ABRINDO E FECHANDO A PORTEIRA.
Procurando um estribo.
O cavalo já está encilhado, e nem apertei a cincha no peito, já que a jornada vai ser ao tranco, apreciando o calmo da noite, buscando pela boieira que guiará meu rumo. Vou procurando por um estribo para a última recorrida, que nem sei bem qual o caminho, pois o Sol se esconde, e a bruma escura vai tapando o meu horizonte distante. Sei que um luar surgirá, e as estrelas brilharão descortinando a estrada comprida e desconhecida. De rumo feito vou reboleando o rebenque, pelo dever de casa cumprido, sabendo que nada mais resta fazer, por estar tudo justo e perfeito.
Recolutando o tempo me dou
conta que parei um belo rodeio. Não por grande ou bonito, mas por bem
trabalhado. Escolhi uma boa coxilha na minha existência, e nela não dei
descanso pro pingo, sem esconder minhas rodadas e os bons tiros de laço.
Quebrei muita geada fria, e não escondi a cara dos minuanos brabos. Por solto nos
bastos consegui estender pelegos para muitos índios xucros e necessitados. Bebi café
de cambona, e sorvi a fumaça pura dos cernes das plantas, que beberam a seiva
do chão que alimentaram meus ancestrais. Ergui tetos de abrigos, e levei curativos de amor
aos ranchos dos sofridos. Engraxei a cara com costela gorda, e derramei o
líquido alegre da vida, ou da morte se não souber ser bebido. Dancei “arroz com
feijão” ajudando a levantar poeira na felicidade dos entreveros de paz, e
também acompanhei jornadas ao último palanque do pingo, fincado 7 palmos do
chão, dividindo lágrimas da peonada.
Assim me “prancho” no estendido do chão, olhando as estrelas vivas, buscando novos espaços no etéreo divino, no esparramar de amor e respeito à quem amei e fui amado.
Assim me “prancho” no estendido do chão, olhando as estrelas vivas, buscando novos espaços no etéreo divino, no esparramar de amor e respeito à quem amei e fui amado.