terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Boletim 260.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Para onde vamos?
Outro dia fui falar no que viemos fazer aqui, e agora faço outra pergunta muito mais difícil. Para onde vamos? Qual o nosso destino? Uns estão pensando no céu e outros no inferno, enquanto outros tantos pensam em retornar em outra vida, aqui na Terra ou quem sabe em outro espaço. Temos de concordar que tudo é muito amplo, um verdadeiro Infinito. Se me perguntarem darei uma resposta vaga, como vago é o Infinito - "Não estou preocupado com o que me aguarda, e até mesmo penso pouco no caso. Procuro fazer a minha parte da melhor maneira possível, e se puder merecer alguma dádiva, gostaria de me encontrar com quem tanto amei, e tanto me amaram. Faço disso uma forte oração, sabendo que o amor não se acaba". 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Boletim 259.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O que viemos fazer aqui?
Creio que existe três tipos de pessoas. Aquelas que pensam só em si. Aquelas que pensam nos outros, e aquelas que não pensam. Já que um de nossos objetivos é o de ser feliz, a pergunta que devemos fazer é qual dessas pessoas será a mais feliz. Afirmo que qualquer dos três tipos terá a mesma possibilidade de felicidade. 
Então, o que as distingue? Meditei muito, e peço que vocês façam o mesmo. Minha conclusão é que elas serão distinguidas pelas obras que irão construir. Aquelas que não pensam, nada construirão. Aquelas que só pensam em si, certamente irão construir uma bela obra material, que infelizmente não será perene. Então, aquelas que pensam nos outros irão construir o AMOR! O amor será perene? Certamente que sim. Jesus o pregou há 2.016 anos atrás, e ele continua intacto. Os homens é que não  o entenderam. 



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Boletim 258.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A Internet.
Hoje ela é uma ferramenta indispensável na nossa atividade diária. Com toda minha quilometragem uso-a diariamente, entretanto, não sou viciado nela. Assusto-me com as pessoas caminhando e assistindo-a em seus celulares, muitas vezes sem se importar com as demais pessoas, e até mesmo com o trânsito, principalmente quando estão dirigindo. Então, permitam a vaidade de um avô. Recebi de um amigo do peito, que hoje é virtual, algumas piadas sobre a internet, e me debrucei na sabedoria do menino abaixo.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Boletim 257.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Mário Quintana.
Recebi do meu Irmão, Parceiro e Amigo Ignácio Mahfuz, e não me permito esquecer de repassar aos demais. Todos sabem da sabedoria do Quintana, mas poucos conhecem todas suas sabedorias. Apreciem:




quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Boletim 256.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Um amigo.
Eles tornam-se cada vez mais raros. Sabemos que é a falta de convivência, ou a falta de tempo, o que tanto tem atrapalhado os dias de hoje. Os amigos tornam-se virtuais, encontrados nas letras de e-mails, por vezes tão abreviadas, que nem dá para entender. Dirão que é o modernismo, pois busco me misturar nele, para não morrer no silêncio. Não quero remar contra a correnteza, mas fico lembrando do Apparício Silva Rillo: "A vida é como uma sanga, tem uma só direção, e mal comparando somos como uma folha ressequida, que na tal sanga de vida vai levada de roldão". Assim é que o passado me alimenta, e peço a paciência de vocês para voltar 50 anos, no tempo das minhas caçadas de todos os fins de semana, e do encontro com o meu amigo, o sempre saudoso Willy Hoff, meu Irmão, Companheiro de Rotary, e Parceiros nas horas boas e ruins. Achei a fotografia com um pequeno verso, que tanto me fez meditar.


Uma barraca, um cão e o mate,
gozando paz de afastados problemas.
Não há fotógrafo que retrate,
viver feliz dos distantes dilemas.

barraca, um cão e um mate,
Gozando paz de afastados problemas.
Não há fotógrtrate,

viver feliz dos distantes dilemas.

viver feliz dos distantes dilemas.

 viver feliz dos distantes dilem

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Boletim 255.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Ano Novo.
Vocês sabem de uma coisa? Acho que não devo exigir nada do Ano Novo que começa hoje. O Velho, que passou, trouxe minha família intacta e com saúde, então, que o Novo consiga fazer a mesma coisa, e ficarei satisfeito. Todos sabem que isso não dependerá do Ano Novo, mas da vontade de Deus. Concentremos nossos pensamentos numa prece de Paz, Amor e Respeito, pedindo ao Grande Criador que nos proteja com muita saúde. Basta! Aqueles, como eu, que sentiram como somos frágeis perante a Sua vontade, devem rezar, como estou fazendo, pedindo as Suas Graças, e agradecendo por tudo que recebemos. Senhor, sou teu servo, e desejo continuar te servindo, levando a Tua Verdade, luz que iluminará o meu caminho. 
Obrigado Senhor.
Um Ano Novo cheio de saúde a todos vocês.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Boletim 254.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Natal.
Mais um, e como é bom a gente perceber que eles se sucedem com a mesma mensagem de amor, contagiando nossos corações. 2.015 vezes Ele renasceu em nossos corações. Recordemos nossas infâncias com as árvores de Natal, que eram de pinheiros reais, não os plásticos de hoje. Neles havia a Estrela de Belém, o berço pobre com o Menino Jesus, os três Reis Magos, as ovelhinhas e vaquinhas no presépio, onde a Mãe Maria e o São José acolhiam num pobre e simples galpão-estrebaria, a imagem de humildade, para um mundo hoje tão presente de riquezas e ostentações. Ainda agora contemplando presépios ouvi dizer - "eles são estilizados". Não sei que estilos são esses, mas me afastam do respeito e oração ao nascimento de Cristo.
Um Feliz Natal a todos vocês, com Cristo em nossos corações.


sábado, 19 de dezembro de 2015

Boletim 253.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
De peito aberto III.
O Lar.
Hoje retorno ao Lar depois de um mês de ausência. Já escrevi sobre o Lar em boletins anteriores, onde afirmei que ele não tem definição. Vejam o que dizem os dicionários. Muito pouca coisa, inclusive o confundem com cozinha. Lar é algo tão pessoal que não conseguimos uma forma para defini-lo. Claro que estou falando de um Lar velho, como o meu, formado há mais de 58 anos. É o perfume do amor, são meus objetos pessoais, minha alcova acolhedora. Retorno como um renascido, de um tempo logo ali passado, com olhos vendo contornos que não havia percebido. Até o voo oscilante das borboletas passaram a ser entendidos como uma alegria de viver. Voltar ao Lar depois de tanto tempo já é um renascer. 
Viver é bom, e vocês só irão perceber se viverem bastante, com Deus, saúde e família.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Boletim 252.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRAL.
De peito aberto II.
Primeiro. Não imagino como escrevi o boletim anterior no mesmo dia que havia deixado a UTI. Certamente estava dopado. Hoje, vinte dias depois, ainda encontro dificuldades em coordenar meus movimentos e até mesmo meus pensamentos. Tudo passou. Agora junto da família, no apartamento da neta Fernanda. Não ouço bipes, aquele leve andar das enfermeiras, sem injeções, exames e tudo o mais. Agora só esperar pela recuperação. A vida consiste num constante esperar. Antes a espera da operação, agora a espera de que ela passe. 
Deixo minha mensagem final: "Cuidem das vossas saúdes". Certamente se eu não houvesse cuidado da minha, não estaria transmitindo essa mensagem.

sábado, 14 de novembro de 2015

Boletim 251.

De peito aberto.
Agora realmente de peito aberto converso com vocês.

18 de novembro. Uma sala de cirurgia que mais se parecia com uma sala de orquestração, no Centro Cirúrgico do Hospital São Lucas de PUC. Cada um com seu instrumento afiado na mão. Dr. Marco Antônio Goldani, o cirurgião cardiovascular, Dr. Paludo, o anestesista, Dr. Luiz Zimmer e Dr. João Carlos Fernandes os cardiologistas. O paciente aqui, que nem era assim tão paciente, pelado, mas não assustado, transferia suas confianças aos profissionais que o cercavam, quando o pano foi aberto após a apagada profunda do operado. A CTI com seu abafado murmúrio, o bip das máquinas, a “meio acordada” no agradável de me sentir entre os vivos. Não era a necessidade de me deixarem novinho em folha, mas o esforço de me proporcionarem uma sobre vida descente. Então, eu buscava adormecer naquele silêncio hospitalar, sentindo o quanto era difícil retornar à energia mental, até mesmo nas minhas preces ao Divino Criador, agradecendo a Ele, e aos profissionais que atendiam.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Boletim 249.


ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A Obra.
Recebi do meu primo José Inácio Fay Azambuja, uma postagem no Facebook que me fez meditar profundamente. Trabalho há 51 anos com o maço e o cinzel. Minha obra ainda está distante de concluída. Talvez pela metade, como o monumento desse trabalhador, e olha, já passei muito além da Taprobana! Creio que para uns a rocha é dura de ser moldada, e para outro é moleza. Daí fico pensando qual a melhor obra. Certamente aquela que o tempo não irá corroer. Construir é fácil, como fácil é viver. Difícil é construir boas obras, para a contemplação daqueles que virão de nós. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Boletim 248.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A morte.
Sei que o tema não agrada muito, mas creiam, a morte faz parte da vida. Ninguém deixará de conhecê-la. Chego a me atrever em dizer que ela é a única verdade em nossa existência, pois creio piamente que ela é que nos conduzirá à Deus. Não é necessário temê-la, basta termos cumprido com nossos deveres na Terra. Certamente uma longa e penosa trilha, e quanto mais penosa mais florido será o outro caminho. A humanidade busca cada vez mais o gozo terreno, aquele gozo sem sentido de vida futura, como se tudo se acabasse com a simples morte. Meus familiares se divertem quando pronuncio "Tudo recém está começando", já que eu não creio no fim! E se não creio nele é porque sei que a morte não é o fim, talvez mesmo seja um começo. Vamos meditar nisso.

sábado, 31 de outubro de 2015

Boletim 247.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Orar.
O Aurélio define orar: "pedir, suplicar, rogar". Ainda fico com o Silveira Bueno que é mais filosófico, e diz: "rezar, pregar, discursar", pois orar não pode ter nada de pessoal. A verdadeira definição de oração no "meu dicionário" é ofertar. Assim fica realmente difícil rezar, e creio que por tal, poucos rezam. Trata-se de um momento onde não devemos fazer pedidos pessoais Ele já nos deu tanto, para que pedir mais e mais. Lembro de ter entrado certa feita em uma capela de hospital, para pedir por meu filho que estava sendo operado. Então, de joelhos, ao iniciar minha oração dei-me conta que sua vida pertencia ao próprio Deus, e que eu não poderia pedir aquilo que já havia recebido dEle, mas que nunca me pertencera. Percebi que a vida de meu filho estava em Suas mãos, portanto, que ele recebesse o que merecia. Passei a rezar pelo médico que o operava. Deu certo. Agora sim, posso dizer, obrigado Senhor.

domingo, 25 de outubro de 2015

Boletim 246.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Abre teu peito.
Joga pra fora as tuas emoções. Elas não te pertencem. Não tenhas medo, isso não irá te fazer mal. Salvo se lá dentro só existir coisas ruins. Passaste uma existência inteira te alimentando da vida, e só quando abrirem teu peito é que sentirás a obra construída. Claro, será um corte longo e profundo para perscrutarem o teu íntimo, aquele escondido sentimento que alimentaste durante tua existência. Não irá doer. A anestesia do tempo faz um belo serviço. Tudo está se renovando, tudo está acontecendo novamente. Esse filme já foi visto por muitas gerações passadas, que pouco nos deixaram da lição. Agora, que meditas no teu filme deves ter mais coragem do que medo, transmitindo àqueles que virão de ti, a mensagem de vida que trazes dentro do peito, composta de PAZ e RESPEITO, componentes indispensáveis do AMOR, que é a única verdade na vida. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Boletim 245

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A arte de concordar.
Depois de muitos anos com problemas auditivos, tinnitus, zoeiras, tonteiras, audição confusa, me dei conta que tenho concordado demais. Fica ruim pedir repetição daquilo que nos dizem, principalmente sentindo aquele olhar de desprezo: “o cara ainda é surdo!”.  Então o melhor é concordar.
         Tirei daí alguns ensinamentos. Tenho sido mais agradável às pessoas. Elas se sentem felizes com minhas concordâncias. Quando o assunto é política então, sinto-me o mais admirado dos cristãos. O outro fica pensando que estou do lado dele. No futebol e religião é a mesma coisa. Em família muito melhor, afinal os filhos e os netos já estão criados, e com eles a comunicação é com o coração.  
         Certa feita, depois de ouvir uma longa confidência de um grande amigo lhe respondi: “Olha, fui teu muro de lamentações, espero que tenha sido proveitoso o teu desabafo. O principal será refletires sobre tuas próprias palavras, pois a solução está dentro de ti mesmo. Eu não saberia agir por ti. E para tua segurança, saiba que guardarei sigilo”. Creio que minhas concordâncias surdas funcionam da mesma forma. As pessoas têm necessidade de expor seus pontos de vista, e ao fazê-lo já trazem suas razões formadas, que serão para elas muito melhores que as minhas. Contrariá-las resultaria em conflito. É pensando nisto que te sugiro não discutir. Se o cara estiver com a razão, dá para concordar, e se estiver errado, pouco ou nada irá adiantar tua discordância. O brabo é ficar surdo e concordando com o cara te ofendendo. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Boletim 244.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Valorizando quando falta.
Nuca valorizei tanto o Sol como nos últimos dias. Imaginem eu e minha filha-nora Majô, que somos movidos à fotossíntese! Então me dei conta que é necessário, por vezes, faltar para valorizar. Dinheiro também quando falta deve ser valorizado! Nada adianta reclamar, que só irá fazer mal a quem reclama. Temos de achar uma saída, e a mais fácil é economizar. Fácil? Quem consegue deixar o supérfluo de lado? Afirmo à vocês, que fui bastante rico,  e hoje aprendi a fazê-lo. Quando falta pescaria, um dos meus prazeres, passo a valorizá-la buscando velhas fotografias e velhos escritos, onde descrevi pescarias passadas, sonhando com as pescarias futuras. 
Só três coisas não podem faltar - Deus, saúde e família. Ajudem-me a encontrar um quarto elemento.
Olhem aí como é lindo:

domingo, 11 de outubro de 2015

Boletim 243.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A chuva e a caatinga.
Depois de receber várias reprimendas das pessoas que amam o nordeste, por eu ter me referido às "caatingas fedorentas", venho jogar mais "lenha na fogueira". Meu primo José Inácio diz que aqui no Brasil é proibido não gostar de alguma coisa, pois confesso meu desgosto com o nordeste. Talvez uma mágoa por não conhecer suas praias maravilhosas, mas eu me refiro ao seu interior, as caatingas.
Leiam com atenção o quadro abaixo, que recebi do meu primo José Inácio Fay Azambuja:
Inicialmente declaro que não quero me separar. Tenho um profundo sentimento de brasilidade. Quando o Gal. Bento Gonçalves da Silva, com todas as razões para se separar não o fez, agora mais do que nunca devemos "ajudar" nosso País. Finalmente quero dizer que "alguém" deverá corrigir nossas desigualdades sociais, lamentando que certamente chegarei no fim do meu tempo, sem assistir esse importante acontecimento.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Boletim 242.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A chuva.
Certamente eu não poderia viver na "caatinga" nordestina, que sempre me soou como um lugar fedorento, além de seco. Então viva o nosso Rio Grande do Sul molhado, mesmo que por certas vezes fique molhado demais. A chuva sempre me encantou. Eu que vivi na várzea de Camaquã, quando não havia os drenos do DNOS, estradas e quem dirá, pontes nos arroios, ficávamos ilhados dois ou três meses na fazenda. Costumava apreciar a chuva batendo nos vidros da janela, correndo no pátio, onde sonhava em construir meus açudes de brinquedo. Até mesmo semeava lavouras imaginárias de arroz, acompanhando o sonho fugaz de meu Papai. Na casa grande a lida continuava a mesma, na preocupação de alimentar tantas bocas, enquanto no galpão a peonada se acotovelava ao redor do fogo de chão, mateando e contando causos de pencas campo à fora, e gineteadas brabas e enfeitadas. Mas, aqui para nós, essa chuva não tem dado tréguas! Não tem respeitado nem mesmo a "estiada do meio dia", além de chover por quase uma semana. Nossa oração para que Deus proteja os pobres ribeirinhos.
Mas lembrem, nascerá um novo dia, o mesmo Sol irá nos acalentar.
(fotografia do meu Irmão Alex Haas).
Observação - Tenho recebido reprimendas por dizer que "caatinga" lembra um lugar fedorento. Quem diz é o dicionário Aurélio - "catinga = bodum (fedor de bode)". Disseram-me que lá tem muito bode, talvez seja por isso. Jamais irei conferir.

domingo, 27 de setembro de 2015

Boletim 241.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Recapitulando.
Alguns abriram um velho boletim, lá de 2010, que estou republicando, pois acho que podemos meditar nele.

Boletim 59, de 17 de novembro de 2010.

HISTÓRIAS QUE, Eu conto para vocês.
Lembram que relatei ter conhecido no arvoredo da Quinta alguns pés de café e algodão. Não assisti suas colheitas pois eles já eram improdutivos, mas como o café chegava nas fazendas em grãos, muito ajudei a torrá-lo nos tachos de cobre, que depois era "pilado", até ficar "moído". A banha era produzida nas fazendas, única gordura com que se cozinhava, além da "graxa dos tutanos", com que se fazia o feijão, o qual nunca poderia ser requentado. O pão, bolachas, broas, e tudo o mais era produzido nas fazendas, como roupas, colchões, travesseiros, cobertores, para não falar na quantidade de gente que ali vivia. 90% da população morava no campo, e 10% nas cidades. Hoje inverteu! Então, as fazendeiras levantavam de madrugada para o duro serviço, e quando deitavam também não descansavam. Um mundo que vivi. Hoje vivo num outro mundo onde não existe mais fazendeira. Lá elas ficam depressivas, com o nada por fazer. Tudo está pronto, e o que não está pronto as máquinas aprontam. Mesmo, não tem mais gente nas fazendas, e se tem, eles que façam as suas comidas.



FECHANDO A PORTEIRA.

A riqueza e a felicidade.

Recebi e-mail de uma amiga, onde Max Gehringer se refere à livros e artigos com receitas para se ficar rico, que contesta, inteligentemente. Relata que se não tivesse comido suas muitas pizzas, bebidos os milhares de cafezinhos, feito suas múltiplas viagens, comprado seus vários supérfluos, teria 500 mil reais em sua conta bancária, concluindo que aquele dinheiro só serviria para fazer tudo o que fez, promovendo a sua felicidade. Não quero contestá-lo, quero adicionar minha vivência. Conheço centenas de amigos, que são imensamente felizes, e sequer conhecem Porto Alegre, nunca comeram pizzas, nem tomaram cafezinhos em balcões, ou compraram supérfluos. Felicidade consiste em amar a si próprio. Traduzo: "si próprio" é Deus.

sábado, 26 de setembro de 2015

Boletim 240.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O que dá trabalho satisfaz. 
Sou jogador de paciência na internet, e lá executo apenas aquelas que me dão trabalho. Aquelas com acertos fáceis são desprezadas. Também jogo sinuca com um amigo, onde normalmente perco, mas como é bom tentar ganhar. Já joguei com outros amigos dos quais ganhava fácil, e eles não me atraíam. Assim como eu, certamente vocês também passaram pelas mesmas emoções. Talvez não seja a sensação da vitória, mas a busca de uma superação pessoal. Nada a ver com aquela galera que grita pela vitória do time, sem qualquer participação pessoal, apenas vibrando com o esforço do outro. Trata-se daquela vibração interior, de um esforço contínuo e mesmo sacrificado, para se apreciar um resultado. Querem ver? Nossos filhos! Quanto trabalho, quanta dedicação e mesmo sacrifícios! Mas quanta alegria nos dão ao se realizarem, produzindo nossos netos e criando novos rumos. Mesmo quando a distância nos separa, ficamos satisfeitos por sabermos que está tudo justo e perfeito. 
Pena que a gente sente falta daquele sacrifício já tão distante. 

domingo, 20 de setembro de 2015

Boletim 239.

ABRINDO A PORTEIRA.
És amado?
É necessário que te sintas amado. Esse sublime sentimento do amor é um "vai e vem". Só serás amado, se amares. Quanto mais amares, mais serás amado. Queres ver? Também, quanto mais odiares, mais serás odiado. É tão simples que nem dá para crer, e se a humanidade pudesse me escutar, o amor tomaria conta do mundo. Existe um outro tempero do amor que é indispensável - a alegria. Os alegres amam mais que os tristes, pois quem é alegre tem a felicidade dentro de si. O amor grassa mais forte nos necessitados, do que nos ricos. Bem, nesta última serei contestado por alguns, mas minha vivência, que é maior entre os pobres do que com os ricos, me ensinou que eles (os pobres conformados, claro) estão mais próximos de Deus e são mais felizes que os ricos. Podes crer! 

GALPÃO.
A castração do potro.
No boletim 237 fiz referência a uma castração de potro, onde minha neta Fernanda se "entreverou no banzé" segurando a cabeça do coitado, e lá na pata o seu namorado Tomaz, se esforçava com a pata traseira. A fotografia está lá. Pois publico abaixo uma outra foto, onde um veterinário faz o mesmo serviço. Trata-se de meu filho campeiro, o Castiano, que nasceu Luis Mário. Ninguém faz força, apenas "seguram o pobre bicho". Nunca esquecendo que a lua não pode ser forte, deve ter passado a cheia, já na minguante. Certo? Reparem como tem pouco sangue na castração da foto.
Temos de viver para aprender.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
As marcações.
Sei que estas histórias não terão fim, e muitos dos que me leem não se atrevem a contar seus conhecimentos. Por tal é que nossa história gaúcha deixa de ser rica. Tudo aquilo que gravamos, principalmente aqui, fica para sempre, mesmo que ninguém me diga o tamanho do sempre. Até mesmo as fotos antigas, que certamente muitos de vocês guardam perdidas nas gavetas, podem ser enviadas ao meu e-mail - lfaz@terra.com.br


FECHANDO A PORTEIRA.
Gaúcho não perde nunca o seu rumo, assim vou troteando por estradas ruins, com previsões ruins para o ano que vem, com um tempo ruim por enquanto, mas sei que logo ali vai despontar uma primavera, um novo tempo irá raiar, um novo governo vai governar, e nossas estradas alguém irá patrolar. É tanto ar, que chega a sufocar...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Boletim 238.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Amor velho.
Alguém dirá que o amor não envelhece. Talvez. Estou me atrevendo em afirmar que ele se transforma. Uma transformação fortalecida. Esse nobre sentimento acompanha as emoções do indivíduo que ama. Assim as boas emoções o fortalece, como as más emoções o enfraquece. Além das emoções devemos avaliar o tempo que perdura o amor. Acho sim que ele envelhece. Meu amor está envelhecendo, e não estou falando do meu amor por minha Jane. Falo do amor em viver, em ofertar minha existência a um Criador de Todas as Coisas. Tenho encontrado luz em meu caminho, como uma estrela a guiar meus passos, e assim sou grato por este amor velho. Deus, saúde e família. Não creio num quarto elemento. Tudo ao meu redor está ficando velho, como minha esposa de 58 anos de felicidade conjugal. Meu bom Voyage 88, que nunca me deixou na estrada, salvo as vezes que eu o deixei lá. Meu Casio batendo as horas por mais de dez anos. Minha faca da bainha, nem sei quanto anos tem. Se isso não tem importância para quem lê, para mim o importante é não querer trocar nada do que tenho. Todos são meus amores velhos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Boletim 237.

ABRINDO A PORTEIRA.
A obra.
Certamente que aqui viemos para concluir alguma obra. Nossa existência deve ter algum significado, pois infeliz daquele que viu a vida passar da janela de sua casa. Cada um deve construir a sua obra. Mas onde? Obras grandes, obras belas e magníficas, para que os outros possam assistir. Uma obra mais majestosa que a outra. Um edifício maior que o outro, ou um carro mais caro que o outro, para que o outro possa admirar o esforço que desprendemos na sua construção. Já construí muito, e muito destruí. Hoje contemplando os seus destroços me dou conta, que a melhor das obra foi construída dentro de mim mesmo. Obra que me custou muito sacrifício, muita resignação e muita meditação. Se me perguntarem, responderei que nada tenho a lamentar, nem mesmo os erros que cometi, pois levarei comigo a única obra capaz de me acompanhar. 

GALPÃO.
A castração do potro.
Pode alguém se orgulhar do crescimento material ou cultural de uma pessoa, eu por minha vez passei a me orgulhar do crescimento moral de minha neta Fernanda. Com um curso superior, e uma empresária bem sucedida, nos fins de semanas partilha com o companheiro momentos como o gravado abaixo, ajudando na castração de um potro. Suas mãos são finas, acostumadas com o computador, montando finos design em ricas vivendas, mas também sabem ajudar a quem ama. Valeu minha Pichirica!
  

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Boletim 236.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
A lambreta 1960.
Aos 26 anos, já casado, com um filho no colo de minha Jane, retornei à Camaquã fazendo minha mudança num ônibus Frederes, e o caminhão do Zé Linguiça. Passamos a morar na residência de meu Papai, onde hoje é a Survel. Tínhamos ali uma chácara de 13 hectares no seu entorno, que se transformou na Vila Dona Thereza, em homenagem à minha Mamãe, falecida em 1948, com a pouca idade de 44 anos. Minha família na época era chamada aqui de família Imperial, por seu destaque financeiro e social, e eu chegava como policial, pilotando uma lambreta 1960, símbolo na época do transviado (não tem nada a ver com os veados...). Tinha parente que dobrava esquina para não encontrar com esse escrevente, pois eles trocavam de carro todos os anos, e agora aparecia ali um Azambuja, com o apelido de "escrivão rico", montado numa lambreta! Imagina!
São os sacrifícios que forjam o caráter do indivíduo. Eu agradeço meu bom Deus, a saúde que me deste, e a toda minha família. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Boletim 235.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Uma lição de vida.
A vida está sempre nos dando lições, mas na verdade poucos prestam atenção. Com a pouca idade de quatorze anos perdi minha Mamãe. Um desastre. Um sofrimento. Mas a vida me ensinou que aquilo não seria um tormento. Passei a morar sozinho na cidade grande de Porto Alegre, onde aprendi a transformar um sofrimento, na construção de meu amanhã. Com medo da cidade grande, adotei os livros como meus únicos amigos. De certa forma eles prejudicaram minha formação escolar, pois tinha exame no dia seguinte, e lia romances em sua véspera. Creio que certos amigos-gente ainda assim nos prejudicam. Dentro desta lição de vida, faço uma afirmação de velho: tudo se deveu a minha boa formação familiar e religiosa. Desde cedo me impregnaram de amor. Amor à Deus e aos meus semelhantes. Não creio em outro caminho, para sermos cidadãos construtores de um futuro promissor. Ao cerrar meus olhos minha última frase será: cumpri minha missão de cristão. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Boletim 234.

ABRINDO A PORTEIRA.
Meus medos.
Os mais graves foram meus medos quando criança. Não sabia manobrar com eles, e por muitas vezes quase chegaram no pavor. Lembro daquele pavoroso medo de morrer. Morrer por nada, sem identificação de uma doença ou acidente, pois o medo maior era de não acordar no outro dia. Pode? Felizmente aquela inexperiência infantil não me deixou sequelas. Depois, quando maduro, enfrentei muitos outros e variados tipos de medos, que foram vencidos pela firmeza encontrado na minha família. Sempre ao enfrentarmos um problema devemos ter um apoio, caso contrário iremos cair. Bueno, agora já velho continuo com meus medos. Na verdade eles não "gritam" mais em meus ouvidos (acho que estou ficando surdo), e vou aprendendo a deixá-los à distância. Vocês jovens não imaginam como é bom ficar velho. Tentem, cuidando de suas saúdes.

GALPÃO.
Uma poesia.
Sei que muitos não se dão bem com as poesias, principalmente aquelas longas, e declamadas com furor, mas quando se tem um amigo como eu tenho, Júlio Macedo Machado, que me brinda com seus versos, a gente tem de tirar o chapéu.

Lembrança do Galo Velho, na Fazenda da Sant`Anna, alma pura e soberana.
Peão campeiro e de coragem, deixou seus gritos na imagem, e na lembrança do Patrão. Galo Velho este galpão, foi feito em tua homenagem.

Este galpão tem história. Eu trago dentro do peito, onde a Paz e o Respeito,
é o lema do bom Patrão. Lareira, fogo de chão, não apaga noite e dia,       com a sua caloria, aquece qualquer peão.

Banqueta feita de couro, um cepo de cerne de aroeira. Água quente na chaleira, pra cevar o chimarrão. Caipira com limão, tem charque pro carreteiro. O Saroba é bom cozinheiro, sabe lidar num fogão. 

Agora vejam a alma do poeta, declamando em 1993 no seu aniversário, junto de um bolo de bosta, com um toco de vela acesa.


HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
Marcações VIII - As marcas.
Lembro muito bem das marcações da Fazenda da Invernada. Era um carro de mão repleto de marcas de fogo! Cada posteiro tinha sua marca, pois vocês devem lembrar que os posteiros tinham direito de criar no campo do patrão. A esposa tinha sua marca, assim como o filho mais velho, que na época era chamado de primogênito, cabendo a ele mais destaque que aos demais. O vizinho, que era irmão, deixava sua marca, caso algum animal seu ali entrasse. Costumavam marcar animais para doações, e assim outras que não recordo. Moral da história - o gado vacum valia muito pouco ou nada, sendo seu couro muito valorizado, pois o plástico ainda não entrara no mercado. Meu Papai mantinha uma montanha de saco de sal grosso, que era mais para a salga da carne, os famosos charques de vento (no nordeste eles chamam charque de Sol), mas parte dele se destinava à salga do couro, que era vendido para as "barracas" quando de sua busca, não só do couro, mas da graxa e lãs.

FECHANDO A PORTEIRA.
Do boletim 39...Repetindo, mas não é falta de assunto!
Sexo.
Deixei para o final porque poucos de vocês chegam até aqui. Sei que vou me quebrar com a maioria, mas fui falar em Sodoma e Gomorra no outro boletim e o assunto ficou bailando. Assim, vou me referir a sexo, que desde milênios é atual e polêmico. Começo com uma sentença: tenho 52 anos de felicidade conjugal (hoje 58 e reafirmo o que está escrito)! Então aceitem meus erros, mas não deletem sem refletir.
Sexo é uma necessidade fisiológica. Nada mais. Além, lógico, da perpetuação da espécie. Não permitam que ele tome conta de vossas vidas. A vida moderna tem alterado nossos hábitos, com a tv e o computador enchendo espaço e mais espaço com sexo. Não entrem nessa. Façam equilíbrio das atividades sexuais, e principalmente não a exterminem, pois tudo que esgotamos – se acaba! Sei que a imaginação é infinita, mas também sei que ela acaba no trato da coisa física. Confesso que durante toda minha feliz vida conjugal só fiz “papai e mamãe” com minha esposa (só espero que ela não leia isto, e nem que vocês contem para ela, pois não gostará de eu ter revelado nossa intimidade). Muitos dirão: “Mas que idiota, não sabe o que perdeu”. Respondo: “Nunca esgotamos nossas imaginações, que só vivenciaram o amor, nas carícias de respeito, usando muito mais o coração do que o próprio corpo".
Na minha filosofia maçônica está escrito, que três são os vícios que destroem a alma humana: Orgulho, Ócio e Volúpia. Pensem nisso...


sábado, 25 de julho de 2015

Boletim 233.

ABRINDO A PORTEIRA.
As chuvaradas.
Aqui parece que as coisas não evoluíram nada. Lembro de sessenta anos passados, quando não tínhamos estradas para chegar na Vila. Verdade que as enchentes não tinham fim, pela falta dos drenos, que hoje existem, mas as estradas continuam não existindo. Fico assustado por não conseguirmos chegar nas granjas. Sessenta anos se passaram! Depois querem que o campo produza mais e mais, para matar a fome de uma população que não pára de crescer. Não lembro de quem disse: Destruam as cidades e deixem os campos intactos, que as cidades se reerguerão. Destruam os campos, que as cidades perecerão. Uma verdade que será eterna. 

GALPÃO.
Penca do N.C.C.C.C. (um escrito esquecido).
                    Dia vinte e três de maio de 2004, nas barrancas do Rio Camaquã, no Passo da Pacheca, aconteceu a Primeira Penca de Cavalos Crioulos Puros, organizada pelo Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Camaquã (N.C.C.C.C.). O palco foi a perfeita cancha reta do local, na boa organização e, na salutar amizade dos crioulistas que registramos: “Lote”, nascido Roberto Crespo; “Dado”, nascido Luiz Eduardo Centeno; “Teteco”, nascido Carlos Antônio Oliveira; “Castiano”, nascido Luis Mário Azambuja;  “Toni Blair”, nascido Rubem Carlos Serafini Machado, “Porquinho”, nascido Juliano Röedel, Elder Longaray; Rodrigo Machado, Marcos Coutinho e Cristiano Martins, com uma plêiade de amigos ao redor.
                   Os animais inscritos: Roseta da Sant´Anna, de Luis Mário Azambuja; Jornada da Nascente, de Luiz Eduardo Centeno; Garoa da Nascente, de Luiz Eduardo Centeno; Onça do Capão Grande, de Rodrigo Machado; Gavião do Itapevi de Daruiza Oliveira e, Chispa da Capororoca, de Marcos Coutinho.
                  Os julgadores foram Lauro Vargas e Ariovaldo Arena. Apareceu um alemão esperto e ágil, coisas raras nesta raça, que foi o desenvolto leiloeiro. O Penqueiro do encontro foi o N.C.C.C.C.
                   Os finalistas foram: Roseta que derrotou o Gavião. Garoa que derrotou a Onça e, Jornada que derrotou a Chispa. Quando na disputa do terno final, saiu vencedora a égua Jornada da Nascente, do alegre Dado, fazendo a festa crioulista. A égua Roseta da Sant`Anna, do Castiano, chegou em segundo lugar, e em terceiro a Garoa do Nascente, também do Dado.
                   Um lindo e poético local. O grande Rio, o barranco alto e a verde mataria, moldurando o agitado dos parelheiros, e o nervoso dos tratadores e jóqueis. Uma pulperia fazia a alegria do lugar, no comando da Dona Cici, que indiferente à idade, se agitava no serviço doméstico, atendendo aos amigos com fidalguia. Até mesmo o “relampiar de um osso”, na improvisada cancha, em mãos de jogadores pouco experientes. Mas, sobretudo um momento de profunda contemplação, quando da necessidade da “casinha”. Na pressa da construção não houve tempo de colocar a porta da frente, virada para o grande rio. Então, naquele trono de igualdade e meditação, se ouvia o cantar dos pássaros, e lá embaixo o correr forte do caudaloso Camaquã, como querendo marcar o tempo. O tempo das carreiradas dos fins de semanas, nas canchas retas das amizades. Ali era momento de se confraternizar, festejar encontros e comemorar aniversários, como o da Majô Chagas Azambuja no dia de hoje, entre seus amigos crioulistas. É necessário viver, e por tal, foi com alegria que se constatou Centenos e Crespos matando a sede com refris. Só um Azambuja manteve o atavismo da raça, saudando os antepassados no líquido alegre da vida, ou da morte se não souberem bebê-lo. 

Um julgador atento à chegada dos parelheiros.
                   
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.

Marcações VII.
Retorno àquele escrito, quando a peonada matava a fome com a carne de uma novilha. Certamente não seria das grandes, e provavelmente uma mamona, pois eles não precisariam de tanta carne assim. Porque uma novilha? Ainda hoje persiste a crença de que a carne da fêmea é melhor que a do macho, mas aqueles que conhecem a lida campeira, sabem que macho é desfrute certo, e dinheiro no bolso. Fêmea é descarte. Isto num outro tempo. Não esqueçam que sempre estou falando de outro tempo. Hoje a fêmea toma respeito. Parece que isso começou com as mulheres. Na verdade a raça está se "apurando", e assim tudo passa a ter valor. Então minha gente, quando quiserem fazer um churrasco na estância, por vezes é melhor comprar no açougue, do que fazer uma carneada em casa, com tanto estrago. Estrago dos mocotós, cabeça, couro, e toda a "miudama". Para não falar naquela trabalheira danada, e ter de presentear os "operadores". Estamos vivendo outro tempo, mas afirmo, muito melhor. Evoluímos.


FECHANDO A PORTEIRA.
Muita escrita para pouco tempo de leitura. Vou melhorar.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Boletim 232.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
O dia do Amigo.
Homenageando uma Amiga, no seu dia, tive a oportunidade de me manifestar na reunião do meu clube de Rotary, quando dei um testemunho de vida. "Há 58 anos passados, eu e minha Jane batemos o olho um no outro, e foi aquela 'paixão'. Passado alguns anos transformamos aquele sentimento em puro 'amor', que constituiu nossa família, alicerçada no respeito e dignidade, que embalou nossos filhos e netos. Hoje, tanto tempo passado, podemos dizer que aqueles dois sentimentos deram lugar a um terceiro, que é a pedra angular de Rotary e de família - a 'amizade'. Assim, aqui presto minha homenagem à minha esposa Jane, amiga para sempre. Infelizmente não sei dizer quando é sempre!"  



1957 - Recebendo a bênção. Obrigado Senhor. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Boletim 231.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Sucessão.
Não conseguimos nos desprender das coisas terrenas. Elas têm seu encantamento, e nos proporcionam imensos prazeres, e por tal queremos ser donos das mesmas. Entretanto, nada nos pertence. O que devemos é desfrutá-las, sem o apego. Difícil. Muito difícil. Quando entendemos que o tempo ficou gasto, passamos a olhar o outro lado da vida, pois ela não tem fim. Assim olhei para minha neta Fernanda, hoje assumindo meu Galpão do Galo Velho, transmitindo a ele seu carinho, na busca da Paz e Respeito. Olhem:
Apparício da Silva Rillo nos brindou com o verso "Sucessão", que creio estar re-publicando, mas nele devemos meditar:

"Ser não é ter sido, ou perceber-se na estampa dos retratos dos avós. É estar além dos vidros das molduras, numa projeção muito além do próprio ser. Guardo armas no íntimo armorial, brasão de sangue do meu velho clã. Minhas batalhas são as véspera de hoje, na projeção imprevisível do amanhã. Ter sido também não é ser, ou apegar-se ao veio e as raízes dos avós. É ser a rama que brotaram deles, para dar sombra aos que virão de nós." 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Boletim 230.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.

A esperança.
O campo, o verde, e a esperança que é infinita. Depois de escrever a frase, fiquei matutando. Esperança é um sentimento de fé, na certeza íntima de que o desejo será alcançado. Ela faz parte das três virtudes teologais. Começa por "espera", e só quem sabe esperar, alcança. Assim somos nós cristãos, que cremos numa vida eterna, e somente aquele que se aproxima do seu fim, aprende a esperar. Não há mais pressa, o tempo é curto, e ficamos esperando por um outro tempo, pleno de vida serena. Ninguém quer deixar esta vida - claro, quem é jovem não deseja sair daqui, certamente por medo da outra vida estranha, mas quem é velho perde o medo, sabendo que soube cumprir com seu "dever de casa", e não terá receio algum de prestar contas do que fez nesta vida terrena. Deixemos o tempo passar, ele não nos mata, nos o levaremos conosco.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Boletim 229.

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Eu não quero chorar!
Carregamos nossos subconscientes com esta negativa, sem nos darmos conta que é bom chorar. Acredito que muitas pessoas represam seus sentimentos, lógico que os sentimentos bons, sem perceberem a necessidade deles derramar. Antigamente isso era machismo, mas hoje são as mulheres que tomam conta. O mundo está impregnado de iras, violências, atentados, estupros, roubos, numa verdadeira inversão de bons sentimentos, fazendo com que contenhamos nossas lágrimas, até mesmo ao assistir o namoro de duas borboletas. Precisamos chorar, não pelo sentimento do medo, mesmo para quem se aproxima do seu fim. Precisamos chorar pelo conteúdo maior, de termos adquirido a grande riqueza do amor. Quem chora ama! Quem chora não é egoísta! Quem chora tem Deus no coração!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Boletim 228

ABRINDO A PORTEIRA.
 
O perdão.
Certamente já abordei o tema, mas como ele é uma das virtudes humanas, por tal é essência de vida. Já escrevi em algum lugar que não existe virtude fácil, todas elas são de difícil execução, e certamente o perdão é uma das mais difíceis. Minha religião católica tem me dado ótimos ensinamentos  sobre o perdão, como por exemplo, aquele de ofertar o outro lado da face, o que ainda não aprendi. O perdão faz bem para quem perdoa, pois o perdoado nada recebe em troca, principalmente se não dissermos a ele que o perdoamos. Como é bom quando a gente esquece uma ofensa recebida. O revide, razão de tanta guerra mundo à fora, é provocado em razão do não perdão. O revide, por maior que tenha sido a surra no outro, só irá fazer mal para aquele que revidou, pois um dia teremos de prestar contas de nossos atos.
 
GALPÃO.
O cachorro.
Não creio em uma fazenda sem cachorro hoje em dia. Além de ser o melhor amigo, ele é o melhor dos guardas, principalmente durante a noite, pois parece que não dormem nunca. Antes de ser apelidado de Galpão do Galo Velho, ele se chamava Galpão dos Bichos, pois meu Papai criava muita ovelha, e muito guacho foi ali criado, além dos muitos cachorros, gatos, no equilíbrio dos ratos, corujões de orelhas, cavalos encocheirados, vacas de leite, e outros bichos, pois o galpão não tinha porta. Agora olhem a pose gauchesca do namorado de minha neta, namorando o galpão:
  
 
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 Marcações VI.
O rodeio está cerrado, e é ainda muito cedo da manhã. Convido vocês para continuarmos a navegar. Qual a primeira preocupação? Ela é a mais velha de todas as preocupações: o que vamos comer? Era muita gente, já falei em coisa de trinta viventes. Qual o pão daquelas pessoas? Carne. Então do rodeio saía uma novilha, para ser laçada, carneada, espetada, enquanto outros faziam fogo forte numa capoeira de mato ali por perto. Faca minha gente era o computador de hoje, e como eles manobravam a danada! Até os espetos elas fabricavam. Sem faca morreriam de fome, como os jovens hoje morreriam de tédio sem o computador. Ainda navegando, tenho absoluta certeza, que aquele serviço pesado era prazeroso, principalmente porque eles não tinham qualquer outro problema, o que hoje chega a tirar nossa alegria de simplesmente viver. Enquanto a maioria seguia no serviço da marcação, outros preparavam o almoço, que era somente carne, e gorda, sem outro acompanhamento, do que um trago de canha, que essa sim, dava para carregar nos arreios.  

 
 
FECHANDO A PORTEIRA.
 
Nossos lares.
Creio que já escrevi lá atrás não encontrar definição para ele. Parece por vezes que é tudo, nada mais importando, mesmo que sejamos apenas dois velhos, num lar sadio, cheio de esperanças. Foi assim que retornamos à ele, depois de mais uma hospitalização.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Boletim 227

ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
 
Os balaqueiros.
Conheci vários ao longo da minha longa jornada. Todos eles repletos de orgulho, e os orgulhosos não têm alma. Se alguém me perguntar o que é alma, vou dizer que é aquilo que existe depois do fim. Assim é que tenho me expressado no decorrer destes boletins, insistindo que o fim não existe. Mas vou voltar aos balaqueiros. Interessante que o meu dicionário está grifando a palavra, e fui buscar em outros dois e não a encontrei. Será o balaca um termo regional? Bem, mas os balaqueiros, queriam ou não os dicionaristas, são todos perfeitos, não erram nunca, são os mais lindos, são verdadeiros ídolos (para eles, lógico), e entendem que só eles é que existem, por tal é que não têm alma. Alma não nos pertence, pertence à Deus.
Essa reflexão me ocorreu, porque lembrei de um grande amigo, que foi o rei dos balaqueiros, e certamente anda por aí no etéreo, procurando por ele mesmo. Tomar que tenha se encontrado, pois era uma boa pessoa, apenas, balaqueiro. 

domingo, 14 de junho de 2015

Boletim 226.

ABRINDO A PORTEIRA.

 Café Aquários - Pelotas.
Deveria ser chamado "O coração de Pelotas". A foto foi tirada a esmo, sem outra pretensão, além de guardar o momento, onde tomei do seu excelente café, que me fez lembrar daqueles de minha Mamãe, passado no saco de café. Nada de modernismo, eles mantém a tradição. Depois foi ouvir a conversa de três velhos pelotenses falando de tempos passados, contando das carruagens, e riquezas da época, pois Pelotas foi sem sombra de dúvidas, a cidade mais rica do nosso Rio Grande do Sul. Seus filhos estudavam em Paris, e ao retornarem trajavam diferente, com elegância requintada e primorosa educação. Não podia dar outra, seus conterrâneos invejosos lhes deram o pior dos apelidos. Prestem atenção na foto tirada a esmo, e notem que ainda hoje eles portam certa elegância. Adoro Pelotas, hoje morada de meus netos, que ali aprimoram seus estudos.
 
GALPÃO.
 
Posto da Fazenda da Quinta, num ano que perdi, mas foi na década de 70. Sentado o meu saudoso e querido tio Adolfo Azambuja, irmão do meu Papai. Ele havia me pedido a foto, para guardar a lembrança dos dois velhos que lhe rodeiam, o da sua esquerda meu Galo Velho, de onde recortei a foto que enfeita meu blog. Pois os dois velhos guardaram a sua lembrança, vindo ele a falecer pouco tempo depois.  
  
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 
Marcações V.
Se navegar é preciso vou dar uma navegada. Vamos usar a imaginação, onde projeto 20 ou 30 peões naqueles momentos de marcação na Fazenda da Quinta. Digo isso por conhecer as instalações que ainda hoje existem, em ruínas é verdade, as quais abrigavam os campeiros. Vários quartos, salão de fogo de chão e de chão batido, muito grande, onde facilmente poderiam dormir nos pelegos. Além deles tinha os da Casa Grande, patrão, capataz (que era o filho mais velho) e outros filhos e amigos, pois todos encilhavam e dividiam parelho o trabalho com a peonada. Estou navegando nos primórdios do século XX, quando o arroz ainda não havia amanhecido. Tudo era pecuária. Uma pecuária insipiente onde os urubus viviam em bandos, tamanho eram os seus banquetes nas várias carniças. A cavalhada era a grande riqueza, naquele tempo de revoluções e guerras entre irmãos. A Fazenda da Quinta tinha tanto cavalo, que foi necessário matar grande parte à tiros (fato já relatado em boletins anteriores), quando após 1932, última revolução à cavalo, os bovinos passaram a ter valor, com os campos sendo drenados para a lavoura de arroz, transformando os banhados em verdadeiras pradarias.
Já vou soltando das redes, com a promessa de voltar ao tema. 
 
FECHANDO A PORTEIRA.
Já falei que meu cavalo anda solto das patas, e pouco atende das rédeas.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Boletim 225.

ABRINDO A PORTEIRA.
Lembranças.
Temos lembranças boas e ruins. Outro dia fui assaltado por uma lembrança boa, muito boa. Claro, todos nós temos isso de quando em quando. Fiquei matutando nas outras muitas e muitas lembranças boas que esqueci. Esqueci. Cheguei a esquecer daquelas de minha Mamãe, que perdi aos quatorze anos de idade. Sabem de uma coisa, creio que é bom a gente esquecer das lembranças boas, elas doem. Conheço gente que se alimenta de lembranças. Imaginem remoer todos os dias as lembranças ruins.
Esqueçam! Vivam o presente!

GALPÃO.
O pealo.
Nunca pealei, Certamente por ter sido pealado há 58 anos, por uma linda prenda que não me sai dos costados. O pealo é uma arte muito difícil, primeiro porque tem de ser executado bem próximo do animal que passa correndo na sua frente. Depois jogar o laço com tal habilidade, que deve prender suas duas mãos, quando então com um tirão, ele é jogado ao solo. Abaixo fica a foto de um pealo feito pelo Maneca Terra, lá num rodeio da Sant`Anna, no ano de 1984. Maneca está atrás do boi charolês, e pode-se notar a armada do laço na frente de suas duas mãos.
 
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 As marcações IV.
Agora estamos com o rodeio cerrado. Não consigo projetar o número de animais, assim como o número de campeiros para mantê-lo fechado, mas eram muitos. É necessário entender que estes rodeios necessariamente não eram só para as marcações, pois também se destinavam ao aparte dos animais gordos para descarte às charqueadas. Aqui em Camaquã na foz do Rio Camaquã tínhamos uma grande charqueada, de Hildebrando José Centeno, com mais de 500 empregados. Mas vamos ao rodeio. O patrão, juntamente com o capataz entrava no meio do gado para suas apreciações, e com dois outros empregados experientes, determinava a ordem dos animais que iriam "sair" para serem marcados, ou apartados. No aparte eles formavam um outro pequeno rodeio, pois iriam para a mangueira da fazenda. No caso da marcação, não havia pealo, eram laçados pelas guampas ou pescoço, e depois outro peão colocava laço na pata, ficando imobilizado. Quando o laço pegava só uma pata, ele ficava em pé, sendo necessário um peão dar um forte puxão no rabo para ser derrubado, permitindo assim o serviço.
Obs. - Esta história me foi contado pelo meu Papai, que morreu há quase quarenta anos, então pode perfeitamente haver alguma falha de memória.  
FECHANDO A PORTEIRA.
Não consigo. Ando linguarudo. Desculpem.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Boletim 224.

ABRINDO A PORTEIRA.
 
Amor e Admiração.
Outro dia um amigo, um grande amigo, me disse que não existe amor sem a admiração. Fiquei matutando. Não posso afirmar, mas acho que temos um arquivo, desses dos computadores, em alguma parte de nossos cérebros, que guarda o amor, ou o ódio, que recebemos na vida. Então quanto mais recebemos, mais temos para dar. Assim posso amar um paraplégico e meu estranho, como posso odiar um parente ou amigo.
A técnica desta área não me pertence. Estou falando apenas com o coração.  
 
GALPÃO.
 
Madrugada.

 (foto da Internet)
 
Escrevi a história abaixo em primeiro lugar, e fiquei com a madrugada na cabeça, lembrando de uns belos versos do Apparício Silva Rillo:
 
No poncho morno das cinzas, dorme o fogo de galpão, e ao escasso calor de seus carvões, a cuscada se entrevera com os peões, partilhando uma sobra de pelego.
- Vai pro diabo excomungado!
Enquanto o gaipeca se amoita pra outro lado, fazendo volta e meia, um peão vai bombear se já clareia a barra vermelha da saia do céu.
- Tá na hora pessoal!
Lava a cara na gamela de água fria, enxuga as mãos ao comprido da melena, enche o porongo, atiça o fogo e grita pra um índio mais dorminhoco:
- Levanta cara de loco!
Enquanto a cambona chia, coberta de picumã, emponchada no brilho da alvorada, boleia a perna a Dona Madrugada, pra abrir a cancela da manhã.

 
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 
As marcações III
 
Vou retornando as histórias do meu Papai, para ver se as termino.
 
Dia de marcação era verdadeiramente um dia comprido, tanto que ele começava as quatro horas da madrugada, quando a carne já estava assada no fogo de chão, e acompanhada de um café de chaleira. O pão daquela gente era a carne. A cavalhada dormia toda na mangueira redonda, que hoje chamam de redondel, com a diferença que aquela era muito grande, e essa eu conheci, era de pau à pique. A cavalhada ao grito de "forma, forma" se posicionava com a cabeça virada para o centro, e a anca colada na mangueira. Uma técnica, que permitia os muitos campeiros, reconhecerem as suas montarias pela cabeça, já que a noite era um breu. Aliás, cabeça é uma coisa que não tem duas iguais, só a dos gêmeos, e eu não conheço cavalo gêmeo. Encilhados era hora de bolear a perna, e sair campo à fora para a recolhida do gado. É necessário focar as grandes distâncias. Uns tinham de sair na frente, para buscar o gado mais distante, enquanto outros buscavam os mais próximos. Aí surgiu o apelido do meu Galo Velho, que sempre recolhia os mais distantes, e os mais próximos diziam: Vamos começar, pois o Galo Velho gritou. Era uma técnica (aquela gente antiga também tinha técnica, viu Dr. Magrinho!), para que no rodeio chegassem todos mais ou menos juntos.  Meu Papai dizia que o Cristino tinha um grito especial, que nunca fora imitado por outra pessoa.
 
Soltei das rédeas. Vou terminar outra hora...  
 
FECHANDO A PORTEIRA.
 
Eu sei. Sou um conversador, e metido a escrevinhador. 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Boletim 223.

ABRINDO A PORTEIRA.
 Cachorrada.
Não sei porque o dito popular, "fizeste uma cachorrada". Cachorro é sabido o melhor amigo do homem, então não pode fazer cachorrada. Agora minha vivência.
Moro em um edifício cercado de boas casas, na sua maioria de fazendeiros. Nada mais natural que eles tragam para a cidade os seus  cães, como guarda de suas moradas. São tantos, e de diferentes tons de latidos, que passei a prestar atenção nos seus significados. Um late chorando, certamente de saudade de sua mãe e irmãos. Outro late desesperado, de saudade de sua liberdade, e assim vou identificando seus "linguajares". Agora chegou um novo cão vizinho, num pátio dois por três, que late brabo, num linguajar forte, rouco, contínuo. Custei um pouco, mas terminei identificando, ele late raivoso com seu dono amigo - "que cachorrada fizeste comigo".
 
GALPÃO.
Meu chão sagrado.
Vocês não reparem, mas sinto muita saudade do meu galpão. Hoje mesmo estive lá, e nem consegui chegar nele, de tanta correria. Este mundo anda cão (olha aí outra injustiça com os coitados). Então, colo uma foto abaixo, com meus dois filhos amigos, numa churrascada, com égua encocheirada, chaleira preta, bota secando ao fogo, uma chairada, e a paleta de um cão, num momento de 30 anos passados. Como é lindo assistir a vida passar...
 
 
 
 
 
HISTÓRIAS QUE ME CONTARAM.
 
Reproduzo o que recebi de um grande amigo.
 
A Estranha.
Quando nasci meu pai conheceu uma estranha, recém chegada em nossa pequena cidade, ficando fascinado por ela, tanto, que a convidou para viver conosco, e até hoje vive lá em casa.

Meus pais eram professores e me ensinaram a obedecer, mas a estranha era nossa narradora. Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias, sabendo tudo de política, história ou ciência.

 Conhecia o passado, o presente e até predizia o futuro!
 Levou minha família ao primeiro jogo de futebol. Fazia-me rir, e me fazia chorar. A estranha nunca parava de falar. Meu pai não se importava. Minha mãe se levantava cedo e calada, crendo mesmo que ela tenha rezado, para que a estranha fosse embora. Fomos criados com certas convicções morais, mas a estranha não as obedecia, fazendo meus pais se ruborizarem.

Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool, mas a estranha nos ensinou a tenta-lo, assim como nos mostrou o inofensivo do cigarro. Falava livremente sobre sexo, com comentários vergonhosos.

Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência, pela estranha.

 Passaram-se mais de cinquenta anos desde que a estranha veio para nossa família. Desde então mudou muito, e já não é tão fascinante como era no princípio.
 
Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais, ainda a encontraria sentada em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia...
Seu nome?
 Bom... nós a chamamos
TELEVISÃO. Agora ela tem um esposo que se chama Computador, e um filho que se chama Celular..

 
FECHANDO A PORTEIRA.
Prometo e juro que no próximo não escrevo tanto.


Galo Velho

Camaquã, Rio Grande do Sul, Brazil
Fundado em 05/07/1980, assim foi escrito em sua 1ª página do 1º Livro: “O que importa neste GALPÃO é que cada um saiba ser irmão do outro. Aqui terminou o patrão e o empregado; o pobre e o rico, o branco e o preto; o burro e o inteligente; o culto e o ignorante. Aqui é a INVERNADA DA AMIZADE e tem calor humano como tem calor de fogo. Nosso Galpão nem porta têm, está sempre aberto para quem buscar um abrigo. Neste Galpão os corpos cansados da lida diária encontrarão sempre um banco para descansar, e um mate amargo para a sede matar. Aqui o frio do Minuano não encontra morada, temos toda a Sant’Anna irmanada. A cada nascer de uma madrugada há de encontrar alguém aquentando fogo, buscando nas cinzas do passado, o Galo Velho que será, quando partir para a Invernada do Esquecimento. Ninguém será esquecido, se passar nesta vida vivendo como o nosso “Galo Velho” viveu, a todos querendo, sem nunca ter o mal no coração.”