida é arranhar a si mesmo! Então, o matuto aqui passou a matutar: da próxima vez vou responder que sou eu mesmo. Explico meu "aporreamento" - sempre que ligo a primeira coisa que faço é me identificar - "Aqui quem fala é o Luiz Fernando, posso falar com beltrano?".
Vou mandar um Feliz Natal a todos vocês, meus especiais amigos, já que Natal começou no mês passado. No outro tempo era uma bela espera pelo dia 24. Hoje tudo é "mercância", coisa que o Galpão não aceita, mas terá que aturar, pois a festa será no seu Chão Bagual, e tem uma brincadeira de presentes roubados, que se torna muito gostoso. 
Feliz Natal!




quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Boletim 305.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A bendita Internet.
O Estado do Paraná sempre foi um belo e atrativo estado da Nação Brasileira, tanto que lá estão construindo um novo e promissor Brasil. O atrativo é tanto, que o Galo Velho também chegou na cidade do Pontal do Paraná, encontrando meu parente Murilo Bittencourt de Camargo Sobrinho, que se comunicou comigo. Daí, descobrindo que nossos tataravós foram irmãos estamos fazendo "recoluta" na grande invernada do passado, repontando uma existência linda que lá habitou. A Mãe do Murilo, Amália Germano de Camargo, com 86 anos de vida útil e memória viva reside na capital, Curitiba. Encontrei entre fotos antigas da minha família, uma do casamento dela, datada de 27/5/1947, que lhe enviei através da bendita internet. Na dedicatória da foto está escrito: "Amália completou 17 anos no dia em que casou".
Pois Paraná é tão atrativo, que atraiu meu filho Luis Mário Azambuja, hoje morando em uma fazenda no distrito de Balsa Nova.
Salve a bendita internet! 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Boletim 304.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

A PAZ do Galpão do Galo Velho.

Será difícil descrevê-la, e para entendê-la é necessário chegar lá, apreciando a simplicidade do Galpão, bebendo um pouco do seu profundo silêncio que se esconde nas paredes enegrecidas de picumã. Disse o poeta: “Para que tanta ambição tanta vaidade, procurar uma estrela perdida, se o que nos traz felicidade, são as coisas mais simples da vida”. Esse verso explica a PAZ do Galpão do Galo Velho, pois é em suas rústicas paredes que encontramos os fluidos benéficos, de quem ali viveu com PAZ E RESPEITO. Os amigos que desfrutam de nossa hospitalidade, na convivência da igualdade campeira deixam cada vez mais PAZ em nosso chão. Ela jamais pertencerá a uma ou duas pessoas, trata-se de um conjunto social, onde todos se doam, na oferta ao Patrão Celestial.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Boletim 303.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Gumercindo Saraiva.
"Mas valiente do que feo".
Seus feitos foram notáveis na Revolução de 1893, combatendo de espada em punho o governo impopular de Júlio de Castilhos. Eis a história que os livros me contaram, assinada por Odilon Abreu.

Corria o mês de fevereiro de 93. O rebuliço no Rio Grande alvoroçava caudilhos e caudilhetes contrários ao governo castilhista. Gumercindo Saraiva era estancieiro forte no Uruguai e Santa Vitoria do Palmar. Filho de pais brasileiros se achava no direito de pelear junto aos federalistas. Com uma tropa bem montada e armada, o caudilho cruzou a fronteira ocultando-se no rincão de Ana Correia, entre os rios Jaguarão e Jaguarão-Chico. Vinha para se encontrar com o Cel. Jóca Tavares, a fim de engrossar as tropas rebeldes, que já andavam por volta de três mil homens.
Quando esse pintor bizarro jogou o Sol no abismo do fim do mundo começou a colorir o poente, e a tropa se acantonou numa canhada bonita. Gumercindo distribuiu as ordens para o acampamento. Pelo sul um caponete abrigava e ocultava a gente do caudilho. Na chapada que se erguia ao norte, Gumercindo postou uma sentinela para proteger de qualquer surpresa o sossego dos insurretos castelhanos.
                        - Todo listo, mi comandante! Disse marcialmente o ordenança de Gumercindo, um tipo melenudo, com barba de semana e meia esse ordenança. Dente de ouro exibido na linha de frente da boca. Chapéu com barbicacho de fleco e aba tapeada na testa. O beiço rachado lhe dava uma voz fanhosa. “Todo listo, mi comandante.” De fato, em pouco tempo os vaqueanos já estavam com uma rês carneada, a título de requisição guerreira. E nessas ocasiões o puxirão se faz de vereda. Se põe esperto o mais lerdo dos andarengos. Vala grande cavada no chão, as carneadeiras descobrindo os espetos nos galhos retos das guajuviras, lenha farta, fogo grande, carne gorda e caneco de branca de mão em mão. Mate, charla e patacoada. Palas no chão, mão nas cartas, e na ponta da língua os versos debochados do truco. E de repente, atenção! O sentinela firma os olhos e descobre no horizonte um vulto que vem crescendo. Num galope chasqueiro vem um gaudério batendo estribos. Ele dá o aviso: “Se aprochega um  cavaleiro Dom Gumercindo” Então, de relancina o chefe forma uma patrulha com dez voluntários. Ordena uma espera na ponta do capão pra deter o intrometido. No lusco-fusque na noite o índio ia passando a lo largo, quando se viu cercado. “La fresca, tô perdido, pensou. E o chasque o patrão não vai chegar ao destino.” Conduzia uma mensagem trocada entre chefes castilhistas. Preso, foi levado à presença do caudilho. Não apeou do cavalo. Tipo miúdo e entroncado, com lenço branco no pescoço e entonado como pica-pau em tronqueira. Um nariz grandalhão e achatarrado, escondendo um eito de bigode esfiapado, sem apuro nem jeito. O mulato meio pendendo pro índio, tinha séria sua cara de lua escarrapachada. Foi logo despido da adaga de quase metro e do nagão quarenta e quatro. Tilintavam as rosetas das esporas de papagaio comprido, abraçando a barriga do flete.
                        Os homens de Gumercindo se alvorotaram com a petulância do tipo. Foi preciso cinco homens pra desgrudar o taura do lombo do cavalo. E ele quieto. Gumercindo, ex-delegado de polícia em Santa Vitória, no fim do Império, tinha prática num interrogatório. Tanto podia falar castelhano, como muito bem o português, mas este só falava com caudilhos de igual patente. Antes, porém, que Gumercindo começasse a inquirição, o ordenança se antecipou atrevidaço. “Pucha Che, será que sos tan valiente como feo?” E o índio quieto. “Quién eres? De donde vienes? Para donde vás? Que andas haciendo?” Indagou o caudilho. “No le digo porque ando de próprio.” “Sabes com quiém estás hablando?” “Sei. Com o castelhano bandido Gumercindo Saraiva”. “Si yo cayeras em tus manos que harias conmigo?” “Le passava o lenço colorado”. “Maténlo.” Ordena seco Gumercindo. E o índio quieto. A sentença já era de todos conhecida, e o ordenança tirou uma pedrita dos arreios assentando o fio da faca. Lambia os beiços pensando no sangue que ia jorrar de orelha a orelha. As labaredas do fogo iluminavam a cena bárbara. E o índio quieto. O afobamento do ordenança fez com que Gumercindo dissesse: “Párate. Este no es servicio para um boludo como tu.” A coragem do homem fez com que a sentença fosse reformada. “Larguénlo! Le den um buem caballo. Sus armas. E que se vaya juntar a su gente. Porque se matamos a los valientes, los cobardes es que no van defender los ideales.” E o índio quieto. O ordenança de aproxima da cara do índio, e não se contém: “Pucha Che, tu eres mucho más valiente do que feo”.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Boletim 302.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Não quero mais desafios!
Interessante como a gente vai se dar conta da vida, só ao chegar no fim dela. Parece que não deveria ser assim, mas o que vai se fazer. Passei uma existência inteira aceitando desafios, e quanto mais os aceitava, mais e maiores eles ficavam. Agora no ocaso, só agora, comecei a recusá-los, e eles começam a desaparecer. A vida é assim, ela te cobra, e se aceitares vai te desafiando a cada passo, como procurando te fazer forte, pois só seremos fortes olhando a vida de frente. Quando lhe damos as costas, desaparecemos do cenário fantástico, que é vencer na vida. Vencer o que?
Não escrevam as suas vitórias, apenas pensem muito, e digam a si mesmo se estão satisfeitos. Eu por mim respondo: "Estou satisfeito, mesmo cansado. Agi com amor e respeito. Não venci nada, e só saberei se venci ou perdi ao chegar na presença do Senhor. Aqueles que não creem no Senhor voltarão ao zero que eram antes do nascer."

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Boletim 301.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA
As injustiças.
Alguém pode avaliar todas as injustiças que o povo brasileiro recebeu nos últimos anos? Não estou me referindo só ao governo do PT, pois ao longo de muitos anos, eu mesmo como agricultor, fui injustiçado mais de uma vez, o que me custou belo patrimônio. Agora é a população que está sofrendo com tamanha crise financeira e moral. Pois recebi de meu filho, Luiz Fernando Azambuja Júnior, uma bela mensagem que está circulando na Internet, e que coloco abaixo para apreciação de vocês. Já escrevi lá atrás que detesto a política, pela única razão de ser ela a verdadeira culpada das nossas crises financeiras e morais. 
Está acendendo uma luz no fim do túnel!





segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Boletim 300.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Os perfeccionistas.
Já escrevi em algum lugar que tenho pena deles. Primeiro porque buscam uma coisa que não existe. Por último porque são uns tristes e insatisfeitos, por viverem em um Mundo cheio de imperfeições. Perfeição só encontraremos ao chegarmos na presença do Criador, quando então Ele nos ensinará o que nunca aprendemos nesta vida. O perfeccionista está permanentemente se machucando, ou àqueles que mais ama. Com os estranhos são alegres e satisfeitos. São na realidade ótimas pessoas, longe de seus amores. Com os de casa são "corrigíveis", como se não encontrassem boas qualidades no outro, ou ao encontrarem permanecem calados, sem qualquer incentivo. É hora de aprendermos a "conviver" com as imperfeições da vida. Então seremos muito mais felizes.

sábado, 5 de novembro de 2016

Boletim 299.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O que passou não volta nunca mais. - III.
Sabia que iria receber contestações. Infelizmente ainda existe os incrédulos, a quem envio bênçãos do céu para que encontrem PAZ. Recebi um comentário: "Quando partires não levarás nada mais do que aquilo quando aqui chegaste". Não foi preciso pensar muito, estava na ponta da língua - "VOU LEVAR O AMOR". Creio mesmo que é a única e especial coisa que vou conseguir levar. Apenas amei na vida. Nunca guardei ódio em meu coração. Orgulho-me de não ter inimigos, e ter alimentado apenas a amizade. Então meu Anônimo, espero que tenhas entendido ao menos um pouco do que viemos fazer aqui na Terra.
Deus esteja contigo sempre.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Boletim 298.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O que passou não volta nunca mais. - II.
Certamente que não volta, mas deve ficar algo em algum lugar. Não creio que ao apagar de nossas vidas voltemos aquilo que fomos antes de nascermos. Alguém lembra de alguma coisa? Nada. Um verdadeiro zero. Todos deixaram uma vida lá atrás, com tudo aquilo "que passou" e que construíram em suas almas. Se existe outra vida não vamos discutir. Só sei que existe um significado para ela, e ao fecharmos os olhos, não pode haver um "ponto final". Viemos ao Mundo com a mensagem divina de sermos felizes. Se conseguimos ou não, temos de dar conta de nossos esforços. 
Por vezes me esforço para lembrar de alguma coisa, e só vem à memória fatos lá dos meus quatro ou cinco anos, o resto é uma bruma. Que construção será esta? Que caminho a percorrer, que eu não tenha domínio sobre ele? Que destino me reserva, que eu não tenha uma conclusão final dele? Por favor, não foquem as construções materiais! Nada do material me pertence! Deixarei tudo aqui para que outros se envolvam na sua continuação. O que eu levarei comigo? Esta é a obra que espero entender, nem que seja no último momento final!
O que eu levarei comigo?
Estou me dando conta que o dia de hoje é dos mortos, e creio que por tal fiquei pesado...

sábado, 22 de outubro de 2016

Boletim 297.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

O que passou não volta nunca mais.
Se pudermos fixar isto a todo o momento, certamente seremos muito mais felizes. Lembrem do velho ditado: "Não adianta chorar pelo leite derramado". Se conseguíssemos fazer as coisas voltar, poderíamos corrigir nossos erros, mas o que passou não volta nunca mais! É um fato concreto! Conheço outros tantos que querem voltar para o passado. Certamente lá foram felizes, e hoje não o são.
Daí podemos tirar lições: Cuidemos do tempo presente, evitando erros, promovendo acertos, apreciando a vida, alimentando o amor. Se fixarmos esse fato concreto, até mesmo os consultórios dos psicanalistas esvaziarão.
A vida se resume no efêmero dia de hoje. Assim como o passado não deve nos alimentar, o futuro não deve nos assustar Vivamos, rogando a Deus pelo nosso amanhã, perdoando nossos erros passados.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Boletim 296.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A outra pessoa.
O título ficaria bem melhor se colocado no plural - As outras pessoas. Entretanto, creio que fica bem mais forte se focar a existência de uma outra simples pessoa, que estará ao nosso lado, por uma vida inteira, ou mesmo que seja por um só momento. A identificação de um olhar na busca da aproximação, continuação da existência, que se resume no conviver. Solidão é um deserto na árida planície sem fim. Nosso caminhar será em vão, se não tivermos alguém para dar a mão. Alguém com quem dividir a alegria, ou mesmo partilhar a dor. 
Sei, é a perpetuação da espécie que nos aproxima, mas sobre este instinto, seremos sociais, parceiros, amigos, companheiros de jornada, que nos leva a crer, nem que seja no seu final, que o fim não existe. Existirá uma nova vida, não na perpetuação de uma raça, mas na perpetuação do AMOR. Sopro divino que nos alimenta.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Boletim 295.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Recebi do meu Amigo, Irmão e Parceiro Ignácio Mahfuz o texto abaixo, que julguei muito meditativo, principalmente para os velhos como eu. Assino abaixo.


TROPEANDO O TEMPO.
Conto meus anos e descubro que tenho menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero mais participar de eventos onde desfilem egos inflados.
Não mais tolero gabolices.
Inquietam-me os invejosos.
Não tenho mais tempo para projetos megalomaníacos, faraônicos.
Já não tenho tampo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, mesmo cronologicamente maduras, são imaturas.
Já não perco tempo debatendo vírgulas e detalhes gramaticais sutis.
Tenho tempo apenas para debater conteúdos.
Meu tempo tornou-se escasso para discutir rótulos.
Quero meu tempo para viver ao lado de gente humana, muito humana.
Gente que sabe rir dos seus tropeços e que não se deslumbra com os efêmeros triunfos.
Gente que não foge de sua mortalidade, gente que defende a dignidade e, apenas, deseja andar humildemente com o Grande Arquiteto.
Ah!, também tenho muito tempo para estimar os animais.
Caminhar perto de seres amigos nunca é  perda de tempo.

(setembro/2016)




segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Boletim 293.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

O Galpão. 
(Um texto velho, copiado de um velho boletim)...


Balbino Marques da Rocha poetiza assim: “Meu santuário de fumaça, onde às vezes desencilho. Faço um altar de lombilho, do fogo a reminiscência, e cultuo a dor da ausência no oratório do passado. Galpão onde eu fui fedelho corpeando tala de relho, tirando raspa de tacho. Templo de fogo vermelho, onde os avós se reuniram e de onde a cavalo partiram para uma cruzada de macho...”. 
Pois é ali que cultuo o respeito, pela ausência daqueles que partiram. Não encontro dor, e creio que isto é pelo fato de ter sofrido muito ao me despedi da Mamãe com apenas quatorze anos de idade. Não entendia das coisas, pois só quando se fica velho, na aproximação da porta final é que perdemos a dor pela morte, entendendo que ela nada mais é do que a passagem para um novo tempo. Sabem aquelas fotos de família antigas, grandes, desbotadas e com as molduras corroídas? Pois elas estão lá no Galpão do Galo Velho, moldurando uma parede que chamam de Parede dos Mortos, que para mim é dos vivos, pois eles olham para os olhos da gente, numa permanente comunicação de amor. Então, acendo perfumes, deposito flores do campo, e faço orações. Não há medo, há respeito. Fixo-os, sabendo que um dia também fixarei vocês, com amor, respeito e proteção.

Boletim 294.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O bobo e o esperto.
Esta comparação vai dar panos pra mangas! Já passei pelas duas, e o fato não me faz entendido no assunto, mas passível de comentar. Não conheci bobo mau, como também descobri que poucos espertos são bons. Talvez isto ocorra apenas naquela fase do homem, quando ele disputa bens materiais. Depois, quando a gente vai ficando velho descobre que o verdadeiro sentido da vida é outro, e ao perder o interesse do ganho material, vai ficando mais pra bobo do que para esperto.  
Diz um velho ditado, que a esperteza termina engolindo o esperto. Conheço vários exemplos, assim como assisti a maioria dos bobos perderem tudo. O inteligente jamais será bobo, assim como o burro jamais será esperto. Será possível fica entre o bobo e o esperto? Dizem que o equilíbrio é a razão da felicidade humana. Vou matutar.
Não disse que o assunto é complicado? Ando ultimamente focando coisas complicadas. Vou me descomplicar. Afinal, quando bater na porta do São Pedro, quero chegar mais para bobo do que para esperto, pois ele deve ser muito, mas muito esperto, lidando com este mundão de gente todo o dia.  

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Boletim 292.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O sacrifício.
Outro dia uma amiga especial me disse: "Não te sacrificas tanto". Passei a matutar, o que não tem nada a ver com matuto, lá do mato, certamente é coisa de gente esperta. Pois querendo ser esperto, concluí que aquilo me fazia bem - me sacrificar! Claro, fui para minha amiga "amansa burro" chamada Wikipédia, e lá encontrei assustado: "é a prática de oferecer aos deuses, na qualidade de alimento, a vida de animais, humanos, colheitas, como ato de propiciação ou culto". Cruzes! Ainda bem que lá atrás ela se referia a origem do termo, que é do latim da antiga Roma. Então vai lá, Nero lulista.
Ainda bem que a Wikipédia lá adiante registra: "o termo (sacrifício) é usado também metaforicamente para descrever atos de altruísmo, abnegação e renúncia em favor de outrem". Bem, fiquei mais compreensivo. Já aprendi que não posso viver só para mim, tenho que me ofertar, o que não deixa de ser um sacrifício, dentro do meu conceito de religião. Até aí, ofertar o meu sangue, é um exagero!

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Boletim 291.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

Boletim nº 1 - datado de julho de 2006.
Neste boletim, que não foi publicado aqui, relacionei alguns dados, que me foram ofertados pelo amigo João Luiz Horta Barbosa, aos quais agora adiciono outras informações procedente do Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã.

ORIGEM DA FAZENDA DA QUINTA.

            A Fazenda da Quinta, desmembrada da sesmaria Flor da Praia, que foi recebida por Faustina Maria Centeno, nascida em 01-07-1804, na Freguesia de Triunfo, filha do Sargento–Mor Boaventura José Centeno e de Dona Antônia Joaquina Gonçalves da Silva, irmã do Gal. Bento Gonçalves, era casada com o português João Luiz Pereira da Silva, conhecedor da arte da enxertia fez um enorme pomar, que terminou dando o nome à grande Fazenda da Quinta. Conhecemos três de seus filhos, ignoramos a existência de outros.
1) Antônia Luiza Centena Vianna  casada com José Soares Vianna – ainda não pesquisada.
2) Boaventura Luiz Pereira da Silva, nascido em 26-01-1829 em Camaquã, casado com Júlia César Centeno, e por falecimento desta, casou em 2ª núpcias com Isabel Eufrásia de Oliveira Guimarães, nascida em 30-05-1846 no Boqueirão onde casou em 08-12-1867. Isabel Eufrásia foi a terceira filha de Perpétua (filha do Gal. Bento Gonçalves e Caetana) e de Inácio Oliveira Guimarães. Dos seus quatro filhos destacamos o Cel. Boaventura Luiz Pereira da Silva Júnior, chefe do Estado Maior do Gal. Zeca Netto, e pai de Dona Isabel Silveira da Silva, viúva de Dorval Ribeiro, progenitores de Cláudio da Silva Ribeiro e Ieda Ribeiro Karan. Boaventura Júnior faleceu em Camaquã em 29-04-1887, com a idade de 58 anos.
3) Francisco Luiz Pereira da Silva, que aprendeu a arte da enxertia com seu pai, continuou a grande quinta. Casou com Ana Júlia da Silva, filha de Júlio Cesar Centeno, que era filho do Sargento-Mor, Boaventura José Centeno. Conhecemos dois filhos: 
                                   A) Adolfo Luiz Pereira da Silva casou com Anna América Centeno, e tiveram quatro filhos: Thereza Centeno Azambuja, casou com o primo Mário Silva Azambuja, pais de Luiz Fernando e Maria de Lourdes: Maria Centeno Azambuja casou com o primo Lauro Silva Azambuja, sem descendência; Sylvio Luiz Pereira da Silva casou com Morena Centeno Pereira, pais de Gladis Terezinha. Seu último filho foi Francisco Luiz Pereira da Silva, que casou com a irmã de Morena, Ivone Centeno Pereira, pais de César Augusto e Marco Antônio Luiz.
                                   B) Faustina Pereira da Silva Azambuja, casou com o Cel. Ney Xavier de Azambuja proprietário da Fazenda da Invernada. Deste casal nasceram treze filhos, sendo que apenas oito sobreviveram: Mário Silva Azambuja, casou com sua prima Thereza Centeno (já mencionado); Marieta Silva Azambuja, casou com José Olavo Fay, pais de Marila, que casou com Ruy Rodrigo Azambuja, Tito Livio Fay e José Olavo Fay Júnior; Lauro Silva Azambuja, casou com Maria Centeno (já mencionado); Mariá Silva Azambuja, casou com Tito Paranhos, pais de José Carlos Paranhos Barcellos;  Ney Xavier Azambuja, que foi prefeito em Camaquã, casou com Nilda Souza Azambuja, pais de Ney, que casou com Solange Paiva, e Neyta Azambuja, casada com Reni Marques; Marcolina Azambuja casou com Romeu Luiz Pereira da Silva, pais de Zélia Maria e Ruy Pereira da Silva; Cel. Dário Silva Azambuja casou com Maria de Lourdes Vilamil, pais de Vera Maria e Ney Artur, e finalmente, Adolfo Silva Azambuja, que casou com Zilda Souza, pais de Luiz Felipe, Maria da Graça e Luiz Alberto.
                        Agradeço ao amigo Dr. João Luiz Horta Barbosa, com sua primeira pesquisa sobre a família Pereira da Silva, que se encontrava perdida. Nossa história não terá fim, na continuação de tantos que virão, entretanto, poucos saberão contá-la. O Galpão do Galo Velho quer deixar gravado o registro daqueles que nos ofertaram o dia de hoje, com a doação de sua dignidade, amor à família e ao próximo. Foram os verdadeiros fazendeiros, que conviveram com seus empregados dividindo o suor da labuta, num mundo sem conforto, mas pleno de respeito e trabalho profícuo. Resta derramar sobre nós e àqueles que virão de nós, as bênçãos do Grande Criador, na esperança que saibam seguir a mesma trilha que eles traçaram, carregando o peso de seus esforços na busca de dias melhores para todos nós.  
                             Agradeceria também, àqueles parentes que estiverem lendo, que me enviassem suas descendências com seus nomes e o ano de nascimento.
      

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Boletim 290.

ABRINDO A PORTEIRA.
O silêncio.
O mais importante dos silêncios é aquele que habita em nosso interior. Ele não cessa, mesmo com todo o barulho lá fora. É ele que permite nossa mente trabalhar no discernimento dos fatos. Sem ele estaremos cometendo erros sobre erros. Alguns dirão que é a calma e a serenidade, e eu somo a sabedoria. É um exercício difícil este de mantermos nosso interior tranquilo. Só o conseguiremos se aprendermos a meditar! Meditar no silêncio de algum lugar, para aumentarmos o silêncio em nosso interior. Então estaremos nos aproximando da sabedoria. Meditem.

GALPÃO.
Galpão do Galo Velho.
Nada melhor do que assistir a vida passar. Lá se foram vinte e dois anos da significativa foto, ao comemorar meus 60 anos. Nada pior na vida (aprendi no Livro da Vida) do que a gente se queixar da vida. Os dois guris foram embora para cumprir com seus belos destinos, e os velhos ficaram sós, cada vez se agarrando mais um no outro. Foi bom os guris terem ido embora. 

HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
As calhas.

Calhas de madeira. Tábuas de polegada, com 30 cm. de largura, 5,5 metros de comprimento, com guias de 15 cm de largura, pregadas em suas laterais, formando assim uma calha. Elas foram pregadas sobre estacas de madeira cravadas no leito do Arroio Jacaré, em duas fileiras, no nível, e exatamente da largura dos pneus de um automóvel. Automóvel do Senhor Adriano Scherer, o precursor, o empresário, o grande arrozeiro, e desbravador de Santa Rita do Sul, então chamado de Guaraxaim, lá por 1925. Ele com seu automóvel, que me parece ter sido um chevrolet, cruzava voando pelas calhas, e depois pelo Aterro da Terra Dura, que também construiu com suas turmas de corte do arroz, totalmente executado à pá. Como não havia ponte sobre o Jacaré, ele imaginou e construiu inteligentemente as tais calhas, que lamento não possuir uma foto das mesmas. Quem sabe alguém me dá esta alegria.

FECHANDO A PORTEIRA.
Já é muita falação. Desejo uma boa semana para vocês, com a Dilma pelas costa. Acabo de sair da frente dela, pois sua falação é pior do que a minha.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Boletim 289.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A tolerância.
Certamente a tolerância é o primeiro passo para a boa convivência social. Nada irá funcionar sem ela, principalmente na mais importante das células sociais, a família. Afirmo sempre que é tudo de dentro para fora, e aquilo que vem de fora não me diz respeito, pois já devo ter construído meu Universo, principalmente quando se é velho. Nossas reações com quem amamos é diferente daqueles que nos são estranhos. Não toleramos seus erros, e justamente com eles que devemos ter o melhor dos trato, agimos com impaciências. Augusto Cury nos ensina o poder do SILÊNCIO e da TOLERÂNCIA, em seu livro "Código da Inteligência", que aconselho a lerem. Por minha vez afirmo que devemos "conversar" muito com nossas consciências, sempre com voz calma e tolerante, principalmente nos momentos de tensão. Se aprendermos a fazer isto estaremos conversando com Deus, que habita em nós.
Desejo à todos uma ótima semana, que começa com nossos corações lavados de alegria, ao mostrarmos ao Mundo que o Brasil, com todos os seus problemas, é um País feliz. 

sábado, 13 de agosto de 2016

Boletim 288.

ABRINDO A PORTEIRA.
Nada é fácil!
Não busquem pelo fácil, ele nada constrói. Vou dar um exemplo: "Alguém mora numa ilha paradisíaca. Arma um chapéu de sol à beira mar. Um serviçal leva a ele a cerveja gelada e as refeições necessárias. Passa o dia, passa o mês, ele gosta, e decide passar a vida toda ali. O que ele constrói? Nada, ou talvez alguma poesia, alguma música, mas nada mais."
Voltando. Você que dá murro o dia inteiro para sobreviver, basta não se queixar, entendendo que ao chegar em casa irá encontrar carinho e respeito. É exatamente vencendo obstáculos, que construiremos o belo em nosso interior. 

GALPÃO.

Querência dos Poetas Livres Vilmo Medeiros.
Um grupo de gaúchos, hoje somos 22, reúne-se quatro vezes ao ano, em rodízio nas suas querências, onde é proibido falar em dinheiro, mercâncias e mulheres, só nas próprias. Na tertúlia galponeira cada um diz ou canta o que sabe, toca, declama, ou apenas saúda os de casa. Na semana passada foi no Galpão do Galo Velho, e deixo apenas duas fotografias, dos muitos momentos agradáveis, que ali passamos. 
  
Em plena Tertúlia Galponeira, o som de um bom violeiro, no encanto de um garrafão de vinho, aquentando o frio brabo de um longo inverno.

Aqui o grande amigo, poeta, pajador, mas acima de tudo gaúcho com a marca do Rio Grande do Sul no peito, apaga a vela de 84 anos de bela existência, entre a Patroa e o Patrão.


Então no outro dia, no calor de um fogo forte, mateando no silêncio de mim mesmo, escrevi no Livro nº 7 dos Causos do Galpão. Registro que há 35 anos, neles gravo os causos acontecidos.
07/08/2016 - "Agora, já no dia 7, a festa acabou, mas o tempo não acaba, pois a vida irá continuar para sempre. Eu mesmo nem sei quando é "sempre". Certamente ele não será para sempre aqui nesta Terra, pois tem muito mais em outros lugares. Na vida basta sabermos amar, para sermos amados, pois além do amor não existe mais nada".



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Boletim 287.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

TEMPO É DINHEIRO?

            Primeiro devemos analisar: TEMPO é um substantivo abstrato. DINHEIRO, um substantivo concreto. O primeiro é etéreo e o segundo é matéria. Lógico, os materialistas querem impor que tempo é dinheiro. Ele não existia para nossos ancestrais, e só em 1509, quando o alemão Peter Henblein inventou o relógio, as coisas se complicaram, “limitando nossas  existências”. Certamente que para Deus o tempo não existe, ele é ETERNO.
            Assim, tempo não é dinheiro, pois a vida não é matéria. O valor do tempo terá a forma de como gasto na construção do bem ou do mal. Se recebemos o Livre Arbítrio, permitindo que façamos dele o que bem entendermos, também recebemos uma  imensa responsabilidade do que fazermos dele. A vida que portamos não nos pertence, visto que não a pedimos para ninguém, recebendo-a gratuitamente, sem assinaturas ou contratos, sem cláusulas estabelecidas. Ela foi o resultado do amor entre duas pessoas, transmitindo o dever da continuação da espécie humana, criação mais perfeita de Deus.
            Toda esta “charla” é para os novos, num pedido para que apliquem “bem o seu tempo”, estudando as belas lições deste Caderno da Vida, adquirindo a difícil virtude da meditação. O caminho é longo, e por tal, passa a ser belo, principalmente por repleto de novas esperanças de vida. Pensem, pois é pensando que vivemos e alcançamos as vitórias. 
            

domingo, 31 de julho de 2016

Boletim 286.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Deixem acontecer!
Não façam acontecer! Sei. É difícil. Como deixar acontecer aquilo que nos desagrada? Aceitar os fatos como está acontecendo por vezes dá desespero, dor, revolta, ira, e por ai todas nossas fracas emoções. Quais as nossas fortes emoções? Resignação, tolerância, calma, e outras fortes. Então, tudo está em sabermos contar - um, dois, três, por vezes até dez, ou mais. Deixar o tempo passar, para depois agirmos, identificando e controlando a emoção que nos toma conta. Difícil. Verdadeiramente muito difícil. Já escrevi muitas vezes: "É tudo de dentro para fora". Tudo que vem de fora, não deve nos abalar, mas abala a maioria. Porque a maioria não se ama! Quem se ama é porque se conhece, já que há uma lei: "Não amamos aquilo que desconhecemos". Sabem porque devemos nos amar? Porque fomos feito à semelhança de Deus, e ele habita em nós. Quem não se ama é porque não crê em Deus. Meditem e aprendam a orar!

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Boletim 285.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
"Terra a gente não queima".
Assunto não falta nos dias de hoje, entretanto, andei olhando os primeiros boletins do Galo Velho, que não foram publicados, assim como aquele último da minha Tia Marieta. Então vai mais um.

Do Boletim 09.
Lá pelo ano de 1964 aconteceu um fato com Selvina, esposa do nosso Galo Velho, que desejo registrar para a posteridade.
            Selvina apareceu na Sant´Anna, e sabendo que eu tinha uma olaria, pediu alguns tijolos para calçar uma cacimba em sua chácara. Fomos até a olaria que ficava próximo, onde escolhemos os tijolos mais requeimados, que seriam ideais para o seu poço. Na saída disse ao Seu Carlos Krüger, meu oleiro, que mais tarde mandaria um reboque levantá-los, e foi quando nos retirávamos ao longo do galpão de palha taboa, que Selvina sentenciou: “Menino, terra a gente não queima”. Parei estarrecido. Já andava inconformando com a tal olaria, que só me trazia aborrecimentos. Então gritei ao Seu Carlos Krüger: “Seu Carlos fecha a olaria. Está todo mundo demitido”. Selvina se assustando me retrucou: “Menino, o que houve?”. Respondi: “Tu tens toda a razão, terra a gente não queima, ela é sagrada, a natureza nos deu para dela tirarmos o nosso sustento, e um dia ser nosso berço, para o descanso eterno.”
                        Sentencio – “Não se metam com olaria!”

Boletim 284.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Marieta.
Vocês perdoem, mas vou falar de minha gente, por uma simples razão - o texto está muito bem escrito. Lá no boletim nº 10, que não transcrevi para o blog, ele consta límpido e alegre. Uma querida tia, irmã de meu Papai, cujos dados foram fornecidos por uma filha, que por professora, e de coração limpo e puro, assim escreveu:


 Marieta Azambuja Fay.
Segunda filha do Cel. Ney nasceu no último ano do século XIX, em 14 de abril de 1899, na fazenda da Invernada. Era chamada por quase todos os sobrinhos de Dinda. Alfabetizada na fazenda foi criada naquele bucolismo rural, até que adolescente, o pai a mandou para junto de sua irmã Amália, em Rio Grande, onde passou os melhores momentos de sua juventude. Passados alguns anos foi transferida para Porto Alegre, residindo com a outra tia, Sinhá, também irmã de seu pai, e casada com o professor Sampaio, do Colégio Militar. Ali ela passou muito trabalho, pois encontrou um verdadeiro “quartel”, lamentando a perda do contato com as primas de Rio Grande, com quem estabelecera forte amizade. A oportunidade junto da tia Sinhá foi a técnica de bordado, chamado “pintura de agulha”, no qual se especializou, deixando bons trabalhos. Terminou retornando à Invernada já mocinha, e foi no Hotel São João, na vila do Duro, que estando a almoçar com a família, um jovem e esbelto moço, chamado José Olavo Fay, almoçando ao lado perguntou ao garçom Bino, quem era aquela bela morena de olhos tão lindos. Recebeu a resposta que era filha do Cel. Ney Azambuja, ao que ele retrucou: “Vou casar com ela”. O garçom corrigiu: “Vai ser difícil seu moço, o velho é exigente, e não creio que concorde em dar a mão da filha, a um simples caixeiro-viajante”. Não se sabe que caminhos o teimoso Fay percorreu, para chegar no coração da bela morena, mas o certo é que em 9 de abril de 1921 casavam na Fazenda da Quinta. Contam que a festa tendo terminado muito tarde tiveram que pernoitar na mesma, mas em camas separadas. Imaginem uma cena desta nos dias de hoje!
                        Como todo o Azambuja, Marieta era extremamente devotada ao lar, acompanhando os filhos e netos, por quem foi muito amada e respeitada. Escreveu: “O dia mais feliz de minha vida, foi quando recebi minha primeira comunhão, já com 42 anos de idade”. Então, no dia 14 de abril de 1974, ao completar 75 anos de existência, na sua bela chácara da Glória, junto aos filhos e netos, seu coração parou de bater, encaminhando-se ao encontro de sua eterna ressurreição.
                                              Dados de sua filha Marila.

Concluo: Ela se chama Marila Azambuja de Azambuja, pois casou com meu Amigo e Companheiro de Rotary, Ruy Rodrigo Azambuja. Ela vive, e também extremamente devotada ao lar. Conta com a pouca idade de 93 anos, para sua bela estrutura física. Tanto que ano passado quebrou uma perna e anda lépida e faceira.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Boletim 283.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Eu errei!
Espero que tu saibas pronunciar esta frase. Ninguém é perfeito! Então, todos nós somos passíveis de erros. Nosso consciente é alimentado cada vez que reconhecemos nossos erros, da mesma forma que nos alimentamos quando vibramos com nossos acertos. Certo que existem os doentes, como os psicopatas, que em maior ou menor escala, jamais reconhecem seus erros, conforme acaba de me afirmar um amigo. Se afirmei que ninguém é perfeito, também posso afirmar que podemos buscar pela perfeição, mesmo sabendo que ela pertença só à Deus. Conheço várias pessoas que nunca reconhecem seus erros, as quais chamo de egoístas. Estamos cercados delas por todos os lados, cuidado! Estes egoístas cuidam apenas de si, jamais pensam em ofertar ao outro. Moral: é tudo de dentro para fora, mas de tal maneira, que ao construirmos algo de bom, pensemos em transmiti-lo ao outro, sem pensar em proveito próprio.


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Boletim 282.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Meu Rotary.
Fica difícil descrever meus sentimentos por esta bela organização. Isto simplesmente por medo que vocês pensem que eu queira fazer propaganda de Rotary. Ele não precisa de propaganda, primeiro, por ser uma das poucas entidades que tem assento na ONU. O que quero me referir é na sua simbologia. Imaginem uma associação possuir como lema: "Dar de si antes de pensar em si".  Entendo que é um chamamento para jogarmos fora nossas vaidades, já que nossos pensamentos serão apenas para os outros. Não esqueçam - somos aquilo que pensamos. Assim o rotariano pensa na obra social de sua comunidade, e a obra necessita de ação, que é impulsionada pelo Malho, ao vibrar o Sino.
Sino é a reunião entre o Céu e a Terra, e a sua sonoridade simboliza o poder do Criador. Com ele está o Malho, que é a "vontade na aplicação". 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Boletim 281.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Forrest Gump.
Acabo de assistir, mais uma vez, este maravilhoso filme, onde Tom Hanks sai da tela, contando uma bela história. Apenas uma "bela história", vivida por um ótimo contador, além de uma exagerada e empolgante história, que nos deixa presos a um imprevisível acontecer. Realmente muita morte. Morte de tantos soldados, morte da mãe, morte da mulher amada, o que me faz crer que morte fascina. Possivelmente tanto quanto o nascer. Dirão que um é alegria e o outro é tristeza. Os dois caminham juntos. Tudo caminha junto. O certo, com o errado, pois só assim poderemos compreender a vida, bastando meditar. O meditar que é tão fácil para uns, e tão difícil para outros. Alguns querem compreender o viver, mas outros têm medo. Moral da história, não tenhamos medo de morrer, basta ter feito, e bem feito, os deveres de casa...

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Boletim 280.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Família +Amor = Perdão.
São temas inesgotáveis. Agora o Papa Francisco nos deixa esta bela mensagem:
FAMÍLIA, LUGAR DE PERDÃO...
Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão . O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas. Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença.
                       Papa Francisco.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Boletim 279.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Acabou!
Não creio. Depois de tudo que passei! Depois de tanto construir, e destruir. Depois de tanto amar, e apenas amar. Depois de tanto sonhar, e a realidade contrariar. Depois de tanto ganhar, e depois perder. Depois de tanto viver, e depois morrer!
Não creio que tudo acabou! De um momento para outro dizer que tudo acabou! Impossível que minha existência tenha sido em vão. Sei que muito deixarei na Terra, mas também sei que muito levarei. Só não posso afirmar para onde. Quem sabe para um paraíso ou um inferno, Alguém que julgue. Talvez para uma outra vida, terrena ou sideral. Na verdade o que penso é que tudo está recém começando, nada se acaba, tudo se transforma, como afirmam os físicos (lidando apenas com a matéria). A vida deverá ter um significado maior. Um objetivo maior, que foge do nosso conhecimento, mas que nossa consciência, ou autoconsciência, diz que ela não ACABOU! 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Boletim 278.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Ainda o Rio de Janeiro.
Certo dia, lá na década de 80, um conhecido meu chamado Amaro Viana (tomara que ele não leia isto, pois poderá revidar...) me perguntou: "Azambuja, é verdade que um empregado botou você na justiça?". Respondi afirmativamente, e ele retrucou: "Aqui no Rio não tem disso não. Não permitimos. Amanhã espero você na minha casa, quando apresentarei quem vai acabar com o problema. Leva o endereço e uma fotografia do malandro". Esse Amaro era grande fazendeiro na região, invernador de mil bois! Não sei como, mas o estado do Rio que é pequeno só tem coisas grandes, como grandes também são suas maldades. Com meu coração aos saltos, eu que não mato nem borboleta, corri no escritório do engenho e chamando em particular meu gerente, disse a ele: "João Batista, procura o fulano (até esqueci o nome) e faz um acerto com ele de qualquer maneira. Diz que se não acertar, o Amaro Viana vai matar ele, não eu". No outro dia, após o acerto, fui na casa do Amaro (só podia ser amargo mesmo) e disse que o empregado havia retirado a queixa. 
O que é mesmo que eu fui fazer lá no Rio? Trabalhar?

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Boletim 277.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Ainda o Rio de Janeiro - 1984.
Impossível deixar de reconhecer as belezas do Rio de Janeiro. E não é só a sua capital, basta conhecer o seu interior, principalmente suas praias de mar, e região dos lagos. Até mesmo suas pedras são bonitas! O que eu fui fazer mesmo lá no Rio? Trabalhar? Lá é local de se aposentar, descansar, passear, se divertir, nunca de trabalhar. Depois aquele calor danado inverno e verão, não dá vontade de pegar na pá! Mas meu princípio é não me arrepender do que faço, principalmente dos meus erros, pois foi com eles que aprendi a vida. Imaginem o que eu aprendi durante minha estada no Rio, por cinco longos anos. 
Os cariocas costumavam nos dizer: "Vocês gaúchos são realmente diferentes". Eu então respondia, com a devida desculpa dos cariocas: "Claro que somos diferentes de vocês, pois lá no Sul a Natureza nos seleciona. Quem não trabalha morre de frio ou de doenças no inverno, e vocês aqui com uma bermuda, uma camisa física e um chinelo de dedos, sobrevivem".
Pois só vou falar da vida, não de negócios, onde sucumbi. 
É hábito de gaúcho apertar a mão de empregados. Lá no Rio o patrão não costuma sequer falar com o empregado, o capataz que o faça. Um certo dia, um empregado bem mais velho que eu (na época!) me disse: "O senhor é o primeiro patrão que me aperta a mão!". Eu respondi: "Meu amigo, o gaúcho além de educado é esperto, ele aperta a mão do empregado para ver se ele tem calos nas mãos". Foi um silêncio danado. 

Tirei a foto abaixo (claro que ao lado da minha Jane) em 1985 num dos meus raros descansos, lá no Rio de Janeiro. O que eu fui fazer lá?


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Boletim 276.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

Ainda o arroz - Rio de Janeiro - 1984 - IRGA.


Aqui a indústria com dois engenhos. O arroz transportado por chatas de 500 scs tracionadas por rebocadores era sugado pelos chupins. As automotrizes descarregavam direto nas chatas.
100.000 ha. de banhado no Vale do São João, município de Cabo Frio, drenados pelo DNOS, com o canal principal de 120 m. de largura (aqui eu havia publicado que o Canal de Suez teria 90 m de largura), e uma espinha de peixe com drenos laterais de 8 m. 

Uma balsa para transporte de máquinas, pois eram três áreas arrendadas, perfazendo 1.700 ha. de lavoura de arroz, que eram administradas por lanchas. Ao lado quatro gaúchos. Muitos daqui se foram, atraídos pela conversa do governador Brizola.

Conclusão:
Depois, com todo o "desastre" funcionando, com o agrônomo Dr. Magrinho se escabelando, chamamos o IRGA, na pessoa do Companheiro e Amigo Dr. Selenio Simões de Oliveira, que após examinar as lavouras, perguntou: "De onde vocês compram a semente?". A resposta: "De São Paulo." Ele disse: "Não é possível. Vocês devem plantar semente adaptada ao clima. Vou pesquisar." Resultado, pesquisou, mas não encontrou nada. 
Um conselho: Onde não houver pesquisas NÃO SE METAM!

Obs.- Há um comentário de um Anônimo, que permiti a publicação, onde diz que o Canal de Suez tem 180 metros de largura. A Wikipédia diz que ele atualmente tem 205. Peço desculpa pelo erro.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Boletim 275.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.


Um outro tempo II.

Recebi do meu Amigo e Companheiro Cláudio da Silva Ribeiro, um artigo sobre a lavoura de arroz, provavelmente da Revista Arrozeira. No boletim anterior eu dizia que colhia 60 sacas de arroz por hectare, e era em 1960, entretanto, neste artigo eles já colhiam os mesmos 60 sacos em 1950. Largou mal o meu cavalo. Compara nossa produção com a do Pará, que atingia apenas "meia tonelada", ou seja, 10 scs. por ha. Gostaria de saber quando o IRGA foi fundado, pois o artigo de 1950 dá detalhes dos seus estatutos, com os propósitos a serem atingidos. Fala em 75 cruzeiros por saca, detalha as exportação assim como o problema dos engenhos, e de certa forma se queixa do IRGA. Por certo era mais um momento de crise no arroz, entre tantas que já vivemos. Vou providenciar para que os Companheiros de Cite recebam referido artigo. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Boletim 274.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Um outro tempo.

Aqui, em 1975, eu colhia arroz vindo das medas, na quantidade de 60 (sessenta) sacas por hectare, e ganhava dinheiro! Tudo era produzido à mão, desde a lavração à boi, até a colheita à foice manual. Hoje nossa produção anda por 200 sacas por hectare. Graças à que? As novas tecnologias. Adoro novas tecnologias, mas os produtores não obtêm lucros com toda esta produtividade. Para onde vai o lucro? Certamente aos gringos, com a venda dos insumos, técnicas, máquinas, e tudo mais que aumenta nossa produção e diminui nossos lucros. Vocês não precisam dizer, eu sei, são palavras de um agricultor quebrado, entretanto, quantos como eu, têm saudade do tempo que se levantava quebrando geada nas madrugadas para cangar bois, e se derramava suor semeando arroz à lanço...

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Boletim 273.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
David Coimbra.
Esta última página da Zero Hora é, foi, e sempre será espaço dos melhores articulistas do jornal. David Coimbra fala de política sem ser político, sem paixão partidária, apenas comentando e comparando fatos políticos. Uma verdadeira lição de bom senso em cada artigo. Ele escreve ainda sobre as leis da natureza, a família, a segurança, a saúde, enfim, ele é um escritor versátil. Mas não fosse um homem culto e pesquisador, nada teria tanto valor. Vejam o seu artigo do dia onze de maio, quando ele prova que a presidente Dilma cometeu crime, relatando o fato de quando ela "mandou" a firma Andrade Gutierrez concluir a obra do estádio Beira Rio, do meu Internacional. Ela assim se manifestou (e está gravado): "É o meu clube, é o meu Estado. Não há hipótese nenhuma de a empresa sair que nem cachorro e deixar todo mundo de pincel na mão", e David conclui: Contratos firmados entre empreiteiras e governos têm de ser feitos através de concorrência pública, é preciso haver licitação, controle externos. É escolha técnica. Um governante NÃO PODE interferir no processo de escolha de uma empresa que fará qualquer obra para o Estado. É CONTRA A LEI. Quando o governante faz isso ele COMETE CRIME. Mas Dilma mandava tanto na AG, que interferiu até em um negócio privado entre a empresa e o clube de futebol. Ficou clara a chantagem. 
Todos nós sabemos que o presidente da AG está preso em casa, com um rastreador eletrônico preso em seu tornozelo, admitindo ter pago propina ao governo, pedindo desculpas e aceitando uma multa de R$ 1 bilhão! Concluiu David: O governo Dilma cometeu crime, sim. A justiça está sendo feita hoje e amanhã, em Brasília. Impeachment nela.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Boletim 272.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Ainda o amor.
Já disse que é um tema inesgotável, e o Galo Velho já falou dele muitas e muitas vezes. Agora é o Papa Francisco que toca no assunto, e tudo que vier desse Papa, único argentino que devemos curvar o "corincho", daremos atenção. Ele assim se manifesta: "O que entendemos por "amor"? Só um sentimento, uma condição psicofísica? Certamente, se é assim, não se pode construir nada sólido. Mas o amor é uma relação, então é uma realidade que cresce , e também podemos dizer por exemplo, que se constrói como uma casa. E a casa é construída em companhia do outro, não sozinhos! Não queiram construí-la sobre a areia dos sentimentos, que vão e vêm, mas sim sobre a rocha do amor verdadeiro,  o amor que vem de Deus". E acrescenta.
"Três palavras mágicas para fazer o casamento durar:
"Viver juntos é uma arte, um caminho paciente, bonito e fascinante, que tem regras que se podem resumir exatamente nestas três palavras: 'posso', 'obrigado' e 'desculpe'".
Obs.- Verdadeiramente, quem agora em novembro irá completar 59 anos de felicidade conjugal, medita muito nestas três palavras. Façam o mesmo, e felicidades ao casal. 

Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”